Greca participa do lançamento de livro com relatos de violência doméstica

Greca participa do lançamento de livro com relatos de violência doméstica

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Intitulada Vire a Página, a obra traz depoimentos de dezenove mulheres que passaram pela Casa da Mulher Brasileira ou Pousada de Maria

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) divulgou um estudo sobre a Lei Maria da Penha e concluiu que o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-Pr) foi o quinto em registro no número de violência doméstica contra a mulher em 2017, em todo o Brasil, com um total de 32.441 processos. De acordo com o estudo, a Justiça paranaense recebe, em média, 89 denúncias por dia, o que significa um novo processo a cada 16 minutos. De 2016, ano que registrou 27.747 casos, para 2017 houve um um aumento de 16,9%.

Quadro desafiador

De olho nesse quadro desafiador, o Prefeito Rafael Greca (DEM) lançou, na quarta-feira (20/03), o livro ‘Vire a Página’, com depoimentos de dezenove mulheres vítimas de violência doméstica que passaram pela Casa da Mulher Brasileira (CMB) ou Pousada de Maria- fundada em 1993, no primeiro mandato de Greca. O livro, disponível para download no endereço eletrônico vireapagina.com.br, também será disponibilizado na versão pocket-imprensa em Unidades de Saúde, escolas, e nas dez regionais da cidade, durante ações do Ônibus Lilás. A campanha também conta com book trailer em animação, divulgação em redes sociais e revistas, entre outras ações.

Pioneirismo em Curitiba

Durante o lançamento do livro, realizado na Prefeitura de curitiba, no dia 20, Greca falou da importância de desenvolver políticas públicas de proteção à mulher, lembrando do pioneirismo de sua primeira gestão em Curitiba, na década de 90, quando, junto com a primeira-dama Margarita Sansone , fundou a primeira casa de acolhida à mulher vítima de violência doméstica- a Pousada de Maria. “Queremos que a grandeza dessa cidade se reflita na forma como trata os mais pobres e em situação de vulnerabilidade”, ressaltou o prefeito.

“Sociedade perversa”

Após o evento, em entrevista exclusiva a João Aloyso Ramos, diretor deste jornal, o Prefeito Greca destacou que a criação de uma rede de proteção contra a violência doméstica torna Curitiba uma cidade melhor. “Além disso, vai fazer com que a Casa da Mulher Brasileira, fundada há três anos, equipada com a Delegacia da Mulher, atendimento médico e psicossocial, possa atender as mulheres de toda a Região Metropolitana. Não é legal, não é bom, é condenável toda forma de violência. Mas a violência contra a mulher é duas vezes mais condenável, porque é contra a mulher e contra a mãe. Uma sociedade que não seja capaz de amar suas mães e suas mulheres é uma sociedade estéril, uma sociedade perversa”, enfatizou Greca.

Pousada de Maria

Também com exclusividade, a Presidente da FAS- Fundação de Ação Social, Margarita Sansone, relatou que Curitiba conta com uma bela história de políticas públicas contra a violência doméstica. “Nossa cidade sediou a primeira pousada de apoio às mulheres. “Em 1993 fundamos a Pousada de Maria, depois fomos abrindo casas e mais casas, apoiando as que não tinham para onde ir. Fomos evoluindo até chegarmos à FAS. De lá pra cá criamos vários programas de proteção, inspirando o Greca nessa vontade de melhorar a vida dos que mais sofrem, dos mais vulneráveis. Fico muito feliz que Curitiba esteja fazendo sua parte. Inclusive, temos depoimentos formidáveis de visitantes que expressam sua alegria de ver que a mulher em Curitiba é respeitada”, declarou a Primeira-Dama.

Rede de Proteção à Mulher

Presente ao evento, a Coordenadora-Geral da Casa da Mulher Brasileira em Curitiba – CMB, Sandra Praddo, que participou ativamente da organização do livro, destacou à reportagem que o “Vire a Página é de grande importância para incentivar as mulheres a denunciar os abusos e buscar ajuda perante o poder público. “A campanha traz todo um olhar voltado à mulher em situação de violência doméstica, no sentido de incentivá-la a sair dessa condição, mostrando que se procurarem ajuda, orientação, apoio, vão conseguir se libertar do problema. E, dessa forma, conseguirão retornar a uma vida com dignidade, com autoestima, a exemplo dessas dezenove mulheres atendidas pela Casa da Mulher Brasileira ou pela Pousada de Maria e que deram seus depoimentos no livro. Além de todos os serviços da Rede de Proteção, elas conseguiram um emprego, retomaram a autonomia, a dignidade, encontraram um novo parceiro. Algumas se tornaram empreendedoras, enfim, romperam o ciclo de violência doméstica. O livro e a campanha mostram às mulheres que existe luz, uma nova oportunidade, que elas têm vez e voz e podem sair dessa situação”, afirmou.

