Covid-19 causa grande temor, mas dengue e sarampo têm se alastrado muito mais no país

Covid-19 causa grande temor, mas dengue e sarampo têm se alastrado muito mais no país

por Vanessa Martins de Souza

Com a chegada dos primeiros casos do Coronavírus (Covid-19) ao Brasil, a grande preocupação da maioria da população é o que fazer para evitar pegar a doença, que apresenta taxa de mortalidade geral de 2,3%, podendo chegar a mais de 14% em pacientes acima de 80 anos. De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, divulgado na quinta-feira (06/03), já são nove casos confirmados no país, sendo seis em São Paulo, um no Rio de Janeiro, um na Bahia e um no Espírito Santo. O motivo de grande temor do momento tem sido o novo vírus, oriundo da China e que já se alastra por cerca de 74 países. Praticamente, quando se trata de doenças contagiosas, só se fala no novo vírus, em um misto de medo, de preocupação mesclado a muitas piadas e memes nas redes sociais. O preço das máscaras de proteção em Curitiba chegou a subir em 500%, tamanha a demanda, bem como por álcool gel.

Cresce casos de dengue e sarampo

Contudo, apesar do vírus representar um risco real de pandemia mundial, há motivos para preocupações maiores em relação ao contágio de outras doenças no país e que não são novidade alguma. Mas que continuam representando uma grave ameaça à saúde pública com risco de morte, em casos de pacientes mais vulneráveis. Dois exemplos contundentes são dengue e o sarampo. A dengue já é velha conhecida no país, tendendo a agravar-se no verão, pelo aumento do calor e das chuvas, gerando focos de proliferação do mosquito transmissor Aedes aegypti na água parada encontrada em variados lugares, como vasos de plantas, pneus velhos, recipientes plásticos e lixo acumulado em locais inadequados. Aliás, o Paraná entrou em estado de epidemia de dengue, de acordo com boletim da Secretaria de Estado da Saúde divulgado na terça-feira (03/03). O número de mortes subiu de 23 para 30 em uma semana. Enquanto há somente oito casos confirmados de Covid-19, sem nenhuma morte no país, a incidência da dengue no Paraná é muito maior, sendo de 336,21 casos para cada 100 mil habitantes. Para se configurar uma epidemia, é necessário ter mis de 300 casos da doença por 100 mil habitantes. No total, 106 municípios no estado estão em epidemia, 15 a mais que na semana anterior. Em situação de alerta, estão outros 47 municípios, quatorze a mais que na semana anterior. De acordo com o levantamento, são 44.441 casos da doença no estado, dede julho de 2019.

Surto de sarampo no Paraná

O surto de sarampo também deveria gerar mais preocupações do que tem sido visto entre a população. No Paraná, são 42 cidades em surto, lembrando que o Ministério da Saúde classifica como situação de surto ativo todo município que tenha ao menos um caso de sarampo confirmado. O último boletim epidemiológico do sarampo aponta que o estado tem dezesseis novos casos confirmados desde a última atualização, em 19 de fevereiro. Os dados foram divulgados na quinta-feira (05/03), pela Secretaria de Estado da Saúde. No total, são 891 caos confirmados em 42 cidades, desde 29 de agosto de 2019. Outros 1.820 pacientes estão em investigação. Curitiba e outros 19 municípios da Região Metropolitana lideram o número de casos, com 805 pacientes, somando 90,35% do total. Segundo o boletim, 468 casos são de jovens adultos entre 20 e 29 anos, a faixa etária de maior ocorrência e também o foco da campanha de vacinação. O sarampo é uma doença facilmente evitável, bastando a vacinação. Assim, vale muito a pena procurar um posto de saúde para vacinar. Crianças que têm entre seis meses e 11 meses e 29 dias também devem ser vacinadas. A população com idade entre um a 29 anos deve receber duas doses da vacina tríplice viral e de 30 a 59 anos, uma dose. Vale lembrar ainda que a Campanha Nacional de Vacinação teve início em 10 de fevereiro e segue até 13 de março. O medicamento está disponível gratuitamente nas unidades de saúde.

Dengue: risco global

O combate à dengue também necessita de colaboração da população, o que contribui decisivamente para evitar o aumento no número de casos. A dengue é um dos principais problemas de saúde pública do mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente com a dengue em mais de 100 países de todos os continentes, exceto a Europa. Cerca de 550 mil doentes necessitam de hospitalização e 20 mil morrem em consequência da dengue. Embora pareça pouco agressiva, a doença pode evoluir para a dengue hemorrágica e a síndrome do choque da dengue, caracterizadas por sangramento e queda de pressão arterial, o que eleva o risco de morte.

Prevenção à dengue

Entre as medidas de prevenção, é sabido que é preciso evitar o acúmulo de água parada, uma vez que o mosquito deposita seus ovos em recipientes ou locais cheios de líquido. Além disso, é importante o uso de telas de proteção contra mosquitos em janelas e portas, o uso de repelentes sintéticos (mais eficazes e duradouros que os caseiros) ao caminhar por matas, e em viagens a locais repletos de mosquitos, um maior cuidado na limpeza e manutenção de aquários e piscinas, e na limpeza das calhas das casas e edificações. Banir o acúmulo de lixo e entulhos também é extremamente importante.

Colaboração da população

Como vemos, muitas das doenças epidêmicas podem ser evitadas ou ter diminuídos seus casos com a colaboração de cada um entre a população. Nem tudo está sob nosso controle, mas, não podemos negligenciar a parte que nos cabe fazer. O mesmo se dá em relação ao Covid-19, que ainda não conta com vacina. Lavar as mãos frequentemente de modo adequado, conforme vem sendo orientado na mídia, é a principal medida para evitar o contágio, bem como evitar levar as mãos aos olhos, nariz e boca, além de evitar locais de grande aglomeração de pessoas, e ao tossir e espirrar, proteger a disseminação das gotículas com o antebraço, e não com as mãos.

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