por Noelcir Bello
Gilmar nasceu em Maringá e há quase 30 anos mora em Pinhais. Desde que chegou à cidade, nosso entrevistado reside na Avenida Airton Senna. Casado com dona Vera, tem três filhos e dois netos.
Apaixonado por fuscas, Gilmar garante que seu amor por esse modelo de automóvel vem de muito cedo e lembra que aprendeu a dirigir em um fusca. Certo dia, recebeu o modelo da Volkswagen como pagamento de uma dívida e, desde então, o gosto e a pesquisa por mais informações sobre o carro que está presente na história do povo brasileiro só aumenta.
Um especialista no assunto
Gilmar se tornou especialista em fuscas e há 15 anos trabalha com o modelo. “Sempre gostei do fusca, mas só depois que recebi um como parte de pagamento é que percebi que era um bom negócio para trabalhar, já que tem giro rápido. Passei a fazer uma espécie de garimpagem em todo o interior do estado buscando fuscas. Tenho ainda um corretor para procurar os carros”, contou.
Seu público é bastante exigente, por isso se revela muito detalhista. Quando encontra um veículo interessante, checa repetidas vezes todas as peças para saber se realmente são originais. “Só trabalho com carros em perfeito funcionamento e toda aquisição só é feita após uma minuciosa vistoria”, afirmou nosso entrevistado.
Por ser um modelo de carro que não se oferece garantia na venda, os lojistas de Pinhais, Piraquara, Campina Grande do Sul, Curitiba e região, preferem indicar Gilmar para vender seus fuscas. Hoje, ele tem inclusive um fusca com mais de 46 anos de uso, em perfeito estado.
A cada cem quilômetros o velocímetro do fusca zera, então não há como saber quantas vezes ele já reiniciou. Como não há garantia, o importante é sempre estar atento à carroceria do carro.
Queridinho do Brasil
Uma grande vantagem do Fusca é a facilidade em encontrar as peças. Segundo Gilmar, alguns clientes gostam do fusca para usar no dia a dia, mas a maioria é para os colecionadores que só os tiram da garagem aos finais de semana.
Desde quando começou a trabalhar vendendo fuscas, ele já negociou mais de 600 fuscas, chegando a vender mais de 30 por ano. Os veículos fabricados antes de 1970 são os mais requisitados e, consequentemente, os mais caros. “As vendas andavam meio paradas, mas nos dois últimos meses já há uma certa reação do mercado. Parece que tudo está voltando ao normal e a tendência é melhorar até o final do ano. A melhor época para vendas são janeiro e fevereiro”, disse.
Seu principal canal para vendas é a internet, sempre anuncia os modelos na OLX e tem bastante procura. Ele conta também com as indicações das lojas de carros.
Carro popular
O primeiro fusca foi lançado em 1959 na Alemanha. Fabricado para o exército alemão, ele tem uma divisória no vidro que facilitaria o seu uso na guerra. Após a Volkswagen trazer uma fábrica para São Bernardo dos Campos, em São Paulo, a popularização deste carro só aumentou, e rapidamente.
Já dizia o ditado que “Quando se tem um fusca, o dono vira mecânico”. Para isso, basta ter um alicate, uma chave de fenda e um pedaço de arame. Às vezes, é preciso também uma pedra para colocar na folga entre o carburador e o acelerador. “Já andei mais de 300 quilômetros assim”, garantiu.
Casado há 40 anos, Gilmar sempre passeia com sua esposa em um dos seus fuscas, o que sempre acaba se transformando em propaganda para o seu negócio, já que as pessoas gostam de tirar fotos dos seus veículos. A paixão por fuscas já contagiou a família toda, incluindo os netos. “Todo mundo ama o fusca. O surpreendente é o gosto que as crianças têm pelo carro. Outro fato que chama atenção é que mais de 80% dos meus clientes são mulheres”, comentou.
Grande procura pelo modelo
Pessoas do Brasil inteiro procuram Gilmar para obterem mais informações sobre o modelo, mas a maioria dos seus clientes são de Santa Catarina. “O Brasil passou a vender mais que a própria Alemanha. Sempre produzimos para exportar à toda a América do Sul. Hoje recebo de 80 a 100 ligações por dia e mais de cem mensagens de pessoas que buscam modelos e informações. Também participo de feiras de carros e aproveito para realizar contatos com possíveis compradores”, pontuou.
Como há muito tempo está inserido neste meio, já encontrou muitos entendidos de montagem do motor do fusca, que chegam a trocar um motor todo em apenas 20 minutos. Os sistemas são simples, com velas e uma distribuição comum, por isso sua manutenção é barata.
O fusca é um carro que não obedece a tabela Fipe, sendo assim, o proprietário é quem faz o preço. É comum em um mesmo dia você comprar por um preço e já vender bem acima do que pagou. A cor é um fator determinante para a venda. As cores que mais vendem são azul, amarelo e verde. “Já tive um fusca verde místico que foi vendido para um cliente de Santa Catarina. Vendi na mesma semana da compra e o atual dono afirma que não o venderia por nada”, afirmou.
Um pouco da história do Fusca
Ao longo da história, foram lançados diversos modelos, com algumas notáveis diferenças: do motor 1200 ao mais potente motor 1600.
Em1986, foi lançado uma série especial, top de linha, com numeração diferenciada no vidro, que saiu em série ouro à gasolina. Depois, nos anos 90, surgiu o 1600 tork, conhecido como Fusca Itamar, que foi lançado na época do presidente Itamar Franco. “Esse era top de linha, com um carburador, porém gastava muito, mas ainda assim é considerado “mosca branca”. Um fusca bem regulado faz em média 12 a 13 quilômetros por litro”, contou.
Quanto à velocidade, os modelos mais antigos andam mais devagar e, segundo o ditado popular, estes exigem um relho para bater nele, como se fosse um cavalo, de tão lento que são. Já para os mais recentes há outro ditado: estar a 120 Km por hora é estar com um pé no fusca e outro no caixão, pois se torna muito perigoso.
Serviço
Nosso entrevistado atende na Avenida Airton Senna, 1308. O telefone para contato é o (41) 3653.7549 ou (41) 9666.6604. Gilmar oferece ainda o serviço de chofer para as noivas que queiram ir para a igreja em um de seus fuscas.