Dentre as muitas ações e projetos do prefeito eleito, para a gestão que se iniciará em 1º de janeiro de 2017, estão o enxugamento da máquina pública e o foco nas políticas sociais.
Para conhecer um pouco mais da trajetória e projetos do futuro Chefe do Executivo de Quatro Barras, para a gestão 2017/2020, o jornal A Gazeta Região Metropolitana entrevistou o prefeito eleito, Angelo Andreatta (PMDB), mais conhecido como “Lara”. Eleito com 6.082 votos (50.61% dos votos válidos), Andreatta está no terceiro mandato como vereador.
A Gazeta Metropolitana: O senhor foi vereador por três mandatos, e neste último ano, em especial, fez oposição ferrenha à Administração do atual prefeito, Loreno Tolardo. Quando assumir a Prefeitura, em 2017, o senhor terá a oportunidade de realizar as ações e obras que tanto reivindica. Como o senhor encara essa mudança de posição, de “pedra” para “vidraça” da Gestão Municipal?
Lara: Estou bem seguro e preparado para minhas responsabilidades. Durante os três mandatos de vereador, consegui aprender muito e ver as oportunidades e dificuldades de cada prefeito. E, mesmo na oposição, mantive uma coerência sobre aquilo que eu analisava e votava. Nesses quase doze anos, pude debater projetos importantes, como de saneamento, um plano de recuperação de recursos hídricos, segurança, saúde, Estatuto das Cidades, legislação complementar, desenvolvimento econômico, o Plano Municipal de Educação, o Plano Diretor e outros. Mas nada disso superou o que ouvia das pessoas. Junto com minha equipe procuramos fazer um Plano de Governo baseado no quê ouvimos nas ruas. Por isso, nosso Plano foi pautado no resgate de algumas ações e projetos, a exemplo da Banda Municipal do PET, do Armazém da Família, de um atendimento eficiente em saúde pública, de uma Farmácia Popular que forneça remédios também de alta e média complexidade, de um programa de habitação de interesse social.
A Gazeta: Para que sejam executados os projetos e ações, é preciso ter recursos financeiros. Qual o orçamento estimado de Quatro Barras para 2017?
Lara: Tivemos uma queda na arrecadação nesses últimos meses de 2016, um reflexo da crise econômica no País, que começou no ano passado. Para 2017, o Orçamento Municipal está estimado em algo próximo de R$ 70 a 72 milhões. Para 22.500 habitantes, os valores per capita são bons, não são baixos. Para aproveitar bem esses recursos, vamos fazer um governo mais enxuto e eficiente, ancorado em indicações mais técnicas que políticas. Nosso objetivo é a eficiencia na administração.
A Gazeta: Desde a campanha, o senhor tem ressaltado o objetivo de reduzir cargos comissionados. Quantos deverão ser eliminados?
Lara: A atual gestão, ao encerrar o mandato em dezembro, tem a obrigação de entregar a Prefeitura já com todos os funcionários comissionados exonerados, com suas rescisões de contrato efetuadas. Na minha gestão, reduziremos o número de cargos comissionados. Além da redução dos comissionados, vamos diminuir o número de Secretarias.
A Gazeta: Se analisado do ponto de vista da campanha, a partir de 2017, o senhor contará na Câmara Municipal com apenas três vereadores, que são do seu partido, o PMDB. Os outros eleitos apoiaram a candidatura do Edison Repinoski, ou seja, teoricamente, seis opositores à sua gestão. Como o senhor pretende lidar com a hipótese de que não contará com a maioria na Câmara, e qual será sua forma de articulação para assegurar uma base aliada capaz de garantir a aprovação dos projetos?
Lara: Após minha diplomação, pretendo fazer uma grande reunião com todos os vereadores eleitos, junto com o meu Vice, o Adamoski. Queremos expor nosso Plano de Governo, mostrar o que pretendemos para a cidade a partir de 2017. Se os legisladores entenderem que, acima de tudo, precisam nos ajudar na gestão, aprovando projetos relevantes para o povo, bem como fiscalizar a Prefeitura, creio que teremos um entendimento. Respeito muito os vereadores e conto com eles para estabelecer uma parceria que garanta a governabilidade.
A Gazeta: Quais são os seus projetos para áreas importantes como Educação e Saúde?
Lara: Educação, saúde e segurança pública. Nós temos esse tripé como base do nosso Plano de Governo, juntamente com a política social. Na educação, vamos cumprir o Plano Municipal de Educação, com suas diversas metas, que serão separadas em curto, médio e longo prazo. A formação de uma nova estrutura escolar e pedagógica também está incluída. Daremos, também, uma atenção maior à Educação Especial.
