sábado, 21 de setembro de 2024
Conheça as vias e faixas elevadas e outras soluções que promovem a mobilidade ativa

Conheça as vias e faixas elevadas e outras soluções que promovem a mobilidade ativa

Com projetos voltados ao pedestre que buscam melhorar a mobilidade, Curitiba se destaca e inspira bairros planejados nas cidades vizinhas

Cidades que se preocupam com a mobilidade urbana e qualidade de vida dos moradores priorizam projetos com foco na sustentabilidade e nas pessoas. É o caso de Curitiba (PR), que cada vez mais implanta projetos de mobilidade ativa, uma forma de locomoção que usa apenas a energia do próprio corpo e contribui para uma maior acessibilidade.

A capital é pioneira em projetos de mobilidade sustentável, começando pela Rua XV de Novembro, que foi o primeiro calçadão exclusivo para pedestres implantado no país, há 50 anos, até as novas calçadas, rampas de acessibilidade e ciclovia na Rua Eduardo Sprada, na Cidade Industrial de Curitiba, implantada a partir da intervenção que garantiu novo traçado da via.

Exemplo recente na capital paranaense é o projeto de revitalização da Av. República Argentina, que vai contar com trechos de vias elevadas. Realizado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), o planejamento para essa intervenção segue a premissa das vias calmas, que priorizam o pedestre e o ciclista na ocupação do espaço urbano. As áreas compartilhadas são marcadas por pisos com padrões diferentes em texturas e tamanhos, favorecendo a circulação de pedestres em detrimento das bicicletas, motocicletas e veículos de passeio.

O projeto compreende o desalinhamento e requalificação de estações-tubo, pavimentação de partes da via-lenta e da canaleta exclusiva dos ônibus, novo calçamento, sistema de iluminação, paisagismo, implantação de compartilhamento para os ciclistas com os veículos na via e sinalização; dando prioridade ao transporte coletivo em relação ao transporte individual.

De acordo com o arquiteto do IPPUC Fabiano Losso, “o respeito e a negociação do espaço durante o uso de um modal ou outro é a premissa do compartilhamento de vias. A segregação é mínima e o ambiente estimula e valoriza a troca e a gentileza entre os cidadãos, estejam eles motorizados ou não”. Essa vertente coloca Curitiba em destaque quando o assunto é modelo de mobilidade ativa. Exemplos não faltam.

Convivência segura

A Rua Voluntários da Pátria, revitalizada desde a Praça Osório até a Praça Rui Barbosa, foi transformada na primeira Rua Completa da capital paranaense, conceito aplicado a locais de convivência e de movimentação segura entre veículos, bicicletas e, principalmente, pedestres, segundo a Organização Não Governamental WRI Brasil. A via, que tem intenso fluxo de pedestres, foi elevada ao nível da calçada e alargada para implantação de uma faixa de acessibilidade. Na outra parte da calçada, o piso original em petit-pavê (mosaico de pedras), com os tradicionais desenhos de rosáceas, foi preservado.

Para incentivar a mobilidade ativa, a prefeitura deve completar, ainda este ano, mais de 2 mil metros quadrados de novas calçadas que vão valorizar os pedestres, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e do desenvolvimento sustentável da cidade. As obras integram o primeiro lote do projeto Caminhar Melhor, que prevê 100 km de acessibilidade nos passeios de ruas do centro e dos bairros, a partir do Programa de Mobilidade Urbana Sustentável de Curitiba.

É importante ressaltar que vias elevadas e faixas elevadas são coisas diferentes. Cada vez mais comuns no Brasil, as faixas elevadas são uma faixa de pedestre acima do nível da rua; enquanto as vias elevadas têm a rua no mesmo nível da calçada, funcionando como uma extensão delas. O objetivo é fazer com que os veículos deem prioridade aos pedestres, já que além da sinalização, são também um fator físico para redução da velocidade.

As pessoas em primeiro lugar

Para a arquiteta e urbanista Yasmin de Nadai, analista de produto da Bairru Urbanismo, projetos como os citados colocam Curitiba como referência nacional e internacional de cidades inteligentes. “E não há como negar que isso começou lá atrás, nas décadas de 1970 e 1980, com o trabalho realizado por Jaime Lerner”, ressalta.

Um dos últimos trabalhos do urbanista, que morreu em 2021, foi o Bairru Parc, que hoje leva a assinatura do Escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados. O bairro planejado que será instalado em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, é inspirado nos mais modernos centros urbanos do mundo e baseado nos princípios do novo urbanismo, como diversidade, identidade, mobilidade, coexistência e sustentabilidade. Vias elevadas, faixas compartilhadas e flexíveis e as mais modernas soluções urbanas integram o projeto.

Com lançamento previsto para 2023, o Bairru Parc deve se tornar um polo de atração e comércio de Pinhais e Curitiba, além de ser o primeiro bairro inteligente da região. “Assim como Jaime Lerner defendia, este é um projeto voltado para as pessoas e que temos muito orgulho de colocar em prática”, conta Yasmin.

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