É o momento do país inteiro se unir cobrando vacinação em massa
Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

É o momento do país inteiro se unir cobrando vacinação em massa

Não há mais como negar, amenizar ou distorcer fatos. O caos na saúde pública chegou com tudo no país, em função do descontrole total da pandemia de Covid-19. O próprio Ministério da Saúde admitiu, que a expectativa é de duas semanas terríveis para o país, com previsão de 3 mil mortes por dia. Cogita-se, inclusive, a reabertura de hospitais de campanha fechados pelos municípios e estados por todo o país, principalmente, na região sul, uma das regiões mais caóticas no momento. A situação é gravíssima e as perspectivas não são nada animadoras.

FRESCURA E MIMIMI

Enquanto isso, boa parte do povo clama desesperadamente por vacinas nas redes sociais. A quinta-feira foi um dia de muita revolta na internet, com impropérios desferidos ao presidente da República, Jair Bolsonaro, por suas tantas e tantas declarações sobre a pandemia. A quinta-feira, dia 04, causou revolta e indignação em muitos. “Chega de frescura e mimimi. Vão chorar até quando?”, disse o presidente sobre as 260 mil mortes por Covid. Não se trata de discutir falta de empatia, de sensibilidade do presidente. Mas, da falta de comprometimento com a contenção da pandemia, que parece não existir para ele. Pois, tudo a que Bolsonaro se refere é sua preocupação com a economia, a falta de empregos, a recessão, a miséria iminente de muitos brasileiros que ainda ficarão desempregados com o fechamento do comércio. Está errado, nesse sentido, o presidente? Não. Uma crise econômica e social sem precedentes será inevitável no país, infelizmente.

VACINAÇÃO EM MASSA

Contudo, o foco único na economia está se revelando a grande tragédia no país, afinal, não se pode ignorar que milhares de vidas já foram perdidas para a Covid-19. Números são frios, mas cada família tem sua história de dor e tristeza para contar. A única solução, que parece ignorada pelo presidente, é a vacinação em massa, o mais rápido possível. Hospitais de campanha, mais UTIs não garantem vidas salvas. A cada três que entram numa UTI por Covid-19, apenas, um é salvo. A doença pode ser grave para tantos, deixando sequelas a quem sobrevive. A intubação também gera muitas debilidades físicas que demandam tratamento posterior. A vacinação em massa evitaria todo esse sofrimento ao paciente e sobrecarga ao sistema de saúde. O vice-presidente general Hamilton Mourão, volta e meia, vai a mídia defender a vacinação em massa. O próprio ministro da Saúde, tem dito que o Governo Federal vai comprar mais vacinas. Disse, inclusive, na quinta-feira (04) que o país vai comprar as vacinas da Janssen e Pfizer, também. Porém, falar só para acalmar a população não resolve. O fato é que o Ministério da Saúde não fechou nenhuma vacina dos dois laboratórios. Bolsonaro, aliás, acabou desmentindo e respondeu para a imprensa: ”vacina só se for na casa da tua mãe”, em referência a suposta falta de vacinas no mercado. Todos os países mais ricos já fizeram suas encomendas no ano passado, afinal…

NEGACIONISMO

A constatação mais intrigante é a demora do Governo Federal para ter negociado a compra de vacinas. A pergunta que muitos fazem é: por que não negociaram no ano passado, quando as ofertas dos laboratórios foram feitas? Irresponsabilidade, incompetência do Governo Federal? Negacionismo? Acredito que Bolsonaro tenha subestimado em muito o poder devastador dessa pandemia. A negação dos alertas da ciência, comunicados pela imprensa, foi a ruína. Bolsonaro simplesmente resolveu negar e ignorar tudo o que fosse veiculado pela grande imprensa por causa da rivalidade evidente entre as partes que já vem de tempos. O resultado estamos vendo, com muita tristeza: a pandemia correndo a galope, devastando vidas, o sistema de saúde e a economia. E devastando o próprio governo Bolsonaro. Pois, é crescente o número de eleitores que se dizem decepcionados com o presidente, com a condução do Governo Federal. Inclusive, políticos locais têm expressado decepção e insatisfação. O próprio governador Ratinho Jr., fiel aliado do presidente, já deu sinais que não está disposto a concordar com tudo que venha do Governo Federal. Assinou a carta, junto com cerca de quinze governadores, pedindo por mais vacinas com urgência. A carta foi respeitosa, mas, firme em expor as consequências para os governadores da falta de agilidade na compra e envio de vacinas.

MOMENTO DE UNIÃO

A conta do negacionismo de Bolsonaro está chegando a governadores e prefeitos. São eles que estão sofrendo as mais duras consequências de terem que emitir decretos e mais decretos sobre o fechamento e reabertura do comércio. Os pequenos comerciantes são os que mais sofrem com essas medidas, por não terem como se manterem fechados por tanto tempo. Isso para não falarmos dos funcionários, que, fatalmente, acabarão perdendo seus empregos. Quem ouve as justas reclamações são os prefeitos. É o momento de todos se unirem pedindo por mais vacinas, o mais rápido possível. Não há outra solução a longo prazo além das vacinas. O próprio ministro Paulo Guedes já afirmou que a economia só poderá se reerguer a partir da vacinação em massa da população. Sem o controle da pandemia, o Brasil encontra-se na iminência de se tornar um pária na comunidade internacional. Uma lista de mais de 200 países que não estão aceitando voos do Brasil, parcial ou integralmente, foi divulgada na imprensa. Diz o alerta: “Brasil representa um risco grave para toda a América Latina por descontrole da pandemia. Dos infectologistas e da ciência, o recado também é assustador: Covid-19 pode se tornar endêmico no Brasil se não houver vacinação em massa.

COMPRA AUTORIZADA

Um estudo do Imperial College de Londres também avisou da gravidade do nosso quadro: Brasil pode se tornar celeiro para o surgimento de novas variantes do vírus. E o mais preocupante é que podem surgir cepas que escapem a cobertura vacinal. Infectologistas ainda não sabem ao certo se todas as vacinas irão proteger de todas as cepas já existentes. E quanto mais o vírus se dissemina entre a população, maior a probabilidade de surgirem novas variantes, mais perigosas e infecciosas. É urgente que a Frente Nacional de Prefeitos se mobilize e agilize a compra de vacinas. O STF já autorizou a compra. O Senado também votou projeto de lei semelhante. Já são mais de 800 prefeitos que querem comprar. Se não houver união nesse sentido, a conta pode sobrar para prefeitos e governadores nas próximas eleições. E talvez, até para Bolsonaro, que tem perdido uma grande oportunidade de fazer a coisa certa e garantir sua reeleição em 2022. Não fosse a pandemia, poderia se dizer que sua reeleição estaria garantida. Agora, fazer essa previsão já não é mais simples.

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