Isolde Voos Gumbowsky uma das primeiras moradoras do antigo Bairro Palmital

Isolde Voos Gumbowsky uma das primeiras moradoras do antigo Bairro Palmital

por Noelcir Bello

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Isolde Gumbowsky nasceu em Canoinhas, Santa Catarina, no ano de 1941. Ainda muito nova, perdeu seus pais e foi morar com tios e familiares, um pouco em cada cidade, até morar com o irmão mais velho por alguns anos.

Já adolescente, Isolde foi para São Paulo com uma irmã, onde estudou e se formou no ginásio. Após o casamento de sua irmã, voltou para Canoinhas, onde mais tarde nossa entrevistada se casou.

Isolde e seu esposo foram morar próximo ao estádio do Pinheirão, em Curitiba. Mais tarde, mudaram-se para o antigo bairro Palmital, em Pinhais, onde reside há 55 anos. Trabalhavam em Curitiba e para chegarem ao trabalho utilizavam o trem. “Naquela época, quando havia um acidente com o trem, todos ficavam sem ter como ir trabalhar. Não havia luz e nem água encanada. A gente bebia água do poço do nosso terreno e ainda cada um fazia a sua própria fossa. Comprávamos querosene para os lampiões em Piraquara. Quando chegamos aqui, o bairro se chamava Palmital e depois mudou para Dra. Guiomar, quando Pinhais virou município, e hoje é Pineville”, contou.

Pouca infraestrutura no começo

Faziam as compras em Curitiba e traziam no trem. Por serem raros, os ônibus estavam sempre lotados e a melhor opção era o trem. Desciam na parada próxima ao Moinho Molino Rosso, na velha estação, e carregavam as compras andando a partir dali. Os vizinhos eram poucos e havia apenas três produtores de leite que forneciam para toda a região. “Não havia ruas no bairro. Lembro que como havia muitas vacas por aqui, as pessoas catavam esterco para plantação de verduras que mantinham em suas hortas. Nesta época era muito bom e a gente deixava a roupa nos varais do lado de fora. Ninguém roubava. Era tudo mais calmo. Nos finais de semana, a gente ficava em casa mesmo, pois não tinha lugar para sair e se divertir com as crianças. Assim, elas brincavam ao redor de casa”, completou.

Na época, pagaram 465 mil Cruzeiros Novos pelo terreno, em prestações de 10 mil Cruzeiros Novos por mês. Isolde disse que ainda tem guardado todos os recibos. Para comprar qualquer coisa utilizavam do crediário, feito através de carnês, desde roupa e material de construção até o terreno.

O terreno deles foi comprado do Sr. Fadel Kaluf, através do Sr. João Alves, que era o corretor dele e morava no antigo Capão.

Suas três filhas estudaram no colégio Mathias Jacomel, no bairro Vargem Grande. Com o falecimento do seu esposo, que foi atropelado quando voltava do trabalho, suas filhas começaram a trabalhar muito cedo, uma delas já aos nove anos de idade. “Eu fiquei com as três filhas sozinha, por isso precisei da ajuda delas para pagar as despesas da casa. Hoje, tenho cinco netos e cinco bisnetos. É uma linda família”, disse.

Tempos diferentes

Nossa entrevistada destacou que era tudo muito diferente quando chegaram a Pinhais, inclusive a honestidade das pessoas. “A passagem que a gente pagava para andar de ônibus era um bilhete que o cobrador nos entregava ao entrar. Não havia catraca nos ônibus e, quando a gente descia, ele marcava em uma cadernetinha quantos desciam e a gente depositava o bilhete em uma urna no ônibus. A honestidade das pessoas era bem maior. Nossas crianças eram educadas e trabalhavam para ajudar a família, por isso não se envolviam com coisas erradas, além de não existir tantas coisas ruins como temos pelas ruas hoje. As meninas não engravidavam tão novas, como acontece hoje. Havia muito mais respeito entre as pessoas, bem como pelos pais e pelos mais velhos”, lembrou.

Isolde contou ainda que a alimentação era baseada naquilo que as pessoas produziam no próprio quintal, e os animais ficavam um período longo separado se alimentando apenas de milho e grãos saudáveis, para que não transmitissem doenças para as pessoas.

Trabalho voluntário

Há muitos anos, o trabalho voluntário na igreja faz parte da vida de Isolde. Ela já puxou terra para aterrar o terreno onde construíram a velha igreja e também já ajudou nas festas, quando passava a madrugada toda cozinhando o almoço do dia seguinte. “Eu limpava a igreja, preparava o altar. Uma vez até coloquei ele sobre uns tijolos, pois sempre alagava a igreja velha. Fui da pastoral da saúde, litúrgica, familiar, dentre outras. Agora, continuo apenas como Ministra da Eucaristia. O meu papel é visitar os doentes da comunidade e levar a Hóstia e a Palavra de Deus para estas pessoas. Faço as coisas com prazer. Tudo que a gente faz pra Deus, a gente receberá no Céu depois. Inclusive, pago meu dízimo, pois acho que tudo se transforma em bênção de Deus”, afirmou.

Uma alimentação saudável e distância das tecnologias

Para essa simpática senhora, o segredo para viver uma vida saudável é manter uma boa alimentação. “Minha alimentação até hoje é muito saudável. Como muitas frutas e verduras, apesar de que estas já não têm mais o mesmo sabor de antigamente. Tomo bastante chá, chimarrão, sucos naturais, evito refrigerantes, frituras e salgadinhos, pois sei que estas coisas fazem mal. Ainda assim, hoje em dia, preciso tomar muitos remédios, para manter a saúde. As tecnologias acabam atrapalhando também um pouco a vida das pessoas, já que, com estas mensagens instantâneas, as pessoas escrevem e depois se arrependem. Mas, mesmo se arrependendo, as outras já viram as mensagens e, assim, as intrigas já foram causadas. Eu não quero saber de Facebook e estas coisas todas que o povo usa. Não sou de falar nada contra, pois sei que não adianta dar conselhos aos jovens. Eles não escutam mesmo. Principalmente os adolescentes, que acham que somos ultrapassados”, lamentou.

Hobbies

Isolde, ao finalizar esse bate-papo, nos contou que o seu maior passatempo é ler a literatura Cristã, como a Bíblia e O Livro de Ouro. “Televisão só assisto a noite, e só acompanho a Rede Vida e a TV Aparecida. Não sou de sair muito e pouco viajo. Prefiro ficar descansando em casa, quando não estou ajudando os outros”, garantiu.

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