Na sexta-feira (12/02), o presidente do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio, Yoshuro Mori, renunciou ao cargo após pressões em decorrência de algumas declarações consideradas “sexistas”. Entre elas, disse que “as reuniões se tornam muito longas com a presença das mulheres porque elas falam demais e competem entre si.” Mori disse que suas declarações foram mal interpretadas pela mídia e que não tem preconceito contra as mulheres. Entretanto, o fato é que suas falas causaram revolta nas redes sociais em todo o mundo.
De fato, não pegou bem dizer tais coisas, atualmente, pois, no mínimo, passou a impressão de que ele não gosta de trabalhar com mulheres e que elas seriam incompetentes. Mas, mesmo assim, não vejo motivos para tanto escândalo em declarações assim se partissem de pessoas não públicas e em situações íntimas e pessoais, sem comprometimento das relações profissionais. Afinal, Mori, que já foi primeiro-ministro do Japão e que no período cometia muitas gafes, não deixou de falar uma grande verdade sobre as mulheres e as diferenças entre homens e mulheres. Muitas diferenças são determinadas biologicamente, conforme a ciência, a neurociência e a psicologia evolucionista atestam. Tudo em função das diferenças hormonais entre homens e mulheres. Homens têm mais testosterona e mulheres mais estrogênio, o que influencia não somente nas características físicas, mas, no funcionamento da estrutura dos circuitos cerebrais.
Ideologia de gênero
Atualmente, anda fora de moda, quase um crime, comentar sobre essas diferenças devido a cultura do politicamente correto e as bandeiras identitárias da ideologia de gênero e do movimento feminista. Contudo, as ciências biológicas trabalham com objetividade ao invés de preferências pessoais, simpatias e antipatias, e ideologias.
A ciência aponta que mulheres realmente são dotadas de mais habilidades verbais, maior fluidez e articulação da fala e possuem um estoque de palavras diário muito maior que o dos homens. Em média, uma mulher usa diariamente de 6 a 8 mil palavras, enquanto o homem de 2 a 4 mil. E não é necessário fazer estudos científicos para observar isso na prática diária: mulheres, em média, tendem a falar mais que os homens. O “demais”, apontado por Mori, seria do ponto de vista de um homem, principalmente, japonês, país de cultura pouco afeita a palavras. Mas, não vejo nenhum demérito nesta característica mais comunicativa das mulheres. Estudos apontam que meninas tendem a aprender a falar mais cedo que os meninos, em razão das diferenças biológicas. Em média, mulheres são mais íntimas das palavras, da comunicação e possuem um vocabulário mais amplo. Claro que existem exceções. Conheco alguns homens bem falantes, alguns, até tagarelas, e algumas mulheres do tipo “caladas”. Os estudos apontam diferenças determinadas biologicamente, construindo uma média, mas, existem outras influências, como personalidade, temperamento e ambiente social. Porém, o que não se pode negar é o peso consideravel das diferenças biológicas. Ora, que mal há em constatar que mulheres falam “demais”? Se, por um lado, isso pode alongar desnecessariamente reuniões, por outro, contar com mais habilidades de comunicação facilita muito as relações pessoais e de trabalho. Como dizia o saudoso Chacrinha, ”quem não se comunica, se trumbica”.
Diferenças complementares
Acredito que em tudo deve haver a medida certa. Muitas vezes, mulheres tendem a falar demais, desnecessariamente, sendo contraproducente, mesmo. E homens tendem a falar de menos, deixando de falar até quando seria necessário. O bom modo de lidar com essas tendências biológicas é fazer com que as características mais proeminentes nas mulheres, como as habilidades verbais, possam ser aproveitadas em diversas profissões como a de professoras, jornalistas, assistentes sociais, psicólogas, relações públicas, na política e nas vendas, enfim, em quaisquer profissões que requeiram contato com pessoas e habilidades de comunicação. Muitos homens, por sua vez, contam com mais habilidades em trabalhar com números, cálculos, ou em entender o funcionamento de máquinas de toda a espécie como, motores de veículos, computadores e sistemas de informática, e sistemas de automação da indústria, em função de contarem com mais testosterona, que estimula áreas cerebrais relacionadas a estes tipos de inteligência.
Determinismo biológico e aprendizagem
E a boa notícia é que a ciência aponta que muitas novas habilidades podem ser aprendidas por treino, por aprendizagem. O cérebro tem essa capacidade de se moldar plasticamente a novos estímulos. Logo, homens e mulheres, com treino e esforço, podem desenvolver habilidades novas, que não trouxeram “de fábrica”. Não se trata de determinismo biológico, mas de reconhecer que há uma tendência, sim, de homens e mulheres apresentarem diferenças na estrutura cognitiva e comportamental em razão de influências hormonais. O best seller “Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor”, de Allan e Barbara Pease, bem explica tais diferenças, com base em neurociência e psicologia evolucionista. Embora, não deva agradar a feministas e ideologos de gênero, a obra baseia-se em estudos científicos.
Proibido dizer o óbvio
Lamentavelmente, a tendência atual é cada vez mais “criminalizar” afirmações sobre fatos e verdades óbvias, mas que contrariam os desejos e simpatias dos adeptos do politicamente correto que querem ver as distinções entre o sexo masculino e o feminino mais e mais diluídas. Daqui a um tempo, se alguém disser que mulheres não têm pênis, será criminalizado como “machista”. Mais grave, ainda, se disser que as mulheres têm pênis, sim, só que menor do que o dos homens.