O Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba, realizou o procedimento, que não ocorria desde 2015.
Reconhecido mundialmente como referência em doações e transplantes de órgãos, o Paraná deu mais um salto para continuar liderando o ranking na área. Por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba, voltou a realizar transplante pediátrico de fígado. O procedimento em crianças abaixo de cinco anos não acontecia desde 2015 no Estado.
O transplante foi feito em um menino de um ano e dois meses no dia 27 de janeiro e o paciente recebeu alta na quarta-feira, dia 19. Mathias Fernandez Baião Wagner mora em Foz do Iguaçu e foi diagnosticado com problemas no fígado já nos primeiros dias de vida. Seu pai, Vitor Fernando Wagner, de 19 anos, cedeu parte do órgão para o filho. “É o papel do pai, a gente sempre quer ver o filho melhor e aí faz de tudo”, disse Vitor.
“Todo transplante é um procedimento complexo, mas quando nos referimos à pediatria, elevamos ao máximo o nível de cuidados. Sendo assim, é importantíssimo que voltemos a ofertar serviços nesta área”, afirmou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
A alegria da família do pequeno Mathias é imensa, porque o bebê poderá viver com mais qualidade. “Foi um ano de caminhada até o transplante. Mas a cirurgia foi bem-sucedida e fico muito feliz em saber que mais crianças terão a mesma oportunidade que o Mathias”, comentou a avó materna, Josefina Diaz Fernandez Baião.
TRANSPLANTES
Neste período em que o serviço não era realizado no Paraná, a Secretaria de Estado da Saúde, através dos profissionais do Sistema Estadual de Transplantes (SET/PR), realizava a transferência dos pacientes pediátricos que necessitavam de um fígado para São Paulo e, em alguns casos, para o Rio Grande do Sul.
“É importante salientar que o Paraná não deixou essa classe desassistida. Realizávamos a transferência dos pacientes através do Sistema de Tratamento Fora de Domicílio (TFD) para outros estados”, explicou a coordenadora do SET/PR, Arlene Terezinha Badoch.
“Para nós, e principalmente para a família que está na espera por um órgão, é melhor que o transplante seja realizado dentro do nosso Estado, sem precisar se deslocar. Pensando nisso, fizemos todo o possível para que o HPP voltasse a fazer transplante pediátrico hepático e agora podemos novamente fornecer esse serviço no Paraná”, completou.
DADOS
Dados do SET/PR apontam que o Paraná realizou no último ano 14 transplantes pediátricos (de diversos órgãos que não o fígado), considerando a faixa etária de zero a de 18 anos. Destes, três foram realizados em menores de cinco anos.
Atualmente, o Estado possui 25 crianças na lista de espera por um transplante, apenas uma possui menos de cinco anos.
SISTEMA ESTADUAL DE TRANSPLANTES
Em 2019 o Paraná teve 497 doações de órgãos efetivas. Foram realizados 884 transplantes de órgãos (rim, fígado, pâncreas, coração, pâncreas rim e pulmão) e 869 de córneas, totalizando 1.753 transplantes.
Neste período foram 115 missões de apoio aéreo para a captação de 264 órgãos, somando mais de 376 horas de voo, com a ajuda da frota de aeronaves do Governo do Estado, Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A média nacional de doações de órgãos por milhão de população (pmp) do Paraná fechou o ano de 2019 em 43,8, atrás apenas de Santa Catarina.
PEQUENO PRÍNCIPE
Com a retomada do Serviço de Transplante Hepático pelo Pequeno Príncipe, o hospital vai atender crianças e adolescentes, com prioridade a crianças menores de dez anos. No Paraná nenhuma outra instituição está transplantando em crianças nessa faixa etária e ainda esse ano a previsão é que o Pequeno Príncipe realize mais dez cirurgias. “Já temos sete pacientes com indicação para o transplante hepático”, informou a responsável técnica pelo Serviço e cirurgiã pediátrica, Giovana Camargo de Almeida.
Para esse momento histórico, o hospital recebeu o cirurgião Rodrigo Vianna, diretor do Miami Transplant Institute (MTI) – o maior hospital de transplantes dos Estados Unidos. Além de dirigir a instituição, o médico é reconhecido internacionalmente pela técnica que reduziu substancialmente o tempo de duração das cirurgias de transplante de fígado e, em 2019, bateu o recorde mundial de transplantes realizados em um ano: 747.
“Para mim, participar desta retomada dos transplantes de fígado nesta instituição foi muito importante. Porque sou curitibano, então o Pequeno Príncipe é um lugar que mora no meu coração”, disse Vianna.
Assim como nos Estados Unidos, a equipe criada para fazer os transplantes no Pequeno Príncipe é multiprofissional. Ao todo, são 22 profissionais entre cirurgiões, hepatologistas, anestesistas, intensivistas, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais
O Hospital também mantém condições técnicas e equipamentos semelhantes ao MTI. “Mas sabemos que os pacientes brasileiros têm uma condição social nem sempre tão favorável, quando comparado aos norte-americanos. Por isso, precisamos fazer um trabalho bastante cuidadoso e amplo, para assegurar que no pós-operatório esse paciente tenha condições de se recuperar em um ambiente adequado”, ressaltou a responsável técnica pelo Serviço.