Junto com a Secretária de Educação e a comunidade escolar, criaremos uma nova estrutura, mantendo o que já está dando certo, a exemplo da parceria com Santa Mônica. O Clube mantem um convênio com a Prefeitura e, a partir de recursos do Governo Federal, oferece aulas no período de contraturno, promovendo um resgate de valores. Vamos também lançar edital para concurso público e reestruturar o Plano de Carreira dos Educadores. Os atendentes passarão à categoria de agentes educadores.
A Gazeta: E quanto à construção de um CMEI na área rural, que o senhor prometeu em campanha. Há previsão para início dessa obra?
Lara: Sim. Faremos, primeiramente, um estudo de demanda para definir em qual área deverá ser construído, para que atenda a diversas regiões rurais, tornando-o acessível a todos, o mais central possível.
A Gazeta: Para a saúde, quais são os projetos?
Lara: Vamos reorganizar os investimentos. São R$ 15 milhões para a saúde. Não é admissível que faltem remédios na Farmácia Popular, que o usuário fique 40 dias esperando por uma consulta, que a Unidade de Saúde não esteja aberta no horário porque não houve um rodízio adequado de funcionários para abri-la. Vamos criar um Centro Municipal Odontológico, também. A ideia é buscar, em Brasília, emendas parlamentares para as diversas obras que precisamos.
A Gazeta: Por falar em bom relacionamento com outras esferas de poder, o senhor também precisará conversar com o Governador. A Segurança Pública é uma área que depende quase que integralmente do Governo do Estado. Como o senhor pretende articular com o Beto Richa, se não está alinhado politicamente com ele?
Lara: As eleições já passaram. Daqui para frente, todos temos de pensar na gestão, na cidade, no estado. Não serão diferenças partidárias que nos impedirão de dialogar. Acredito que o Governador pense da mesma forma. Não vejo dificuldades. Tenho de me concentrar em administrar uma cidade para 22.500 habitantes. Ele tem de cuidar de um estado inteiro, governando para mais de 7 milhões de pessoas.
Questões político-partidárias deverão ser deixadas de lado, colocando-se o bem estar do povo acima de tudo.
A Gazeta: O senhor tem boas relações com o Deputado Anibelli, do PMDB. Qual seu grau de parceria com o Deputado?
Lara: Nos conhecemos há mais ou menos seis anos. O Deputado Anibelli é muito pró-ativo, passou por uma superação pessoal e, em sua trajetória política, tem uma carreira de destaque, colaborando para áreas como zootecnia, agricultura, agricultura familiar. É Vice-Presidente do Diretório Estadual do PMDB. Como político, tem dado segmento à trajetória de sua família. É um grande parceiro, que tem relação com outros municípios e poderá nos ajudar com sugestões de projetos que deram certo em outras cidades.
A Gazeta: Campina Grande do Sul elegeu o Bihl Zanetti (PSDB), um prefeito tão jovem quanto o senhor. Existe a possibilidade de estabelecer parcerias, entre os dois municípios, que possam beneficiar alguma área de interesse mútuo?
Lara: Com certeza existe, a exemplo dos Consórcios do Lixo, da Saúde, do Metropolitano de Transporte Público. A parceria entre as duas cidades deverá ser bem estudada por nós, a exemplo da criação de um polo de qualificação dos jovens, que possa atender aos dois municípios. Eu e o Bihl temos um ótimo relacionamento. Ele é mais jovem do que eu, porém, a experiência que a família dele tem na política deverá colaborar para novas ideias e projetos. Inclusive, vamos juntos a Brasília defender os interesses de Quatro Barras e Campina Grande do Sul
A Gazeta: E na área de Segurança Pública, existe a possibilidade de parceria entre as Guardas Municipais dos dois municípios?
Lara: Na área operacional, não. Mas no setor de inteligência, de investigação, há possibilidade sim. A troca de informações entre as Guardas é muito importante em questões como tráfico de drogas e outros crimes. Infelizmente, Quatro Barras tem um sistema de segurança obsoleto, desde 2008 não recebe investimentos. Atualmente, nenhum crime tem condições de ser investigado com sucesso aqui. Não temos estrutura para isso, ainda. Temos que investir numa equipe especializada para esse setor.
A Gazeta: Mas há orçamento para isso?
Lara: Temos de remanejar recursos e transferi-los para o que é prioritário. Segurança Pública é prioridade. O cidadão não pode mais viver sem a devida segurança. Quando chega o final do ano, o problema aumenta. As pessoas não se sentem seguras, nem em casa e nem na rua. Precisamos dar uma reposta para essa demanda da população.
A Gazeta: Quais são os bairros de situação mais crítica em relação à Segurança Pública?
