O ambiente doméstico pode ser um campo minado para as crianças, sobretudo quando começam a engatinhar ou a andar e as mãozinhas tudo querem tocar. Quedas, contatos com itens tóxicos, cortantes e/ou de eletricidade, queimaduras e mordeduras de animais de estimação estão entre as principais causas de acidentes domésticos. De acordo com registros no DataSUS, em 2020, foram contabilizadas no país 16.765 internações envolvendo essas situações, em crianças até 4 anos, média de 45 casos por dia. No mesmo período, 80 perderam a vida.
“É importante verificar a fase de desenvolvimento em que a criança se encontra para que se possa correlacionar com os riscos inerentes a esses períodos e planejar as medidas eficazes para a prevenção de acidentes”, fala o presidente da SBCM (Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão), Dr. Henrique de Barros Pinto Netto.
Em recém-nascidos até os 4 meses, os problemas mais corriqueiros são quedas e queimaduras, sendo esta última muito comum no momento do banho, com água muito quente ou ao cair bebida, como café e chá, enquanto a criança está no colo.
De 5 a 10 meses, além de traumas em geral e queimaduras, choques elétricos também são bastante comuns. “É importante colocar proteção em todas as tomadas. São fáceis de encontrar e evitam graves acidentes”, fala o especialista.
Mordedura de animais é outra situação frequente. “A boca dos animais tem muitas bactérias. Em um caso desse, é fundamental limpar o local e buscar orientação médica”, fala o Dr. Henrique.
A partir de 1 ano de idade, quando a criança começa a ficar em pé, quedas de escada e queimaduras por algum descuido na cozinha estão entre os principais riscos. “Barreiras de proteção na escada são importantes e, na cozinha, é preciso ficar atento para que a criança não chegue perto do forno e mantenha o cabo das panelas virado para dentro do fogão para impedir que as crianças maiores puxem recipientes ferventes”, salienta o médico.
Deixar plantas venenosas ou produtos tóxicos em local inacessível aos pequenos é outro cuidado essencial. Neste período de pandemia, o álcool em gel, que está disponível a todo momento como forma rápida de higienização, também precisa estar longe do alcance dos pequenos. “Tem aumentado muito os registros de problemas envolvendo as crianças e álcool em gel. Então, é preciso ficar atento e deixar o produto em local bem guardado e que não seja de fácil acesso às crianças”, ressalta o presidente da SBCM.