Estado e Prefeitura de Curitiba discutem modelo de linha férrea fora da Capital

Estado e Prefeitura de Curitiba discutem modelo de linha férrea fora da Capital

Concessionária está em negociação com o Governo Federal para renovação antecipada do direito obtido até 2027. Por isso, Estado e capital querem propor soluções para o conflito gerado pelas linhas férreas na cidade.

Há anos a construção de um contorno ferroviário na Região Metropolitana de Curitiba alimenta a esperança de quem mora ou circula perto da linha do trem. Na sexta-feira (16), uma reunião entre o Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário, a Coordenação da Região Metropolitana (Comec) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) retomou essa discussão.

As linhas férreas são uma concessão do Governo Federal. A Região Metropolitana de Curitiba faz parte da Malha Sul e quem explora é a Rumo Logística. A empresa está em negociação com o Ministério da Infraestrutura para renovação antecipada do direito até 2027. Por isso, o Estado, por meio do Grupo de Trabalho do Plano Estadual Ferroviário e a Comec, e a Prefeitura de Curitiba voltaram a discutir o assunto e estão atentos à negociação.

O projeto da Nova Ferroeste, que está em andamento, também prevê uma alça pela cidade com o objetivo de não atrapalhar o fluxo urbano.

O coordenador do plano, Luiz Henrique Fagundes disse que a ferrovia induz o desenvolvimento das regiões por onde passa, por isso é preciso planejar com cautela os próximos passos. “Em Curitiba, o que houve no passado foi um crescimento desordenado em torno da ferrovia. E esse conflito tem que ser resolvido”, disse.

“A gente entende a necessidade do deslocamento desses vagões para o Porto de Paranaguá, mas existe há muito tempo essa necessidade de pensar um novo ramal, um novo traçado para melhorar a segurança das pessoas”, completou Gilson Santos, presidente da Comec.

Na reunião, foram avaliados o traçado da malha ferroviária existente e o projeto da Nova Ferroeste, que vai ligar Maracaju (MS) a Paranaguá. Um dos saldos é a elaboração de um documento coletivo que será protocolado junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

“A ideia é que a gente leve esse documento à ANTT e, depois, se necessário, ao Ministério da Infraestrutura. Queremos chegar a um bom termo e conseguir uma solução definitiva para esse problema nos cruzamentos ferroviários”, avaliou Clever Almeida, assessor do IPPUC. “É uma alternativa mais moderna, inclusive, porque apresenta soluções melhores para as concessionárias, por isso acreditamos que esse projeto vai contribuir muito para a resolução”.

CURITIBA

Segundo o Programa de Segurança Ferroviária em Áreas Urbanas, o Prosefer, ligado ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, entre 2008 e 2011 foram avaliados 5.609 cruzamentos ao longo de 15 mil quilômetros de trilhos que percorrem 596 municípios em 16 estados. Curitiba foi a cidade com a pior avaliação, seguida de Paranaguá.

Em 2020, o Corpo de Bombeiros registrou 17 ocorrências na Capital. Este ano, entre janeiro e junho, já aconteceram 14 acidentes. O mais recente, no dia 23 de junho, provocou a morte de uma pessoa. Em Curitiba há 37 quilômetros de trilhos que cortam os bairros das regiões Sul e Leste. Ao todo são 45 passagens de nível instaladas para a circulação de pedestres e veículos, a maioria no Uberaba e no Cajuru.

A ligação da Capital com o mar foi construída pelos Irmãos Rebouças há mais de 100 anos, no período imperial.

NOVA FERROESTE

O projeto da Nova Ferroeste, do Governo do Paraná, é uma solução parcial para esse conflito. O traçado da ferrovia contorna a Capital, permitindo a migração de parte da carga para os novos trilhos.

Com 1.285 quilômetros de extensão, a Nova Ferroeste ligará Mato Grosso do Sul e Paraná, criando um dos mais importantes corredores de exportação do Brasil. A expectativa é viabilizar o transporte de 38 milhões de toneladas de carga no primeiro ano de funcionamento. Destes, 26 milhões de toneladas seriam exportadas pelo Porto de Paranaguá.

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