por Dr André Fuck || www.programaact4.com.br
Homens vivem, em média, 7 anos a menos do que as mulheres e o principal fator relacionado a isso é a falta de cuidados com a saúde. Dentre as doenças que mais causam mortes, estão as doenças cardiovasculares (infarto e AVC), câncer, diabetes, doenças pulmonares e traumas (homicídios, acidentes, entre outros). Não apenas isso, os homens ainda tem uma qualidade de vida inferior na terceira idade, sofrendo com as consequências de doenças mal cuidadas ao longo da vida. Vamos abordar alguns tópicos da saúde masculina no texto de hoje.
Pesquisas indicam que 60% dos homens só procuram auxílio médico quando a doença já está em fase avançada. Em geral, doenças assintomáticas (como o diabetes, nos anos iniciais) não costumam estar entre as preocupações da maioria deles. Seja de forma preventiva ou para o acompanhamento de doenças já conhecidas, os homens costumam ser mais relapsos e menos comprometidos com cuidados e tratamentos e não é incomum que venham ao consultório trazidos pela esposa ou filhos, a contragosto, para realizar uma consulta de rotina ou exames.
É também no sexo masculino aonde mais encontramos o biotipo de obesidade visceral ou abdominal, aquela mais nociva à saúde e muito relacionada aos maus hábitos de vida. Temos, como principais consequências disso, as doenças cardiovasculares e o diabetes. E, falando sobre diabetes, dados atuais apontam para aproximadamente 12,5 milhões de pessoas no Brasil com a doença (8% dos homens), que já representa a terceira causa de morte no País e está intimamente relacionada à obesidade.
Como estamos falando de doenças ligadas aos hábitos, ou seja, a fatores modificáveis, devemos começar a nos preocupar desde já, melhorando nosso estilo de vida para colher os benefícios lá na frente. É como guardar dinheiro esperando viver de uma bela aposentadoria no futuro. Mas, e como fazer isso?
Na juventude e início da vida adulta o homem deve se preocupar em adquirir hábitos saudáveis (que o acompanharão para o resto da vida), controlar seu peso, equilibrar seu tempo (estudo, trabalho, família, lazer, sono) e evitar fatores de risco, como cigarro e álcool. Entre os 30 e 40 anos, já é hora de ter um médico de confiança e nessa fase começam a ser fundamentais os check-ups. Também é uma boa hora para revisar como estão os hábitos de vida e cuidar com os desequilíbrios (trabalho demais, excesso de comida e bebida, estresse elevado, privação de sono). À partir dos 40 anos, consultas anuais (no mínimo) são recomendadas, tanto de forma preventiva como para o acompanhamento de doenças.
Atitudes como fazer consultas de check-up rotineiramente, ter um equilíbrio na maneira de se alimentar com restrição de sal, gordura e açúcar e rica em vegetais e frutas, ser preocupado com o corpo e com a higiene, ser preocupado com o peso e praticar exercícios físicos com regularidade de no mínimo três dias por semana, utilizar medicações conforme recomendação médica, evitar o tabagismo e o álcool, diminuir a carga de estresse e melhorar a qualidade e as horas de sono são todas atitudes positivas que tornam o homem menos vulnerável à doenças relacionadas aos hábitos de vida, como o diabetes e a obesidade.
Já os homens que esperam por algum problema ou urgência para procurar o médico, que não mantêm um hábito regular e saudável de alimentação, que não se preocupam com o aumento do peso ao longo dos anos, que não praticam exercícios (ou que acreditam que no trabalho suprem a necessidade de atividade física), que colocam o trabalho como prioridade na vida (workaholics) e que não têm qualquer restrição no consumo de álcool ou cigarro, estes estão expostos a riscos futuros enormes, e invariavelmente serão os que mais sofrerão as consequências das doenças, como morte prematura e complicações crônicas que impactarão de forma muito negativa na qualidade de vida.
André Ricardo Fuck
Médico endocrinologista – membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia & Metabologia – e acredita que somente com a mudança de hábitos podemos, de fato, mudar a nossa saúde.