Casa da Mulher Brasileira

Sobre a Casa da Mulher Brasileira, em funcionamento há três anos na capital, Sandra Praddo enfatizou que se trata de um espaço inovador para atendimento humanizado a todas as mulheres que se encontram tipificadas pela Lei Maria da Penha, a exemplo de sofrer violência física, psicológica, moral ou patrimonial. “A Casa conta com Delegacia da Mulher e atendimento psicossocial, e para um melhor atendimento é feita uma triagem. Se for preciso fazer um Boletim de Ocorrência, a vítima é encaminhada para o procedimento. Há uma rede de serviços integrados para atendimento de todas as demandas dessa mulher, incluindo Defensoria Pública, Ministério Público e Juizado, tudo num espaço integrado”, explicou a coordenadora.

Apoio da Prefeitura de Curitiba

Ainda segundo Sandra, o apoio da Prefeitura foi fundamental. “O convite para lançar o livro partiu da Vereadora Maria Letícia, que conta com uma ONG especializada, a ‘Mais Marias’. “Se não fosse o apoio do Prefeito Greca, da Margarita e da vereadora, não teríamos concretizado esse projeto. A Casa da Mulher Brasileira tem apenas três anos e é preciso levar essa esperança às mulheres”, defendeu.

O grande desafio

Para a coordenadora da CMB, colher o depoimento das dezenove mulheres que passaram pela Casa foi um grande desafio, e muito emocionante também. “De início, eram sessenta mulheres. Mas, sabemos que é muito difícil a quem passa por essas situações conseguir se expor, mesmo depois da superação. Medo, vergonha, dificuldades emocionais, memórias dolorosas, é algo muito delicado. Poso afirmar que essas dezenove mulheres são guerreiras, muito vitoriosas, por contarem suas histórias a fim de que outras mulheres tenham esperança e coragem para buscar ajuda. É muito gratificante saber que é possível superar essa situação, virar a página, mesmo”, contou Sandra Praddo.

Crescimento das denúncias

A Delegada Márcia Rejane Vieira Marcondes, coordenadora das 20 Delegacias da Mulher do Paraná, comentou com a reportagem sobre o crescimento das denúncias de violência doméstica, nos últimos anos. Conforme avalia, o crescimento das notificações, de Boletins de Ocorrência, deve-se ao aumento da confiança em denunciar ao poder público, por este demonstrar maior preparo para acolhê-las e, também, para levar uma resposta contundente aos casos. “Existe uma confiança maior dessas mulheres em nos procurar. Bem como muito se deve, também, ao fato de que o poder público, a justiça, a polícia estarem dando uma resposta a contento a esses casos. Tem ocorrido uma evolução nessa área, tanto a partir das Delegacias como no Judiciário. Isso é importante, porque não queremos que a mulher adie em nos procurar, gerando uma quadro de subnotificação. O fato de se estar falando mais do assunto tira o problema debaixo do tapete, encorajando as denúncias”, avaliou.

“Agressão é crime”

Na avaliação da Delegada, além da proteção à mulher, é preciso uma atuação junto ao agressor, inclusive, de forma preventiva, ao disseminar a informação de que o homem que agride a mulher não está exercendo um direito, mas cometendo uma agressão, um crime. “Em conversas com agressores, verificamos que eles entendem que, ao agredir a mulher, não são agressores, mas, exercem um direito sobre ela. É preciso atuar com informação, com formação, conscientizando esses homens de que agredir a mulher não é um direito do homem, mas uma agressão punível pela lei, pela Justiça”, frisou.

Menções honrosas

O Prefeito Rafael Greca entregou menções honrosas a três mulheres emblemáticas para o enfrentamento da violência doméstica e protagonismo feminino curitibano. A primeira delas foi a primeira-dama Margarita Sansone, idealizadora da Pousada de Maria, que completa 26 anos de acolhimento às vítimas em Curitiba.

Depois foi a vez da Vereadora Maria Letícia Fagundes (PV), médica e fundadora da ONG Mais Marias, primeira mulher do PV a ser eleita à Câmara de Curitiba, em 2016. “Estar aqui hoje e receber essa homenagem é muito gratificante, assim como ver a campanha ‘Vire a Página’, que acompanhei a criação, ser lançada”, disse a Vereadora.

A Presidente da Associação Fênix, Sandra Dolores de Paula Lima, que oferta atendimento às vítimas e suas famílias, foi a última das homenageadas e contou sobre o trabalho desenvolvido por ela. “Na Fênix, as mulheres, suas famílias e até os agressores recebem atendimento. Queremos prevenir a violência, por meio da conscientização. Mudar a cultura machista”, afirmou.

Representatividade

O lançamento da campanha ‘Vire a Página’ reuniu 200 pessoas entre autoridades e representantes de movimentos sociais. No site da campanha, a população poderá acessar os serviços da Prefeitura direcionados ao público feminino, como: Programa Mãe Curitibana, Pousada de Maria, Patrulha Maria da Penha, Unidade de Acolhimento a Pessoa Idosa, Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Rede de Proteção, Prêmio Empreendedora Curitibana, entre outras.

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