por Filipe Matoso e Káthia Melo – G1
Vice-presidente será responsável pela interlocução com o Congresso. Dilma participou de cerimônia de entrega de unidades habitacionais no RJ.
Foto: Fábio Motta/Estadão Conteúdo
A presidente Dilma Rousseff afirmou na quinta-feira (9), após participar de evento em Duque de Caxias (RJ), que o vice-presidente da República Michel Temer, novo responsável pela interlocução do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional, terá autonomia na articulação política do governo.
Dilma repassou a Temer, na última terça (7), as atribuições da Secretaria de Relações Institucionais, até então chefiada pelo ministro Pepe Vargas (PT-RS). Além de fazer a articulação com o Senado e a Câmara, o vice-presidente fará a interlocução do Executivo federal com governadores e prefeitos.
“O vice-presidente, assim como qualquer outra pessoa do governo, leva em consideração o fato de que nossa base é integrada por diversos partidos. Então, dado que nossos compromissos são comuns – e ele os conhece, até porque participou da inauguração do programa – a autononomia dele está dada, até pelo fato de que ele integra o governo. Ele não é uma pessoa estranha ao governo”, disse a presidente.
A saída de Vargas das Relações Institucionais se deu após uma tentativa frustrada de se transferir o ministro Eliseu Padilha (PMDB), da Aviação Civil, para a pasta. Segundo informou o Blog da Cristiana Lôbo, o PMDB barrou a indicação. De acordo com o Blog do Camarotti, a presidente Dilma Rousseff chegou a pedir desculpas ao ministro Pepe Vargas, por ter vazado a notícia de que havia intenção de ele ser substituído – na quarta (8), ele foi anunciado pelo Planalto novo ministro da Secretaria de Direitos Humanos.
Ao falar sobre Temer na quinta-feira, Dilma disse que o vice-presidente tem “imensa capacidade” para o diálogo. Ela declarou ainda que ele tem “autoridade e experiência de vida” em razão de ter sido presidente da Câmara dos Deputados.
“O vice-presidente Michel Temer tem todas as condições, tem autoridade e tem a experiência de vida dele como presidente da Câmara em oportunidades muito recentes. Ele também tem uma imensa capacidade para o diálogo, para construir consenso e para construir toda a relação necessária com uma coalizão com a envergadura da nossa”, completou.
Relação governo e PMDB
Na quarta, Temer afirmou que a “tendência natural” é que as arestas entre o governo e o PMDB sejam aparadas após ele ser escolhido pela presidente Dilma para assumir a articulação política. Presidente nacional do PMDB, ele disse também que o diálogo entre governo e base aliada “continua sólido”.
“Exatamente porque assumi [a articulação], a tendência natural é esta [que as arestas com o PMDB sejam aparadas]. O diálogo continua sólido e eu tenho dito que o Executivo só governa se tiver apoio do Congresso, apoio não só político, mas também apoio legislativo”, afirmou o vice-presidente.
Ao G1, pessoas próximas a Temer e o vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disseram que ele avalia deixar o comando da legenda, em razão do acúmulo das funções na Vice-presidência, na articulação política e no governo.