Não é de hoje que se comenta, não, apenas, entre críticos e opositores, mas, também, entre apoiadores, que o setor de Comunicação do Governo Lula é muito ruim. Neste início de 2025, o governo, enfim, anunciou a troca no comando da Secretaria de Comunicação (Secom). Sai o ministro Paulo Pimenta e entre o publicitário Sidônio Palmeira, que foi marqueteiro da campanha presidencial em 2022.
Porém, fica a grande questão: adianta trocar de profissional da Comunicação quando o cenário nada promissor da economia só atrapalha? Quando o dólar continua nas alturas, ultrapassando os R$ 6,00; quando o arcabouço fiscal do Haddad não conquista a confiança dos investidores; quando as altas na taxa de juros Selic prometem não dar trégua, havendo previsão de mais duas elevações até março?
Propaganda X realidade
Com o cenário complicado, bastante difícil na economia, sem dúvidas, não haverá malabarismos linguísticos e de criatividade na propaganda que consiga dar jeito. A meta fiscal do Haddad é fraca, insatisfatória, e se o rombo continuar a ser coberto apenas com ampliação de receita (via tributos), ao invés de corte de gastos, a grande probabilidade é a de que a aprovação do governo deverá cair acentuadamente, em 2025.
Machismo de Lula
Outro ponto a considerar, são as falas de improviso do presidente Lula. O evento em memória aos dois anos do 8 de janeiro foi marcado por uma fala de improviso do petista, de teor machista, que ganhou mais destaque na imprensa que qualquer outra coisa dita. “É por isso que sou um amante da democracia. Não sou mero marido. Eu sou um amante da democracia por que, na maioria das vezes, os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres. Eu sou um amante da democracia por que conheço o valor dela”, disse Lula, sob um olhar de reprovação da primeira-dama Janja acompanhado de um gesto de cabeça comunicando uma negativa. A primeira-dama, todos já sabem, gostaria de comandar a Comunicação do governo… Com ela, nossa primeira-dama woke, as coisas seriam bem diferentes na comunicação…
Cultura woke
Lula é um homem de 79 anos, de uma geração em que esse tipo de comentário era considerado normal. Não se atualizou. Não é adepto da cultura woke, politicamente correta, que embasa o progressismo na atualidade. Porém, se fosse Bolsonaro, um homem, também, forjado na cultura das gerações mais velhas, a ter dito uma coisa dessa, a imprensa teria escrachado com ele. A imprensa deu destaque a fala machista do petista, mas de forma muito mais suave do que teria feito se fosse Bolsonaro. O futuro ministro da Comunicação Social foi indagado, inclusive, se deverá aconselhar o presidente da República a não falar de improviso tais barbaridades. Sidônio Palmeira disse que não. Ora, quer dizer que se for um esquerdista a dizer impropérios atualmente considerados “ofensivos” não há problema?
“Discurso de ódio”
A propósito do anúncio das novas diretrizes da gigante de tecnologia Meta, que quer restaurar a liberdade de expressão, se Lula escrevesse um discurso machista como esse nas redes sociais, seria censurado? Conforme as diretrizes atuais, é provável que sim. Todavia, para a esquerda, ”discurso de ódio”, preconceito, machismo, é somente aquele que vem da direita. Quando vem da esquerda, existe compreensão e empatia com um senhor de 79 anos, de uma geração bastante antiga, em que o machismo era considerado normal.
Globo de Ouro
É interessante observar Lula tendo surfado na onda da premiação da atriz Fernanda Torres, que ganhou o prêmio de melhor atriz dramática por sua atuação no filme “Ainda Estou Aqui”, do cineasta Walter Salles. No discurso do ato em memória ao 8 de janeiro, o presidente fez referência ao título do filme: ”Hoje é dia de dizer em alto e bom som, ainda estamos aqui. Estamos aqui para dizer que estamos vivos, que a democracia está viva ao contrário do que planejaram golpistas do 8 de janeiro”…
Evento esvaziado
O ato em memória ao 8 de janeiro, considerado bastante esvaziado conforme avaliação da grande imprensa, na verdade, ganhou conotação de palanque político onde se enalteceu o governo Lula e teceu-se críticas indiretas a Bolsonaro. Poderia ter se revelado uma verdadeira homenagem apartidária a democracia que unificasse a todos os “amantes” dela, sejam de esquerda, centro ou direita. Pois, a imensa maioria da direita, seja conservadora ou liberal, é “amante“ da democracia, também. Mas o evento não agregou o interesse apartidário de todos que zelam por ela, transformando tudo num palanque político onde Lula e o PT foram colocados como os paladinos da democracia.
“Sem anistia”
Durante o evento, ouviu-se gritos de “sem anistia”, referindo-se aos presos políticos pelos atos de 8 de janeiro. Curiosamente, a esquerda, no passado, defendeu, lutou arduamente, pela anistia aos “revolucionários” que atuaram contra a ditadura militar. “Revolucionários” inspirados em Che Guevara e outros guerrilheiros ícones que não queriam exatamente uma democracia, para dizer o mínimo…Mas deve ser por que se trata de “ódio do bem” quando a falta de perdão vem da esquerda.