O TSE, em parceria com os Tribunais Regionais Eleitorais nos estados, encampou uma campanha de incentivo a adesão de adolescentes de dezesseis e dezessete anos à participação no processo eleitoral de 2022 mediante a confecção do documento de título de eleitor. A campanha tem trazido bons resultados. Somente no mês de março, em todo o país, foram 445 mil novos títulos eleitorais registrados entre o eleitorado dessa faixa etária, que tem direito ao voto facultativo.
Esquerda atrás do voto do menor de idade
A campanha, também, vem sendo encabeçada pela esquerda, em geral, a exemplo da Força Sindical e de diversos artistas, como a cantora Anitta. Evidentemente, a iniciativa tem o objetivo de recrutar o maior número de eleitores em potencial para o pré-candidato Lula, o principal concorrente, senão, o único candidato de esquerda à presidência da República. A expectativa é de que a iniciativa da esquerda tenha gerado uma reação aos jovens de direita menores de dezoito anos, fazendo com que, também, sintam-se motivados a participar do processo eleitoral neste ano, quando teremos mais um pleito bastante intenso na corrida ao Palácio do Planalto.
Movimento estudantil
Porém, é inegável que a esquerda tem se revelado muito competente em campanhas como essa, sempre encabeçando movimentos que visem atrair mais eleitores em potencial para seus representantes políticos. Aliás, a inclusão do voto facultativo a menores de dezoito anos na Constituição Federal de 1988 é mérito dos movimentos estudantis, todos, praticamente, ligados à esquerda.
Avanço democrático ou doutrinação?
Creio que, muito embora, muitos considerem bacana, um sinal de avanço democrático a inclusão do voto facultativo a essa faixa etária, é preciso questionar e refletir sobre se eleitores tão jovens teriam maturidade para bem escolher seus candidatos. Vejamos, pois. A maioridade penal no Brasil e em diversos países é aos dezoito anos. Para tirar carteira de habilitação, no Brasil, também, somente se dá a partir dos dezoito anos. Alega-se que antes dessa faixa etária o jovem ainda não teria maturidade o suficiente para discernir sobre suas ações, sobre o certo e o errado, com a mesma percepção que um adulto teria. Mas, quando se trata de votar, estranhamente, quase ninguém questiona a capacidade de menores de dezoito anos fazerem uma escolha responsável e lúcida.
Acredito que é necessário coerência. Ou o menor de dezoito anos pode votar e, também, pode dirigir e ser responsabilizado criminalmente sem a proteção do Estatuto da Criança e do Adolescente ou não pode nada, sequer, votar. Do contrário, do jeito que está, verifica-se uma incoerência flagrante que somente gera desconfianças quanto a real intenção da defesa do direito ao voto a menores de dezoito anos.
Ilusões e enganos
Afinal, se para um adulto, maduro, experiente e bastante esclarecido sobre a realidade política nacional e local já se verifica uma tendência a cair em ilusões e enganos na escolha de seus candidatos, o que esperar de quem está iniciando, agora? Todo adulto já foi jovem e deve lembrar-se do quanto já foi inocente, ingênuo e facilmente manipulável na adolescência. Creio que todos, nós, adultos, temos lembranças desse período da vida quando acreditávamos que muitos problemas de nosso país ou de nossa cidade poderiam ser facilmente resolvidos bastando ”vontade política” e boas propostas. A juventude é a fase das ilusões, das “doces ilusões”, quando todos os sonhos parecem realizáveis, bastando fé, persistência e força de vontade. Muita inocência, ingenuidade e inexperiência sobre como é a vida e como as coisas funcionam compõem a mentalidade da imensa maioria dos jovens. Na adolescência, a psicologia tem conhecimento para afirmar sobre a facilidade com que se é manipulado, influenciado por lideranças carismáticas, por ideias revolucionárias e por movimentos de massa, sejam políticos ou religiosos. Inúmeros grupos, religiosos e políticos, costumam atuar focados nos jovens, justamente por estes possuírem essa característica de serem altamente manipuláveis e influenciáveis. A personalidade está em formação, o cérebro, inclusive, ainda está em desenvolvimento, atesta a ciência.
Então, grupos e movimentos variados aproveitam-se do sonho de quase todo jovem de “querer mudar o mundo”. Grupos terroristas e paramilitares, também, costumam recrutar jovens para suas fileiras em diversos países, é bom lembrar. Isso para não falarmos do tráfico de drogas…
Educação doutrinadora
Somando-se ao fato de que a educação brasileira, com raras exceções, é direcionada a transmitir a crianças e jovens valores e ideais progressistas, é duvidoso que o adolescente brasileiro realmente esteja preparado para escolher com discernimento os seus candidatos ao pleito. E ainda há influência de professores que, sem o menor pudor em sala de aula, falam de política expondo suas opiniões pessoais, tendo em vista influenciar, mesmo, seus alunos.
Juntemos a este cenário a influência da grande imprensa e da mídia, em geral, majoritariamente, de viés progressista.
Para o jovem, sem experiência e percepção da realidade, da vida como ela é, um bom discurso “sensível”, pode ser bem atraente. Principalmente, quando dito por lideranças carismáticas, a exemplo de um professor bem articulado ou de digital influencers, de artistas descolados e de sucesso, enfim…
Experiência e maturidade
Penso que é bastante complicado defender que um adolescente, menor de idade, tenha capacidade de bem escolher seus candidatos. Se, para a maioria dos adultos, já existe uma imensa dificuldade, o que pensar de quem ainda tem muito a aprender, a descobrir e vivenciar na vida? Há coisas que só aprendemos com a experiência, muitas vezes, quebrando muito a cara, se decepcionando, se desiludindo, mesmo. Então, deixo essa reflexão, aos caros leitores. Se nós, adultos, já fomos tão enganados por políticos, pelo marketing eleitoral, pela grande mídia, pela publicidade e por tantas coisas e pessoas na vida, o que pensar de quem está ainda iniciando a caminhada, está fresco e cru, ainda, tornando-se presa fácil de ideologias e lideranças carismáticas boas de lábia e de marketing? Aprender a pensar por si mesmo, é do que necessitam os jovens. Mas, para isso, é necessário incentivo e preparo. Tanto na escola como na família e no meio social. Será que temos um ambiente favorável para essa autonomia e liberdade de pensamento? Se, para os adultos já está difícil, imaginem, para os adolescentes…