Antes de mais nada, precisamos nos situar em relação ao resto do mundo. Vivemos em um País sem terremoto, tsunamis ou qualquer outra grande catástrofe ambiental. Só em termos de território temos mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados de extensão (8.515.759,090 km2) o que nos torna o quinto maior País do mundo, nos dando uma extensão territorial privilegiada.
Sabemos ainda que o Brasil possui grandes pesquisadores na área de produção de alimentos e que o investimento em ciência e novas técnicas de cultivo e manejo, ao longo das últimas décadas, ajudaram a posicionar o Brasil entre as potências mundiais produtoras de alimentos. Em 2022, o País registrou marcos importantes no agro: foi o maior exportador mundial de soja do planeta (98 milhões de toneladas); terceiro maior produtor de milho e feijão (110 milhões e 3 milhões de toneladas, respectivamente); mais de um terço da produção mundial de açúcar é gerado aqui, liderança absoluta no produto; e o maior volume de carne bovina exportada do mundo saiu daqui (2,3 milhões de toneladas).
Com esses números postos, podemos dispensar os velhos jargões como “não há crise que resista ao trabalho” ou “em toda a crise há uma oportunidade” e outros no gênero. O que pretendemos é destacar verdadeiramente nossas vantagens competitivas em relação a outros produtores mundiais, é propor um movimento dotado de ações anticrise, onde todos possamos trilhar o mesmo caminho – o do retorno ao crescimento.
É claro que não depende apenas das nossas ações, mas creio que um movimento voltado para a positividade e o crescimento, sem tanto pessimismo, possa ajudar. Se nos fixarmos nas vantagens e tentarmos corrigir os problemas como reforma tributária, reforma administrativa e outros privilégios talvez possamos nos desenvolver, gerar emprego e voltar a pensar que o Brasil possa ser o País do presente e não do futuro, como tantas vezes apregoado.
Já fomos chamados de celeiro do mundo, levando em conta a nossa capacidade de produção de alimentos. O Brasil é o segundo maior exportador mundial de alimentos em volume e a nossa indústria manda seus produtos para mais de 180 países.
As nossas tempestades são de outra natureza e, como tudo na vida, vão passar. Uma certeza temos, 2023 vai ser o que fizermos dele. Com as promessas das reformas em curso, podemos ter esperança de um ano mais promissor. Sabemos ainda que não adianta se desesperar e tomar atitudes impensadas para tentar resolver os problemas de agora sem pensar no futuro. Precisamos nos concentrar nos aspectos positivos do nosso País, que são muitos.
É preciso que os investimentos voltem para o País deslanchar. Precisamos de indústrias fortes, que gerem empregos e tragam divisas para o País. Precisamos de indústrias que impeçam importações, gerando economia de divisas para o País e dando emprego aos brasileiros e não nos países de origem das importações.
Sem indústria forte, os empregos não voltarão e continuaremos com uma grande legião de desempregados ou subempregados que sem consumo interno condenarão o País a eterna pobreza.
Continuo a dizer que o melhor programa social ainda é o emprego. Vamos torcer por 2023.
J.A.Puppio é empresário e autor do livro “Impossível é o que não se tentou”