A última pesquisa divulgada no dia 27, segunda-feira, sobre a popularidade do governo Lula acendeu o alerta no Palácio do Planalto, embora o presidente da República negue preocupação. O levantamento da Genial/Quaest aponta queda significativa na popularidade e, pela primeira vez, o percentual dos que desaprovam o governo é maior do que os que o aprovam. De dezembro a janeiro, a popularidade do governo caiu cinco pontos percentuais, de 52% para 47%, entre os que o aprovam. Já quanto a desaprovação do governo, houve um crescimento de dois pontos, de 47% para 49%.
Relações com a imprensa
O presidente Lula, em coletiva de imprensa no dia 30, quinta-feira, minimizou os dados afirmando que “o dia em que eu estiver preocupado com pesquisa eu chamo a imprensa para revelar“. Mas, certamente, não foi coincidência que falou por cerca de 1h20 na manhã da quinta como parte da nova estratégia de Comunicação do novo ministro da Secretaria de Comunicação Social, o marqueteiro Sidônio Palmeira. Num formato mais solto e informal, o presidente concedeu uma coletiva de imprensa onde bateu papo, contou piadas e dedicou mais tempo a responder perguntas variadas dos jornalistas. Reforçar a comunicação positiva com a imprensa, ao que tudo indica, faz parte da estratégia. Contudo, falta ao governo dedicar atenção ao que realmente faz a diferença na aprovação popular de seu governo.
Nordestinos desiludidos
O controle da inflação, sobretudo dos alimentos e dos combustíveis, deve ser o foco. Este deve ser o principal motivo de sua popularidade ter caído de forma mais expressiva, em especial, no Nordeste. Segundo o levantamento, a aprovação caiu dez pontos no Nordeste, indo de 69% para 59%. A reprovação entre os nordestinos cresceu: de 32% para 37%. A região Sul também apresentou números negativos ao governo. A reprovação saltou de 52% para 59% e a aprovação caiu de 46% para 39%. As demais regiões apresentaram percentuais relativamente estáveis.
Pobres mais insatisfeitos
No geral, em todo país, outro dado acende o sinal vermelho: a piora na aprovação entre as classes baixa (até dois salários mínimos) e média (até cinco salários mínimos). De 63% caiu para 56%. Os que reprovam passaram de 34% para 39%.
“Sem bala de prata”
O próprio ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que não há “bala de prata” para reverter a queda de popularidade, rapidamente. Enquanto isso, o governo Lula, com ajuda de parte da grande imprensa, tenta desviar o foco dos problemas do país fazendo média em torno dos imigrantes deportados dos Estados Unidos no governo Trump.
“Média“ com deportados
A imprensa não pára de falar no assunto como se fosse uma “crueldade” do governo Trump. Sem mencionar que a deportação em massa sempre foi uma política de Estado nos EUA, independentemente de se tratar de um presidente democrata ou republicano. O então presidente Obama pode ser visto confirmando este fato em vídeo antigo, a época de seu governo, e que tem circulado nas redes sociais. Inclusive, Obama cita o uso de algemas aos deportados, explicando que se constitui uma medida ”de praxe” na Justiça americana diante destes casos de deportação. Mas, aqui, a imprensa tupiniquim faz um estardalhaço, como se fosse uma “perversidade” exclusiva do governo Trump. O governo Lula aproveitou a deixa para falar em defesa dos Direitos Humanos dos deportados, buscando fazer proselitismo em torno de um assunto estéril. Durante o governo Biden, houve diversos voos de deportados brasileiros e nunca se viu a imprensa ou o governo Lula fazendo qualquer menção de indignação. Enfim, hipocrisia pouca é bobagem.
Juros a 13,25%
Melhor seria o governo concentrar-se em cortar gastos e promover um ajuste fiscal mais contundente. Afinal, mais uma reunião do Copom, do Banco Central, confirmou o que já era esperado. Nova alta de 1% na taxa básica de juros, a Selic, que alcançou o assustador patamar de 13,25%. E isso sob a gestão do indicado de Lula, o Gabriel Galipolo. Não há mais o Campos Neto como bode expiatório. Porém, o presidente disse que a nova alta é uma decisão remanescente da gestão de Campos Neto, que já havia sinalizado no final do ano passado que teríamos mais duas altas de 1% até março de 2025. Todavia, dos nove membros do Copom, sete são indicados do presidente petista. E todos votaram a favor da nova alta de um ponto percentual. Algo está errado nessa justificativa de que ainda é uma decisão oriunda da gestão anterior.
“Passando pano”
O petista sabe que não é esse o problema. Sabe que juros não podem ser baixados de modo artificial, na canetada. E sabe que as sucessivas altas são decorrentes das reações do mercado quanto ao ajuste fiscal pouco levado a sério pelo governo, bem como o descontrole da inflação, que, em 2024, ultrapassou a meta anual. Enquanto continuar “passando pano” pra si mesmo, deixando de fazer o que é necessário, a popularidade do governo tenderá a continuar caindo.
Bolsa Família insuficiente
Nem o nordestino pobre não tem dado mais para enrolar. A dificuldade crescente de colocar comida na mesa tem trazido a percepção inequívoca ao nordestino e às classes sociais mais baixas, no país inteiro, que a vida não tem melhorado no governo Lula 3. Nem com o Bolsa Família e todos os programas sociais. Simplesmente, isso.