Grupos de apoio têm histórias motivantes para quem está querendo parar de fumar

Grupos de apoio têm histórias motivantes para quem está querendo parar de fumar

Agosto é o mês da conscientização para o câncer de pulmão; ação está disponível em unidades de saúde

O tabagismo e a exposição passiva à fumaça do cigarro são importantes fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão, uma doença silenciosa que pode ser fatal. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco.

“Nossas unidades de saúde têm um programa de muita relevância para quem deseja parar de fumar, que são os grupos de controle do tabagismo”, disse a dentista Cristiane Poppi, que coordena a atividade na Unidade de Saúde Palmeiras, no Tatuquara.

Além do câncer de pulmão, o hábito de fumar pode causar vários tipos variados de câncer, transtornos mentais, asma, efisema pulmonar, fadiga, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), envelhecimento e outros males.

Adeus às baforadas

A jornada para deixar o vício do cigarro pode ser árdua, mas quem consegue superar o hábito diz que não arrepende de ter tomado a decisão.

Marcos Alberto Fernandes de Oliveira, 51 anos, cujo nome artístico é Marcos Mancinni, deixou de fumar em agosto de 2018. Ele conta que fumava em torno de 30 cigarros por dia e tinha poucas esperanças de que um dia conseguiria se livrar do vício.

“Eu tenho uma vida profissional muito atribulada. Sou músico, participo de uma banda de rock, trabalho na noite e além disso atuo como produtor e fotógrafo de shows e moro sozinho. O cigarro se encaixava muito bem em tudo isso”, conta Marcos.

Duas coisas contribuíram para sua tomada de decisão: as sequelas físicas e o nascimento da filha.

“Eu sempre gostei de praticar esporte como surfe, boxe, ciclismo e faltava fôlego para fazer as atividades. Outra coisa é que quando pegava minha filha bebê nos braços, ela toda cheirosinha e eu exalando tabaco, são coisas que não combinam”, relembrou.

Luta para vencer o vício

Marcos descobriu que o grupo de apoio ao controle do tabagismo existia quando foi tomar uma vacina na US Vila Clarice e viu um folder com a frase “Quer parar de fumar”? Como já pensava em deixar o cigarro, resolveu se inscrever.

“No início foi bem difícil, mas resolvi insistir. Aí você escuta umas histórias de pessoas que chegam no grupo já doentes e estão ali tentando parar de fumar no ‘desespero’ e muda a sua visão de mundo”, explicou.

“Foi muito bom vencer tudo isso. São quatro anos de abandono absoluto do cigarro. A sensação é muito boa, melhorou muito a capacidade de respiração. Agora consigo fazer pedaladas de até 100 km sem dificuldade”, comemorou.

Força de vontade

O aposentado Sérgio Jader Caponi, 61 anos, morador no Novo Mundo, também descobriu o grupo de apoio para deixar de fumar quando foi levar a filha para tomar uma vacina na US Vila Clarice. Sérgio viu o panfleto e decidiu se inscrever. Ele já completou quatro encontros do grupo de apoio a quem quer parar de fumar.

“No terceiro encontro já deixei o cigarro e também não usei mais os adesivos de nicotina e não estou sentindo falta”, garantiu.

Sérgio disse que teve bastante pressão por parte da esposa e da filha para deixar o hábito, cultivado por 45 anos. “Depois que eu tomo um café, o cérebro pede um cigarro, mas eu não sinto este desejo físico de fumar. Eu tenho cachimbo, charutos e cigarros em casa. Já tem dez dias que não chego nem perto. Tenho acesso fácil a tudo isso, mas não sinto necessidade de fumar e quero continuar assim”, garantiu.

Ação com motoristas e cobradores

Além de atuar na US Palmeiras, o grupo de controle do tabagismo também tem feito ações externas. Uma delas foi realizada na empresa Viação Sorriso, com um grupo de 16 funcionários fumantes que queriam abandonar o vício.

“Fizemos este trabalho junto a motoristas e cobradores do transporte coletivo, como forma de prevenção à saúde desses trabalhadores. A notícia se espalhou e agora outros funcionários da empresa estão procurando a unidade da saúde para ingressar na terapia”, explicou Cristiane.

Câncer de boca

Além das orientações, os pacientes do grupo da US Vila Clarice também são submetidos a exames de detecção de lesão bucal e da dentição. O serviço é oferecido em algumas das unidades que fazem parte do programa de controle do tabagismo.

“O uso prolongado de tabaco pode causar sérios danos à saúde bucal, além de doenças como câncer de boca, doenças periodontais, que pode causar perda precoce dos dentes”, alertou Maria Augusta de Paula Mexia Tissot, dentista, que trabalha há 26 anos na Unidade de Saúde Vila Clarice, e integra o grupo de controle do tabagismo da unidade.

Ultimato do médico

Quem procura ajuda para deixar de fumar dificilmente vai por conta própria, embora existam exceções.

“Geralmente, os pacientes procuram ajuda para parar de fumar quando recebem um ultimato do médico ou se a pressão da família para que abandone o vício é muito forte”, explicou a enfermeira Adriana Oczust, que coordena o grupo da US Vila Clarice, no Novo Mundo.

Lá, as reuniões acontecem em uma sala cedida pelo Igreja Adventista do Sétimo Dia, que fica próxima à unidade.

Orientações e apoio

Adriana explicou que os pacientes recebem orientações de um grupo de profissionais.

“Toda sessão a gente faz alongamento e os pacientes aprendem técnicas de respiração com o preparador físico”, contou.

Eles também são orientados sobre a alimentação para evitar o aumento do peso quando deixam de fumar. Para os fumantes crônicos, é feita prescrição médica de psicotrópicos para apoiar o tratamento.

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