por Noelcir Bello
Nascido em 1990, em Pinhais, Derik sempre morou no Vargem Grande.
Desde os seus quatro anos de idade, passou por cirurgias para melhorar a marcha motora, por conta de uma paralisia espática, que sofreu em seus primeiros anos de vida. Em sua última tentativa, realizou uma cirurgia no pé com o intuito de reparar a forma e facilitar seus deslocamentos. Como a cirurgia não resolveu, passou a fazer fisioterapia, visando uma melhor qualidade de vida.
Uma professora sugeriu que ele praticasse basquete sobre rodas. No primeiro dia, viu apenas crianças treinando e se surpreendeu ao notar que o esporte não era tão lento quanto imaginava. Ao retornar à noite, para ver o treino dos adultos, percebeu a diferença nas cadeiras utilizadas pelos mesmos, pois cada uma é adaptada de acordo com o grau de deficiência do atleta. “Comecei no dia seguinte, usando uma cadeira sem a proteção necessária. Desde então, me tornei atleta do basquete e esgrima sobre rodas”, contou.
Derik se tornou um atleta de destaque
Para o nosso entrevistado, o grande diferencial foi perceber que todos estão adaptados ao esporte e competem por igual, desde que se esforcem. “Lembro que ao chegar tive um certo baque, um impacto ao notar as adaptações utilizadas para oferecerem uma melhor qualidade de vida. Ao conhecer os adultos, imaginei que nunca seria capaz de fazer uma cesta de três pontos. Fui recebido por um professor, que estava concertando uma cadeira, na quadra da Federal no Campus Jardim Botânico e isso mexeu comigo”, lembrou Derik.
Com a prática do basquete, começou a perder peso e melhorar a sua qualidade de vida. Não pensava em praticar esporte de alto rendimento, porém com dois anos praticando, optou por fazer uma cirurgia bariátrica para a perda de peso. Chegou então aos 82 kg, tornando possível também a prática da esgrima, já que antes não havia roupa para o seu tamanho. Há um ano e meio pratica esgrima na academia AMK, com o Mestre Fumio Kato, que já treinou diversos campeões, e Tabia Alves, atleta profissional de esgrima que compete nacionalmente e ensina arte por gostar muito da modalidade.
Coleciona medalhas nas duas modalidades
No Basquete, já participou de cinco competições. Em 2015, a competição de maior peso que Derik jogou foi a Copa Sul, onde conseguiram vaga para a terceira divisão do Campeonato Brasileiro de Basquete Sobre Rodas, realizada em Santa Catarina. Do Campeonato Paranaense, a sua equipe, a FENIX, participa todos os anos. Atualmente, há uma rivalidade saudável com a equipe Tubarões de Ponta Grossa, que já derrotou a equipe de Derik algumas vezes, porém sempre em jogos acirrados.
Já na esgrima, participou das Copas do Brasil e do Campeonato Brasileiro. Em sua primeira participação em uma Copa do Brasil, realizada em Curitiba, Derik conseguiu ouro. De Minas Gerais, trouxe uma medalha de prata em sabre e no Campeonato Brasileiro também, dando a Derik a primeira colocação no ranking brasileiro.
Cada atleta tem o direito de competir em duas categorias da esgrima, por isso, na espada, ele é o quinto colocado no ranking brasileiro. Derik conseguiu patrocínio para a prática do basquete com a JSL, que é um instituto com sede em São Paulo. Na esgrima teve bons patrocínios até 2015, agora, início de temporada, necessita de novos apoiadores.
Um vencedor que almeja voos mais altos
Derik lembra que no começo optou pelo esporte por uma melhora na qualidade de vida, mas hoje é o seu trabalho, onde é remunerado para treinar e competir. “Quero levar a equipe de basquete para a primeira divisão, porém serão necessários mais três anos ainda. Se a equipe mantiver o nível de vitórias, esta meta será atingida dentro deste período. Também, dentro de dois anos, pretendo competir pela seleção brasileira de esgrima e defender a minha pátria nos jogos”, afirmou.
O portador de necessidades especiais que estiver em casa achando que não tem mais nada, que não tem valor algum, Derik aconselha que procure a ADFP, localizada no Alto da XV, em Curitiba, onde poderá encontrar conhecimento e assessoria para a prática de um esporte.
Derik indica a prática de esporte para qualquer pessoa com deficiência, já que a saúde física e mental melhora muito. “O deficiente acha que não tem mais valor pra sociedade, porém ao começar a praticar qualquer esporte a motivação volta. Em casa, geralmente a pessoa deixa de cuidar até da saúde por conta do desânimo. O esporte adaptado é muito mais difícil do que um esporte comum. Requer mais empenho, adaptações de acordo com suas limitações, mas é um grande desafio que deve ser encarado”, finalizou Derik.
Para conhecer mais sobre o nosso atleta da semana, acesse o Facebook: Derikburbella.
