Dona Helena é uma pinhaiense de coração e um exemplo de mulher guerreira

Dona Helena é uma pinhaiense de coração e um exemplo de mulher guerreira

por Noelcir Bello

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Nascida em Rio do Banho, Helena Marczal Forlepa, 79 anos, morou em Rio da Areia, no Município de Cruz Machado, onde ficou até os 22 anos, quando se casou.

Durante a infância, Helena lembra que acordavam bem cedo para tomar chimarrão com o pai, antes de irem para a escola. Ao final da aula, conta que sua mãe já havia preparado o almoço para ela e seus irmãos e deixava as refeições penduradas nas árvores, para que eles almoçassem e já ficassem na roça. À noite, já em casa, costurava as roupas para os irmãos usando a luz de um lampião.

Descendente de Poloneses

Teve onze irmãos, dos quais nove estão vivos. Alguns ainda moram em Cruz Machado, outros em União da Vitória e uma irmã em Curitiba.

O pai de Helena é polonês, nascido em Varsóvia, e sempre contava para a nossa entrevistada a história da viagem rumo ao Brasil, por onde passou, até chegar ao país em 1911, na Ilha das Flores, hoje chamada de Rio de Janeiro.

No Município de Cruz Machado, Helena lembra que havia uma colônia onde as pessoas faleciam sem nunca falarem o português. Ela garante que conversa em polonês até hoje, porém, atualmente, não se comunica mais com os filhos na língua paterna, pois eles se casaram com brasileiros. Na escola aprendia português, mas também o polonês, e as missas e a catequese eram rezadas na língua polonesa, já que os padres na época falavam a língua natal.

Construiu uma grande família

Ao se casar, mudou-se para o sítio Poço Preto, onde permaneceu com o esposo por quatro anos e também tiveram as duas filhas, a Maria e a Tereza. Depois vieram para Pinhais, onde morou na Rua Líbia por onze anos, porém como tinha comprado com seu esposo vários terrenos em sequência, desde a esquina da Rua Líbia até a Rua Sudão, mais tarde mudou-se para o terreno ao lado, que pertence à Rua Argélia, onde mora até hoje.

Depois de alguns anos, nasceu o Luiz Carlos, a Lúcia, a Lídia, a Luiza, a Elizabeth e o caçula, Hélio. Todos estão casados e moram na região. Dona Helena tem dez netos, quatro bisnetos e mais quatro bisnetos enteados, que ama como se fossem seus descendentes. Hoje, mora com a filha mais nova, o marido de sua filha, o Silvio, e a neta Bruna.

Um bairro sem estrutura

Ao chegar ao Pineville, lembra que no bairro não havia ruas e nem energia elétrica. Para poder entrar com a mudança, procuraram um lugar mais enxuto, pelo meio do campo, até chegar ao seu terreno.

Para fazer a ligação com o bairro Vargem Grande, havia apenas um carreiro por onde as pessoas se dirigiam para pegar o trem, quando perdiam o ônibus, que passava duas vezes por dia onde, atualmente, fica a Avenida João Leopoldo Jacomel.

No início, era possível encontrar, no Pineville, o Açougue do Seu Ville, o Salão de Festas da Dona Clara e o Bar Andorinha, da Dona Ilda e seu esposo. A casa da Sanepar já existia na época, inclusive no mesmo lugar, porém menor.

Seu esposo trabalhou no Moinho Anaconda, depois em um ferro velho localizado na Rua XV, em Curitiba, também na empresa Nossa Senhora da Luz e, posteriormente, trabalhou na Expresso Azul, em Pinhais, convidado por um amigo, onde permaneceu por muitos anos.

Quando os filhos ficaram adultos, alguns também trabalharam na empresa Expresso Azul. Luiz trabalhou até se aposentar e Luiza permanece até hoje, completando 25 anos de firma.

Primeira missa do bairro

A primeira missa rezada no bairro foi celebrada em sua casa, no dia 25 de dezembro de 1986. As novenas na época eram realizadas na escolinha do Bairro Esplanada, onde atualmente está localizada a Unidade de Saúde Esplanada.

Uma mulher guerreira

Na época, foi um pouco difícil criar os filhos, mas por sorte era acostumada a fazer remédios em casa. “Quando a coisa era mais séria, íamos até a Saúde Pública, em Curitiba, ou no INPS. Inclusive, não havia vacinas, por isso meu filho Luiz acabou sofrendo paralisia infantil”, lamenta Dona Helena.

Foi costureira e cultivava hortaliças nos terrenos da família, o que ajudava muito na alimentação das crianças. Não havia roupa pronta, iam até as lojas Riachuelo e Pernambucanas para comprar os tecidos. Em casa, confeccionava as roupas da família e mais algumas para vender, o que garantia uma renda extra para pagar as despesas da casa.

Uma senhora ativa

Aos 79 anos, Dona Helena contou-nos que em 2014 passou por momentos difíceis. Teve uma alteração na tireoide e problemas no coração, situação que hoje faz com que ela tenha que realizar muitos exames e tomar remédios de uso contínuo.

Mesmo com os problemas de saúde que enfrentou, ainda faz seu próprio pão em casa, costura, borda, faz crochês e participa das reuniões da terceira idade.

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