Cuidado feminino no trânsito não se trata de insegurança

Cuidado feminino no trânsito não se trata de insegurança

por Mariana Simino | Grupo Excom

Dados do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre de 2012 mostram que o público feminino é mais cauteloso e representa 19% menos riscos de se envolverem em acidentes de trânsito. O levantamento do Ministério da Saúde mostrou que o número de homens que morrem no trânsito é quatro vezes maior do que o de mulheres. Em 2009, 30.631 homens (81,4%) e 6.496 mulheres (18,4%) perderam a vida. As principais vítimas são jovens de 20 a 39 anos (45,5%), desses 86% eram homens.

Além disso, uma pesquisa da seguradora britânica Privilege Insurance mostrou que elas dirigem melhor do que os homens. A avaliação levou em consideração quesitos como direção defensiva, sinalização, respeito à velocidade e atenção. As mulheres fizeram 23,6 pontos de um total de 30, já os homens marcaram 19,8.

Andréa Lacerda de Freitas Carvalho, psicóloga e consultora na área de treinamento, especializada em Psicologia do Trânsito, afirma que o comportamento da mulher e do homem no trânsito é diferente. Segundo ela, as distinções são biológicas e culturais, mas deve-se evitar as generalizações. “Há habilidades diferentes entre os sexos. A mulher geralmente se sai melhor quando o assunto é linguagem. O homem em orientação espacial”, exemplifica.

De acordo com Andrea, exames de neuroimagem trouxeram grandes contribuições em relação a investigações sobre o cérebro, especialmente no que se refere à ação dos hormônios e que ajudam a entender o comportamento de homens e mulheres enquanto dirigem. “É comum que o homem seja mais agressivo no trânsito, menos paciente, mais audacioso e se arrisque mais. Por outro lado, a mulher tem um comportamento voltado para o cuidado. Ela tem mais receio e, portanto, é mais cautelosa ao dirigir”, explica.

Por conta desse cuidado, elas dirigem em velocidade menor do que os homens. Porém, a cautela feminina não se trata de insegurança. “Não tem a ver com falta de autoconfiança. O ditado ‘Mulher no volante perigo constante’ não se aplica mais às atuais motoristas. Tanto que as seguradoras dão desconto quando o carro está no nome delas”, acrescenta a psicóloga.

Segurança ao volante

Andréa também alerta para o fato de que não se pode achar que a mulher é multitarefa e por isso pode dirigir e fazer outras atividades, como falar ao celular. “Se isso é mesmo verdade {que a mulher é multitarefa}, talvez não seja possível o uso dessa suposta característica no ambiente do trânsito. Seria, inclusive, um perigo. O processo mental da atenção é fundamental ao conduzir”.

A especialista em trânsito da Perkons, Idaura Lobo Dias, acrescenta que algumas atitudes comumente executadas por mulheres, se realizadas enquanto dirigem podem comprometer a direção segura. “Fazer a maquiagem ou cuidar das unhas não combinam com direção. No trânsito, alguns segundos de desatenção podem resultar em acidente, por mais destreza que se tenha para executar tais tarefas”, afirma.

A vaidade também não pode afetar a segurança da motorista. Idaura lembra também que é preciso estar atento ao que calçar para dirigir. “O calçado deve oferecer segurança e flexibilidade para os movimentos dos pés, para não comprometer o uso dos pedais. Por isso, por exemplo, chinelos e saltos não são modelos recomendados”.

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