A notícia de que a Polícia Federal prendeu dois suspeitos de planejar um ataque terrorista no Brasil por ordens do grupo terrorista libanês Hezbollah causou surpresa a quem acreditava que nosso país estaria livre de crimes dessa natureza. Mas, infelizmente, o Brasil tem se revelado terreno fértil para práticas criminosas as mais variadas. A boa notícia ficou por conta da competência da Polícia Federal que, na operação Trapiche, prendeu os dois brasileiros suspeitos e expediu onze mandados de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. Um deles, descendente de libaneses, foi preso no aeroporto de Guarulhos, ao chegar do Líbano.
Mossad e FBI
A Polícia Federal não mencionou o nome do grupo terrorista Hezbollah, preferindo cautela no decorrer das investigações. Porém, autoridades do governo de Israel tuitaram sobre a operação da PF citando claramente o nome do Hezbollah e acrescentando sobre a colaboração do serviço de inteligência de Israel, o Mossad, nesta operação, bem como de outras agências internacionais. Entre essas agências, está o FBI, dos EUA.
Constrangimento
O ministro da Justiça, Flávio Dino, não gostou da divulgação, pelo governo de Israel, da participação do Mossad, afirmando que “nenhuma instituição estrangeira manda na Polícia Federal”. Uma reação bastante estranha e desmedida, uma vez que, em nenhum momento, o governo de Israel disse que manda na Polícia Federal. Apenas, divulgou o fato. Mas, Dino entendeu como uma tentativa de politização da operação por parte de Israel. O que é indiscutível é o fato de ser muito comum haver colaboração entre agências de inteligência e investigação de mais de um país quando se trata de crimes de abrangência internacional. Já o FBI, dos EUA, foi mais discreto e disse preferir não comentar sobre sua participação em investigações deflagradas em outros países, por isso, não divulgou sua colaboração.
Risco ou sensacionalismo
Mas, enfim, o que realmente importa ao povo brasileiro é o temor sobre eventuais riscos que o Brasil possa estar correndo de sofrer atentados terroristas por parte de grupos radicais islâmicos como o Hezbollah. Certamente, há quem minimize esse risco devido a antipatia que sente por Israel. Afinal, o Hezbollah é um partido político libanês que tem seu braço paramilitar, de natureza terrorista, financiado e organizado pela ditadura do Irã. E que tem como objetivo maior destruir o Estado de Israel, sendo de inspiração fundamentalista islâmica, ou seja, tem em seu cerne a motivação religiosa de deflagração da jihad (guerra santa) contra os infiéis (judeus e ocidentais não-convertidos ao Islã). O Hamas, um grupo terrorista menor e menos poderoso que o Hezbollah, também conta com essas características, com a diferença de que é sunita. Enquanto o Hezbollah é xiita, outra divisão, mais radical, dentro do Islamismo.
Minorias radicais
É importante ressaltar que tais grupos terroristas não representam todo o Islamismo, constituindo-se em minorias radicais. Contudo, minorias bastante poderosas e causadoras de muitas mortes, destruição e guerras, a exemplo da que acontece entre Israel e Hamas, na Faixa de Gaza. Portanto, a Polícia Federal merece ser parabenizada pelo eficiente trabalho nesta operação. A expectativa é de que não descanse nestas investigações de combate ao terrorismo no Brasil, tendo por objetivo impedir a atuação de possíveis células terroristas aqui em nosso país.
Combate ao terrorismo
Já temos inúmeros problemas de segurança pública, incontáveis desafios no combate a criminalidade. Mas, não é exagero incluir mais essa preocupação. A tríplice fronteira, em Foz do Iguaçu, é uma região que merece grande atenção por parte das autoridades policiais. Aquela região é rota de fuga e entrada de criminosos, de tráfico de drogas, de armas, de contrabando. Vale lembrar que grupos terroristas de fundamentação islâmica buscam financiamento a suas operações por meio do tráfico de drogas, bem como valem-se do tráfico de armas. E que Foz do Iguaçu já esteve em evidência na década de 90 quando da investigação do atentado terrorista do Hezbollah na Argentina, que matou 85 pessoas na Associação Mutual Israelita Argentina. Um número de celular pré-pago de Foz do Iguaçu apareceu nas investigações, na conta do libanês Salman El Reda, um operador do grupo libanês.
Brasileiros procurados pela Interpol
Não é o momento de minimizar os riscos, uma vez que a guerra na Faixa de Gaza esquentou os ânimos. Um dos suspeitos presos na operação da PF confessou ter sido recrutado pelo Hezbollah e que um ataque estaria em vias de ser executado a endereços ligados a comunidade judaica e israelita, a exemplo da Embaixada de Israel em Brasília. A Justiça Federal também expediu dois mandados de prisão a dois brasileiros descendentes de libaneses que se encontram no Líbano, como parte da mesma operação. Os dois brasileiros estão na lista de procurados da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal).
Recrutamento de terroristas
É importante destacar que uma das possíveis formas de recrutamento de novos membros por parte de grupos terroristas se dê pela internet. As redes sociais e, particularmente, a deep web, são espaços onde radicais encontram-se a vontade para expressarem apoios a todo tipo de extremismo. Jovens são os grandes alvos dos recrutadores por serem mais influenciáveis e permeáveis a ideias e ideais extremistas onde o ódio e o combate a inimigos de suas causas é a tônica. Muita lavagem cerebral, muita doutrinação bastam para que sejam convencidos a fazer qualquer coisa pelo grupo, a matar e a morrer por causas as mais absurdas possíveis.