Mãe faz “barraco” em voo por causa de birra infantil e expõe educação permissiva
Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Mãe faz “barraco” em voo por causa de birra infantil e expõe educação permissiva

A palavra “empatia” virou moda e, como tudo que é utilizado indiscriminadamente, tem se tornado banalizada. “Empatia” tem perdido seu sentido e, muitas vezes, tem sido utilizada de forma distorcida, apenas, com o intuito de fazer chantagem emocional com base em um comportamento vitimista por má-fé. Um exemplo aconteceu durante a semana em um voo, no país, em que uma cena com vídeo gravado viralizou nas redes sociais.

Uma mãe, indignada por uma passageira do voo não ter cedido seu lugar na janela a seu filho que chorava, gravou a situação com seu aparelho celular e expôs a cena no Tik Tok. O título do vídeo diz: ”E minha mãe que encontrou uma pessoa sem empatia com criança”. Durante o vídeo, a mãe faz um escarcéu dentro do avião, expondo a imagem da moça que não quis ceder seu assento ao filho dela, bradando sua indignação por supostamente não encontrar empatia com seu filho que queria viajar na poltrona da janela. “Essa moça tem algum problema pra não querer ceder seu lugar”? – bradou, enquanto expunha a imagem da passageira calada em sua poltrona. E foi além: ”Isso é repugnante não ter empatia com uma criança em pleno século XXI. Se fosse com um adulto, tudo bem”… A mãe, que não aparece no vídeo, ainda faz questão de afirmar que estava fotografando a “cara” da moça, insinuando que iria, mesmo, expô-la nas redes sociais.

 

“Cancelamento“

Ocorre que, apesar do vitimismo forçado, a opinião pública não ficou do lado da mãe que desejava, tudo indica, o “cancelamento” virtual da passageira. Entretanto, a “cancelada” foi ela. A autora do vídeo foi bastante criticada no Tik Tok, levando-a a restringir seu perfil. Não suportou as críticas e o linchamento virtual. Porém, o vídeo já havia viralizado em outras redes sociais, repercutindo, até, na imprensa. Comentários indignados com o comportamento da mãe foram praticamente unânimes, em todas as redes sociais. Afinal, a passageira que recusou ceder seu assento encontrava-se no pleno exercício de seu direito de não ceder seu lugar. Talvez, tenha até pago um valor a mais para poder sentar próxima à janela.

 

Distorção da palavra “empatia”

Essa situação absolutamente ridícula dentro de um voo da aviação comercial escancara a quantas anda a distorção da palavra “empatia”. Ora, não tem nada a ver com falta de empatia a recusa da passageira. A mãe poderia simplesmente ter pedido com educação, gentileza, para a moça trocar de lugar e, diante da recusa, aceitar e entender que não se trata de uma obrigação ceder a poltrona. Quem fizer questão de sentar próximo a janela deve pagar um valor a mais. Caberia a esta mãe, ciente das manhas e birras de seu filho, buscar garantir um assento próximo à janela durante a compra da passagem. O que não dá é para armar um “barraco” dentro de um voo por que uma desconhecida recusou-se a ceder à birra de seu filho. Segundo a mãe, o menino só se acalmaria se ficasse sentado próximo à janela.

 

Processo por danos morais

No vídeo, não foi informado se tratou-se de uma criança neuroatípica, com transtornos como, TDAH ou TEA (Transtorno do Espectro Autista). Mas se este era o caso, a mãe deveria ter conversado com a companhia aérea sobre esta condição a fim de garantir ao filho um assento próximo à janela. Ao invés de expor uma passageira desconhecida a todo este constrangimento. Aliás, cabe processo judicial por danos morais contra a mãe por exposição da imagem da passageira de forma pejorativa, intimidante, sem autorização.

 

Educação com limites

É muito lamentável que, em pleno século XXI, haja mães e pais que estão deixando de educar seus filhos com imposição de limites, evitando frustrar as crianças e dizer “não“. Pois, este é, apenas, mais um exemplo da conduta de tantos pais na atualidade. A norma tem sido fazer todas as vontades dos filhos, atendendo a birras e manhas, com o intuito de evitar qualquer frustração aos seus rebentos. Infelizmente, esta mãe não se deu conta de que “repugnante” é o comportamento dela ao buscar satisfazer as vontades de seu filho ao custo de causar todo esse constrangimento a uma passageira.

 

Problemas emocionais

Quem teria problema emocional? A passageira, o filho ou a mãe? Tudo indica que o maior problema emocional está na mãe “barraqueira“ que se comporta como se o mundo girasse em torno dela e de seu filho. Provavelmente, a criança está fadada a ficar com problemas emocionais, também, se a conduta da mãe continuar assim, mimando-o como se fosse um “reizinho” que não pode ouvir um “não”.

 

Mimos e permissividade

O resultado de tantos mimos e permissividade às gerações de crianças e adolescentes da atualidade é o aumento da procura por consultórios de psicólogos e psiquiatras. Depressão, ansiedade e suicídio têm crescido entre os menores de idade. O quanto o excesso de mimos, o despreparo para as frustrações naturais da vida, tem a ver com estes transtornos? Se a criança ou o adolescente sempre tem suas necessidades atendidas pelos pais, por mais descabidas que sejam, como vai aprender a suportar os “nãos” do mundo fora de casa? A começar pela escola, que tem penado para tentar impor algum limite ao mau comportamento dos alunos…

 

Pais “passam pano”

Como costuma dizer o psicólogo e educador Léo Fraiman: ”As famílias estão apostando na ideia de que cabe ao pai e a mãe fazer o filho feliz, a qualquer custo e o tempo todo”. Fraiman é um grande crítico da permissividade na educação atual. Mestre em Psicologia Educacional e Desenvolvimento Humano pela USP, faz sucesso nas redes sociais por defender a volta da educação com ensino de limites, valores, deveres e responsabilidades. O que não significa o autoritarismo do passado e rigidez excessiva. Fraiman tem dito que tem sido cada vez maior o número de pais “passando pano” para atitudes descabidas e absurdas de seus filhos, crianças ou adolescentes. ”Amanhã, é tapa na cara recebido dos filhos. É filho atropelando e matando no trânsito, estuprando uma menina, usando drogas e até vendendo, cometendo crimes e infrações . É muito sério isso“, alerta.

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