“Está com gripe?” Não, é rinite!

“Está com gripe?” Não, é rinite!

Nesta primavera, cuide-se: A rinite estimula a respiração bucal que pode causar alterações nos ossos faciais e nos dentes, prejudicando a qualidade de vida

A primavera chegando e, para a alegria de muitos, com ela florescem novas flores bonitas e perfumadas. Entretanto, esta estação pode causar muito desconforto nas pessoas que sofrem com algum tipo de alergia.

A alergia é uma defesa exagerada do organismo contra agentes que não tem potencial agressivo aos seres humanos, por isso a mesma substância que provoca o processo alérgico em uns não causa nenhuma resposta em outros. O ortodontista e ortopedista-facial Gerson Köhler explica que as alergias estão relacionadas às características genéticas. “Filhos de pais alérgicos tem 50% de chance de sofrerem com o problema”, aponta.

Gerson, que atua na equipe interdisciplinar da Köhler Ortofacial, observa também: mesmo que os pais não tenham alergias, a criança pode apresentar alguma reação alérgica que pode ser proveniente de avós ou parentes mais distantes. “Ninguém nasce alérgico, mas sim com a capacidade de se tornar mais sensível a determinados estímulos, estado chamado de atopia. Existem diferentes manifestações alérgicas, como a asma, bronquite e a rinite. Esta última é a mais comum e ao obstruir o nariz pode estimular a respiração bucal, hábito inadequado que provoca desequilíbrios na musculatura da face e consequente inadequação do crescimento do rosto das crianças”, esclarece.

“A rinite é caracterizada como uma doença que causa prurido nasal intenso, espirros, obstrução das vias nasais e coriza devido ao intenso processo inflamatório que afeta a mucosa do nariz”, ressalta Gerson.

Juarez Köhler, especialista em Ortodontia e Ortopedia facial e membro da Associação Brasileira de Sono, destaca que a obstrução nasal, um dos sintomas da rinite, é o principal agente causador da respiração incorreta. O nariz tem um papel fundamental na inspiração do ar – ele é responsável pela filtragem, umidificação, aquecimento e pressurização. “Este órgão garante que o ar chegue aos pulmões nas condições ideais para ser utilizado. Ao respirar pela boca a oxigenação é prejudicada, já que o ar é de pior qualidade, e há o risco de provocar problemas no desenvolvimento da face, além de irritações na orofaringe”, afirma.

Alterações no crescimento regular dos ossos da face, surgimento de anomalias dentofaciais, que incluem as alterações ortopédicas e dentárias, mudança de postura do crânio, pescoço e tórax, distúrbios do sono e desequilíbrios na musculatura facial são consequências da respiração bucal. “Estas transformações geram deficiências funcionais importantes e significativas para a saúde e a qualidade de vida das crianças e dos adultos. As alterações ortodônticas são os efeitos mais visíveis, mas todas as disfunções que ocorrem no corpo acarretam inúmeros problemas para o indivíduo”, alerta Juarez.

Gerson explica que há uma relação biomecânica entre as regiões craniomandibular, a coluna cervical, as vias respiratórias e o osso hióde, localizado abaixo da base da língua e que serve para sua sustentação. A integração de todas estas partes forma uma unidade indivisível. “Se esta unidade for alterada durante o complexo processo de crescimento e desenvolvimento é necessário consultar um especialista que seja capaz de fazer o diagnóstico correto e tratar o problema em sua integralidade. O tratamento é interdisciplinar e envolve profissionais de várias especialidades”, comenta.

O tratamento deve ter início ainda na infância, o que aumenta as chances de normalizar o desenvolvimento facial e minimizar as consequências maléficas da respiração bucal para o organismo. Juarez assegura que é possível submeter crianças a partir dos cinco anos de idade as estratégias que corrigem o problema. “Quanto mais cedo houver uma intervenção, melhor e mais eficazes serão os resultados. Os pais devem ficar atentos a qualquer obstrução nasal que possa impedir ou dificultar a respiração correta. Mesmo após o tratamento a criança pode continuar respirando pela boca por força do hábito, o que pode ser corrigido com a terapia fonoaudiológica”, acrescenta.

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