por Noelcir Bello
Aos 73 anos, Jerônimo Forlepa morou por trinta anos na Rua Honduras, em Pinhais.
Aposentado pela empresa de ônibus Nossa Senhora da Luz, como mecânico, comprou uma chácara em Quatro Barras, mas, com a doença da falecida esposa, resolveu vender a chácara e voltou, há seis anos, para Pinhais. Mora até hoje na Rua Nigéria.
Jerônimo lembra que ao chegar a Pinhais avistou apenas campos, não havia ruas, muito menos asfalto. Fazia compras no mercado do seu Mario e da Dona Clara, onde também funcionava um salão de festas.
Dependia da bicicleta para ir trabalhar, pois o ônibus só passava às 07h30 e nesta hora ele já deveria estar no trabalho em Curitiba. “Antigamente, tínhamos dificuldade para nos comunicarmos. Não havia se quer energia elétrica, utilizávamos o lampião”, contou Jerônimo.
Nosso entrevistado gostava de andar de Subúrbio, o trem de passageiros, porém o mesmo tornava o caminho ao trabalho mais longo, já que descia no Moinho Anaconda, ao lado da Rodoferroviária, e tinha que ir a pé até a Rua XV. “O trem sempre estava cheio. A linha era de Piraquara à Curitiba. Eram muitas paradas de trem na região. É uma pena que tenha se tornado mais caro e de difícil acesso o embarque no trem para o Litoral, pois todos os pontos de embarque na região de Pinhais foram desativados”, lamentou.
Seu Jerônimo contou-nos ainda dos mangueirões de bois na Vila Oficinas, que depois eram levados para o Atuba, via Bairro Alto. Segundo ele, às vezes escapavam alguns bois bravos no caminho, ao cruzar por Pinhais. “No começo era tudo diferente. Eu sempre pescava nos rios da região e é uma pena que até o Rio Irai esteja poluído”, disse.
Curitiba era a opção para cuida da saúde
Casou-se em 1963 com a Marli, hoje falecida, com quem teve duas filhas e dois filhos. Seu filho Carlos mora na Rua Honduras, na mesma casa onde Jerônimo morou; Luciana mora com o pai; Sandro mora no Jardim Paulista, em Campina Grande do Sul e Adriana mora no bairro Boa Vista, em Curitiba. Todos os filhos e filhas estão casados.
A Farmácia do Telles, próximo ao viaduto na BR, onde hoje existe a Servopa, contava com um farmacêutico que entendia um pouco de remédios e vendia os medicamentos mesmo sem consulta médica. Quando era algo mais grave, Jerônimo ia para o INPS, em Curitiba, e lá consultava toda a família.
Formação profissional e o primeiro carro
Seu Jerônimo aprendeu a ser mecânico na prática, já que começou na empresa como ajudante, no entanto, com o passar dos anos, a empresa começou a ofertar diversos cursos e ele aproveitou para se especializar.
Seu primeiro carro foi um Chevrolet 41, que pagou com o acerto que fez ao deixar a empresa. Como na época não havia fundo de garantia previsto em contrato, foi necessário fazer este acerto para se enquadrar na nova lei.
A gasolina era barata, mas, como ganhava pouco, não o usava muito. Segundo Jerônimo, o carro era “seis canecos” e bebia demais. “Depois comprei um Maverick quatro cilindros, que na época era um carrão”, lembra Jerônimo.
Muitas mudanças
Quando retornou para Pinhais, onde vive até hoje, Jerônimo notou que o Município havia mudado muito, principalmente na facilidade em encontrar tudo o que precisava, desde farmácia, mercado até posto de saúde. “Quando cheguei aqui era muito difícil. Dependíamos muito de Curitiba. Os meios de transporte melhoraram bastante, porém como tem muita gente, acaba lotando, mas ainda assim está mais fácil acessar, tem mais opções”, finalizou.