Intervenções fazem parte do Parque Linear do Jardim Cláudia, projeto implantado pelo Governo do Estado em parceria com a Prefeitura de Pinhais
Na primeira quinzena de março, deste ano, choveu em Curitiba e Região um volume 36% maior do que a média de todo o mês. Foram registrados 189 milímetros, em quinze dias, quando a média é de 139 para todos os 31 dias de março. Em Pinhais, somente no dia 14, uma tempestade trouxe 80 milímetros de chuva, em menos de duas horas. As informações são do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).
Livre de alagamentos
Mesmo diante das intensas chuvas do mês de março, ao contrário do que aconteceu durante muito tempo, bairros de Pinhais como o Alto Tarumã e o Jardim Cláudia, que sempre sofreram com as cheias do Rio Palmital, não registraram alagamentos. A contenção das enchentes é resultado de um longo trabalho realizado pela Prefeitura Municipal e, agora também, com investimentos do Governo do Paraná.
Entre as intervenções que evitaram alagamentos na região está a construção de um Parque Linear no Bairro Jardim Cláudia. A obra do Governo, com contrapartida da Prefeitura de Pinhais, tem como principal função desviar as águas em épocas de chuvas intensas, para tanto conta com três lagoas de contenção no entorno do rio.
O Rio Palmital
Com uma bacia de 93 km² e uma vazão de 372 litros por segundo, o Rio Palmital possui suas nascentes localizadas em Curitiba, no encontro de afluentes vindos de Colombo e Almirante Tamandaré, e percorre o município de Pinhais de norte a sul, onde acaba por encontrar-se com o Rio Iraí.
Nos mais de 20 Km de extensão, desde Colombo até a foz no Iraí, o Palmital sempre teve pontos de cheia. Há alguns anos a Prefeitura começou um trabalho de alargamento e aprofundamento do rio, ação que já havia mostrado resultados na contenção das águas. Agora, as lagoas de contenção que compõem o Parque Linear do Jardim Cláudia prometem uma solução mais efetiva.
Obras de contenção
Três lagoas de contenção compõem a intervenção feita pelo Governo do Paraná em parceria com a Prefeitura de Pinhais. Segundo informações do Estado, foi necessário remover 800 mil metros cúbicos de terra para formar as lagoas e tampar as cavas.
Além de auxiliar no controle de cheias, as lagoas de contenção, em alguns casos, podem ser usados para tratar também a poluição carregada pela água nas cidades, como o lixo trazido pelo rio, por exemplo. E, ainda, podem adquirir funções paisagísticas para se integrar mais harmoniosamente ao ambiente urbano.
Moradores da região dizem que enchente é coisa do passado
Seu João Pedro custou para deixar de lado um hábito que praticou durante muitos anos. Sempre que a chuva engrossava e começava a se acumular no quintal da sua casa, na Rua Tanagra, no Jardim Cláudia, ele, a esposa e os três filhos começavam a erguer móveis, roupas e colchões, porque sabiam que era questão de minutos pra água invadir a sala, a cozinha e os quartos. “Era receita certa, começava a encher o quintal e não dava meia hora pra água entrar em casa”, lembra o pedreiro que mora no Cláudia há 22 anos. No dia 13 de dezembro de 2010, cerca de 82 milímetros de chuva caíram em Pinhais apenas em uma tarde. O volume é praticamente o mesmo do dia 14 de março deste ano, mas as consequências foram bem diferentes. Há quase oito anos, a água do Rio Palmital se espalhou por diversas ruas do bairro, em uma “invasão” que superou cem metros de distância. Na ocasião, Seu João perdeu muita coisa. “Perdi praticamente tudo que tinha em casa. Fogão, geladeira, guarda roupa, colchões. Foi muito difícil pra nós”, conta. Inclusive, tentou vender a casa, queria se mudar, não suportava mais conviver com as enchentes. Mas ninguém queria comprar um imóvel perto de um rio que transbordava com frequência. “Nem R$ 30 mil quiseram dar na minha casa. Hoje dou graças a Deus por não ter vendido. Acabaram as enchentes e já recusei uma oferta de R$ 150 mil pelo meu terreno. Não vendo mais, vou ficar aqui até o fim da vida”, afirma.
Fim dos problemas
Aproximadamente, distante um quilômetro de Seu João, no bairro Alto Tarumã, vive Lilian Glokisnch de Lima. Parte de sua casa, que fica na Avenida Miguel Ostrufka, precisou ser reconstruída depois de uma cheia do Rio Palmital, em 2012. “Parte da estrutura ficou comprometida após várias enchentes. Gastamos o que não tinhamos pra reconstruir a lavanderia e dois quartos”, diz. Agora, a casa de Dona Lilian e a de sua filha, uma meia água de madeira nos fundos do quintal, parece não correr riscos. “Não me lembro a última vez que a água do rio chegou aqui em casa. Faz muito tempo que as máquinas da Prefeitura estão trabalhando na região. Espero que a gente tenha se livrado de vez do pesadelo das enchentes”, ressalta a moradora.
Parque Linear do Jardim Cláudia
O Parque Linear, uma realização do Governo do Estado com contrapartida da Prefeitura de Pinhais, se estende pela margem do Rio Palmital, na região do Jardim Cláudia. As Secretarias de Obras e de Meio Ambiente realizaram diversas obras no local. Entre as Ruas Norberto Ribeiro da Motta e Milton Anselmo da Silva, por exemplo, foi construída uma área de lazer com parquinho, cancha de areia, pista de caminhada, área de convivência, espaço para soltar pipas, entre outras benfeitorias. No início de março, em comemoração ao aniversário da cidade, o Executivo Municipal realizou um grande evento, no qual crianças de escolas municipais plantaram dezenas de mudas de árvores. A arborização é uma das estratégias para a completa revitalização do local. Para isto, conforme informações, estão previstos o plantio de milhares de mudas.