Hypólito Mickozs, um dos organizadores da Festa da Padroeira Nossa Senhora da Luz

Hypólito Mickozs, um dos organizadores da Festa da Padroeira Nossa Senhora da Luz

por Noelcir Bello

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Nascido no bairro Capoeira Grande, em Pinhais, Hypólito Mickozs Filho, de 50 anos de idade, lembra que aguardava ansioso o dia da Festa da Padroeira, era a única oportunidade do ano de tomar o seu refrigerante preferido.

Ao participar da catequese, os jovens tinham a responsabilidade de decorar a igreja e o salão com bandeiras. Nas novenas, em honra à padroeira, a cada dia uma família era a responsável pelos foguetes do dia, os chamados Noveneiros. E isto se tornava uma espécie de competição, cada família queria comprar mais foguetes que a outra.

A Capela foi fundada em 1965, o mesmo ano que nosso personagem nasceu. Ele cresceu escutando, nos dias de festas, o som estilo vitrola, que instalavam em cima do pé de imbuia, ao lado da igreja.

Por volta dos dez anos de Hypólito, a família de Heitor Fabre mandou instalar a energia elétrica em sua chácara e cedeu para os pais do nosso entrevistado, e mais dois tios, que moravam próximos. Até então, a iluminação era por conta do lampião de querosene.

Festas Natalinas

Nas festas de Natal em família, comiam pato assado, marreco, costela assada no forno de tijolo, o mesmo que assava os pães caseiros de sua mãe. Ela ainda fazia bolacha caseira e cerveja. Na noite da véspera de Natal, as crianças preparavam um kit para o Papai Noel com as bolachas e um copo de cerveja caseira, que sua mãe havia preparado para o bom velhinho.

Os presentes eram comprados uma vez por ano. A calça, a camisa, o sapato e um brinquedo eram para durar um ano. O único perigo da época era o lobisomem e outros personagens do folclore, já que não existia a violência.

A palavra valia mais que promissórias

Mickozs lembra que no passado as coisas eram muito mais difíceis de serem conquistadas. Sua primeira bicicleta comprou usada, pagou em prestações para um amigo. Naquele tempo, não precisava de promissória e boleto nem existia, as pessoas confiavam no chamado fio do bigode.

Sua primeira grande conquista foi comprar tijolos usados para construir um espaço para a máquina moto bomba, que serviu para encanar a água em casa e realizar o sonho de sua falecida mãe. Até então, o banho dependia de aquecer a água para colocar em um chuveiro de latão.

A primeira televisão da família veio através do irmão. Geladeira quase não se encontrava, poucas pessoas tinham condições de comprar. Seu falecido pai gelava vinho colocando em um balde que era deixado dentro do poço da água.

Festas animadas

Era comum as crianças irem de porta em porta arrecadar doações para as festas, quando recolhiam pequenas coisas, como: sabonetes, frangos, entre outros. No almoço, era servido filé, salada de tomate com cebola e pão d´água.

Realizavam leilões de frangos, leitões e, inclusive, ainda lembra o dia em que ao final de um leilão, o dono de um caminhão que transportava materiais de construção leiloou até a sua pá, ferramenta que foi arrematada em prol da igreja.

Nas festas, as mulheres jogavam bingo enquanto os homens jogavam truco, valendo cerveja. Já os jovens sempre faziam correio elegante, onde as mocinhas eram as responsáveis pela venda dos bilhetes de recados. Também tinha a cadeia, que era feita de bambu pelos jovens, onde a pessoa presa só era liberada mediante pagamento de fiança.

Na maioria das vezes, as moças eram presas para que os rapazes tivessem oportunidade de pagar para libertá-las. Assim surgiam os namoros, em retribuição ao “ato heróico”.

Casou-se com a amiga de infância

Aos 21 anos, se casou com a colega de brincadeiras de sua infância, filha da catequista da capela. Quando cresceram, começaram a trabalhar no extinto mercado Ouro Negro, no bairro Maria Antonieta. Lá se reencontraram, após um período afastados. Namoraram por seis meses e decidiram se casar. Hypólito e Dona Marlene tiveram dois filhos, o Ednelsom e o Eduardo.

Retomada das festas tradicionais

As festas deixaram de ser feitas por pelo menos dez anos. Agora, com a iniciativa do novo Pároco Alexandre Canela, em conjunto com a atual diretoria da comunidade, resolveram resgatar esta tradição.

Atualmente, Hypólito coordena a capela Nossa Senhora da Luz, localizada no bairro Capoeira Grande, e o grupo de oração da RCC, na matriz que pertence a Paróquia São José Operário, no bairro Maria Antonieta.

Para a próxima Festa da Padroeira, conseguiu com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico a ajuda para instalação de banheiros químicos e algumas tendas para melhor receber todos os participantes.

A festa terá início dia 10 de setembro, com o Tríduo. No sábado, dia 12, será realizada a missa às 19 horas e, logo após, serão vendidos salgados, doces e cachorro quente. Já no domingo, a missa se inicia às 10 horas e além dos tradicionais quitutes para o almoço, será servido também maionese, costela campeira assada e risoto.

Durante toda a tarde a festa acontece com muita diversão, show de prêmios, piscina de bolinha, pescaria e cama elástica. Tudo isso no pátio localizado dentro de um delicioso bosque natural, cercado árvores e muita sombra.

Hypólito aproveitou para agradecer a todos os patrocinadores e organizadores da festa, pois só assim, com muito esforço e dedicação, se torna possível relembrar as festas de infância, em um clima familiar e descontraído. “Venham relembrar os bons momentos das festas do interior, na companhia da Padroeira Nossa Senhora da Luz”, convidou.

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