“A gente descobriu recentemente, em outubro do ano passado, que a Amanda tem autismo secundário, decorrente de convulsões que ela teve quando nasceu, e depois dos dois anos ela voltou a ter crises. Tinha crises todo mês, até os três anos e meio de idade. Isso causou bastante sequelas no aprendizado dela”, relata Marcela Eliane de Lima Guaracho, uma das mães que participaram da primeira edição do ano do Histórias Que Acolhem, ação realizada pela Prefeitura de Pinhais, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer (Semel), na tarde do dia 21, sábado.
O evento reuniu famílias atípicas de Pinhais e crianças de inclusão, como autismo, TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) e altas habilidades. O público pôde participar da contação de histórias com as equipes da Biblioteca Municipal, brincadeiras, músicas e piquenique, no Centro Cultural Wanda dos Santos Mallmann. Com vagas limitadas, as famílias interessadas fizeram inscrição para participar do evento pelo formulário online divulgado no site e redes sociais da prefeitura. Também participou do evento o secretário de Cultura, Esporte e Lazer, Bruno Sitima.
“Foi maravilhoso ter ido ao evento porque lá eu conheci outras mães atípicas, até ofereci ajuda, se tiver na minha capacidade de alguma forma, pra ir atrás dos direitos e outras ações para ajudar as nossas crianças”, comentou Marcela, que soube das oficinas culturais oferecidas pela Semel e inscreveu a filha Amanda, de 10 anos, nas aulas de teatro. “Acho que ela tinha feito umas três aulas, o professor já me chamou e falou que a Amanda estava tendo alguns comportamentos diferentes durante as aulas. Eu falei que estava fazendo uma avaliação com a minha filha, acho que ela tem mais alguma coisa, fora as sequelas das convulsões, estou investigando. Foi nisso que ele falou da pedagoga da Semel e perguntou se podia passar meu telefone pra ela me ligar, então ela me ligou, me deu todo o apoio, para qualquer coisa que eu precisasse ela me ajudaria, pediu laudo, começou a participar das aulas de teatro para ver as crianças. Então, com essa inclusão que a prefeitura tem, me senti abraçada, acolhida e quando faz pelos filhos, né, faz em triplo pra gente, para as mães”, completou.
Famílias Atípicas
Segundo a diretora de Cultura, Haline Siroti, “o projeto Histórias Que Acolhem visa o protagonismo das famílias atípicas, em diferentes setores do serviço público, dentre eles a cultura, preparando os profissionais para atender este público com a qualidade que merecem e respeitando a condição de cada participante. Nosso aluno Pedro pratica iniciação de bateria no Centro Cultural, é deficiente visual e emocionou muito a todos pelo fato de afirmar que é possível realizar sonhos. O feedback das famílias foi bem positivo. Durante o ano realizaremos mais edições, aprimorando nosso atendimento para que as famílias possam se sentir cada vez mais à vontade e incluídas”, avaliou.
A Maria Joselya dos Santos Ribeiro, moradora do Emiliano Perneta, também é mãe atípica. Seu filho Luiggi, de 8 anos, tem TEA (Transtorno do Espectro Autista). Eles participaram pela segunda vez do Histórias Que Acolhem. Maria também faz parte da Afapi, a Associação de Famílias Autistas de Pinhais. “Luiggi gosta de história e amou participar do evento. Espero que seja referência para outras cidades, e que todas as famílias de Pinhais venham participar também. A Afapi está começando a ‘engatinhar’, como ainda não temos uma sede física, estamos atuando mais no acolhimento virtual das famílias, orientações sobre diagnóstico, escola, planos de saúde, ações jurídicas, terapias, buscando parcerias para conseguirmos terapias, e lutando por políticas públicas”, contou. Ainda sobre eventos como o Histórias Que Acolhem, Maria comentou que “é muito importante, pois assim as famílias podem ter um tempo de lazer, divertimento, sem a preocupação dos olhares dos desinformados. Lá as crianças podem ser elas mesmas”.
A prefeita Rosa Maria também prestigiou o primeiro Histórias Que Acolhem do ano. “Uma cidade vive de meio ambiente, de infraestrutura, saúde, educação, mas também vive de construir pessoas melhores, e a gente faz isso através da cultura, do esporte, do lazer. Então, já ao longo de muitos anos, temos procurado fazer muitas ações com essas dimensões para as pessoas e em 2023 vamos fazer muito mais, para dar oportunidade a pequenos contadores de histórias, para termos uma cidade melhor. E só se tem uma cidade melhor quando as pessoas tratam as outras melhor, com carinho, com respeito, com empatia, que é se colocar no lugar do outro, daquele que está sofrendo, pra tentar entender aquela dor. Então, nós queremos em 2023 fazer mais ainda, incluir mais ainda. Isso é ter mais acessibilidade. Isso é pensar em todas as pessoas. Que tenhamos muitos e muitos outros encontros como este”, declarou Rosa.