Lara: Na região central, a situação é menos complicada. A Guarda Municipal tem obtido um certo controle da situação. Mas na área rural, por exemplo, a situação é crítica. A região se tornou depósito de desmanches de carros roubados. O problema maior está nos bairros, mas ninguém se sente seguro, esteja onde estiver. Temos que resolver esse problema com urgência.
A Gazeta: Durante a campanha, o senhor falou sobre a necessidade de o município aumentar a arrecadação. Como o senhor pretende fazer isso?
Lara: Primeiramente, possibilitando um melhor relacionamento entre as empresas locais. É lamentável que empresas daqui façam suas compras com fornecedores de fora da nossa cidade, quando aqui existem empresas que podem fornecer o que outras necessitam. Muitas vezes, isso ocorre por desconhecimento do empresário, por falta de troca de informações. Vamos promover esse tipo de interação entre as empresas locais, estimulando oportunidades de negócios. Uma Secretaria ou diretoria de Indústria, Comércio e Turismo fará esse fomento. Esse será o “start”. As empresas prestadores de serviços também precisam desse incentivo.
A Gazeta: Sobre o estímulo à formação de cooperativas, muito citado em sua campanha, como esse projeto será realizado?
Lara: As cooperativas são importantes fontes de geração de emprego e renda. As próprias cooperativas poderão fazer negócios, aqui no município, com a Prefeitura. Um exemplo disso é a venda de fraldas geriátricas, de kits infantis para as famílias de baixa renda que a Prefeitura fornece. Essas cooperativas poderão buscar informações para habilitarem-se a participar das licitações. Uma ideia é buscar junto à nossa Associação de Indústria e Comércio local esse suporte, essa orientação.
A Gazeta: Quais projetos o senhor destacaria como os mais importantes em seu Plano de Governo, e o quê o povo pode esperar de sua gestão?
Lara: O foco de nosso Governo será o restabelecimento das políticas sociais, além de promover o desenvolvimento do município em todas as áreas. A saúde será prioridade, porque a doença não espera. Vou me debruçar sobre todas as demandas dessa área, com o intuito de atende-las da melhor forma possível. Entre as políticas sociais, a população nos pediu muito, durante a campanha, um programa de habitação popular, além do Armazém da Família. Educação será outra prioridade. Serão 25% do Orçamento para a educação, os maiores investimento da gestão vão para essa área. Mas não existe mágica, a solução é fazer a tarefa de casa. Diria que o povo pode esperar uma gestão eficiente, enxuta, com redução drástica dos cargos comissionados e o realinhamento dos investimentos, valorizando o servidor concursado, de carreira.
A Gazeta: Com relação à equipe de transição, o senhor já tem nomes definidos?
Lara: Estamos montando uma equipe de cinco pessoas, como prevê a Lei Orgânica do Município. Adianto que boa parte dessa equipe é formada por funcionários de carreira da Prefeitura, servidores municipais que me darão todo o suporte sobre a situação das contas públicas. Enfim, vamos valorizar os servidore efetivos. Devo indicar os nomes quando retornar de Brasília.
A Gazeta: O senhor apostou na experiência para escolher o seu vice. Qual foi a importância do Adamoski para a sua vitória nas urnas?
Lara: Gostaria de expressar publicamente a imensa importância que o Adamoski teve em nossa campanha. Pela experiência, conhecimento, apoio, dedicação e a forma como conduziu todo o processo político. O Adamoski forneceu o equilíbrio na leitura que o eleitor fez da nossa chapa. É um homem reconhecido pela honestidade, capacidade, pelo carinho que recebe do povo. Com o Adamoski, formei a dupla dessa campanha que mais representou a esperança do povo em um futuro melhor. Para se ter uma ideia da popularidade dele, no Jardim Menino Deus, cerca de 70% dos votos recebidos foram graças ao Adamoski. Foi uma alegria entrar na casa das pessoas e ser bem recebido junto com um ex-prefeito que foi muito bem acolhido e me mostrou como devo agir, servindo-me de exemplo. Claro que tenho meus projetos e ideias próprias, mas vou honrar essa parceria fundamental durante a gestão.
A Gazeta: O senhor cogita a possibilidade de convidar o Adamoski para assumir alguma Secretaria? E quanto à indicação dos nomes para exercer o cargo de secretário, o senhor já teria definido?
Lara: Já convidei o Adamoski para fazer parte do Governo, mas ele ainda não deu uma resposta. Porém, já me adiantou que gostaria de uma gestão com a minha “cara”, não com a “cara” dele. Sobre as indicações para o secretariado, já conversamos e tivemos muitas afinidades, sintonia, na escolha dos nomes, que em breve serão anunciados à população.