Institutos de pesquisas se divergem com relação a intenção de votos para presidente
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Institutos de pesquisas se divergem com relação a intenção de votos para presidente

A grande variabilidade nas diferenças de percentuais entre os dois principais candidatos a corrida à Presidência da República tem colocado em discussão a atuação das empresas que fazem levantamentos de intenções de voto. Nos últimos dias, a diferença entre os dois candidatos tem variado até 16 pontos percentuais. E também há um instituto, o Paraná Pesquisas, que aponta um empate técnico entre Lula e Bolsonaro.

Neste cenário de tanta incerteza, tem se tornado impossível mensurar alguma probabilidade de vantagem ou vitória no primeiro turno de um ou outro candidato.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP -AL), inclusive, defendeu, na quinta-feira, dia 22, punições a empresas de pesquisa que tenham apresentado resultados muito discrepantes em relação a realidade a ser demonstrada nas urnas. O site de notícias O Antagonista tem levantado um debate sobre a atuação dos institutos de pesquisa, sugerindo, até, a instalação de uma CPI, em razão de tantas diferenças de uma empresa para outra.

Empate técnico

O Paraná Pesquisas, por exemplo, trouxe um levantamento, divulgado no último dia 20, em que aponta um empate técnico entre Lula e Bolsonaro: 40,1% para Lula e 36,4% para Bolsonaro, com uma margem de erro de 2,2% para mais ou para menos. As entrevistas foram realizadas entre os dias 15 a 19 de setembro.

Este foi o único instituto a apontar empate técnico. E o Paraná Pesquisas tem revelado empate técnico em sucessivos levantamentos desde a rodada de entrevistas realizada entre 26 e 28 de agosto, quando colocou 41,3% para o presidente da República e 37,1% para o petista. No dia 6, divulgou outro levantamento onde Bolsonaro estaria com 40,2% e Lula com 36,4% e, no dia 13, o presidente com 39,6% e o ex-presidente com 36,5%. Os demais institutos têm apontado, de forma geral, sempre vantagem para o petista.

Grandes variações entre institutos

Já a pesquisa do Ipec (ex-Ibope), no último dia 19, deu 47% das intenções de voto para Lula contra 31%. A BTG/FSB, também no dia 19, mostrou uma vantagem para Lula de 9%, 44% a 35%. O Poder Data mostrou, em rodada de entrevistas feita entre os dias 18 e 20 de setembro, um cenário em que o petista estaria com 44% e Bolsonaro com 37%. E o Instituto Opinião, com sede em Curitiba e atuante há quatorze anos, apontou Lula com 49 pontos percentuais em levantamento realizado entre os dias 18 e 20 de setembro, supostamente faltando apenas um ponto percentual para o petista vencer no primeiro turno.

Diferenças de metodologia

Evidentemente, há diferenças de metodologia entre as empresas, o que termina por interferir nos resultados. Porém, é preciso deixar claros os critérios utilizados, as referidas metodologias, ao público. E se houver erros gritantes, discrepâncias exageradas em comparação a realidade apresentada nas urnas, a atuação dessas empresas precisa receber um freio. O que não pode é continuar acontecendo como está. A grande mídia tem usado e abusado de manchetes com resultados de tudo quanto é instituto de pesquisa como se todos se tratassem de retratos fiéis da realidade. Como se todos merecessem credibilidade. A maioria do público não vai além das manchetes do noticiário, deixando-se influenciar por resultados de pesquisas repetidos a exaustão pela imprensa.

Pesquisas pautam o debate

O pior é o uso dos resultados destes levantamentos para pautar o debate público e os slogans de campanhas. O cidadão desavisado, pouco atento, pouco afeito a ir mais fundo na notícia, termina por dar crédito a tais pesquisas, desconsiderando as diferenças de metodologia, de margens de erro, de datas em que foram feitas as entrevistas, em suma, absorve apenas os percentuais estampados nas manchetes.

Desserviço à democracia

Estas empresas, em parceria com a imprensa, prestam um desserviço à democracia e à lisura do processo eleitoral. Pois, infelizmente há uma tendência de adesão ao “voto útil”. Até, mesmo, pela pressão feita pelos candidatos, que apelam a pedidos de “voto útil”, ou seja, votar em um entre os candidatos que supostamente apresentam mais chances de vencer ao invés do candidato realmente preferido.

Pressão pelo “voto útil”

É lamentável que haja eleitores que se deixem influenciar por pesquisas e pela pressão pelo “voto útil” esquecendo-se que uma eleição só se concretiza no dia da votação, que só se define ao apertar o botão da urna. Não há eleição definida, decidida, antes do momento do voto na urna. E o eleitor precisa estar consciente de que pode modificar supostos cenários antecipados a partir de sua atitude, de sua decisão. Resultados de levantamentos deveriam ser de conhecimento, apenas, para uso interno, nos comitês de campanha, a fim de orientação para estratégias. Jamais usadas como instrumentos de pressão ao eleitorado como tem sido feito pela imprensa. Isso é um grande desserviço à democracia e ao direito do eleitor de livre escolha de seus candidatos.

Após as eleições, este grave problema precisa ser questionado com seriedade por diversos atores da cena política, inclusive, pela imprensa, ao invés de relativizado como tem sido tratado até o momento. Afinal, números divulgados exaustivamente, falsos ou reais, podem, sim, influenciar nos rumos de uma eleição.

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