por Noelcir Bello
Esta semana visitamos a empresa de ônibus da cidade e conversamos com a cobradora Conceição. Muito querida e respeitada por todos na empresa, é uma das mais antigas funcionárias e acompanhou todo o crescimento de Pinhais.
Nascida em Joinville, Santa Catarina, Conceição teve uma infância e adolescência muito difícil. Nossa entrevistada lembra que quando chegou ao Paraná, se assustou com o que viu. “Eram favelas, mulheres que fumavam, tudo era diferente”, contou Conceição.
Trabalhou de diarista em Curitiba e ia ao trabalho a pé, assim sobrava dinheiro para a comida. Aposentada há cinco anos, permanece trabalhando como cobradora na Expresso Azul e concilia o trabalho com sessões de hidroginástica, para ocupar melhor o seu tempo e manter uma boa saúde.
Chegada a Pinhais
Conceição veio para Pinhais aos 20 anos de idade, em busca de uma vida melhor. No início, trabalhou como doméstica e diarista. Mais tarde, surgiu a oportunidade de trabalhar em um restaurante de frente à atual delegacia de Pinhais, onde ficou por seis anos. Em 1993, pensando em dar um futuro melhor para sua filha, começou a trabalhar como cobradora.
Sua família tinha um terreno em Pinhais, onde hoje está localizado o pátio da empresa que trabalha. “Naquela época, as poucas ruas do município tinham muito barro. O município começou a melhorar depois da emancipação, quando vieram os bancos, mais ônibus, terminal novo e prédios. Até então, era um lugar esquecido e abandonado. Os ônibus sempre viviam lotados e a entrada dos passageiros era pela porta de trás”, lembrou.
Na época, era comum as pessoas se deslocarem de bicicleta. O trânsito era menos intenso, haviam muitas carroças puxadas a cavalo, chamadas de charretes, que eram usadas pelos maridos para chegarem ao ponto de ônibus e buscar as esposas e os filhos que retornavam de ônibus do trabalho ou da escola, já que carros de passeio eram muito raros. “O município todo era alagado. A gente tomava banho de bacia e nosso banheiro ficava fora de casa. Éramos muito pobres. A nossa diversão da época era assistir aos jogos de futebol entre o Vasquinho e União Pinhais. Meus irmãos e irmãs jogavam futebol nestes times. Outra diversão era olhar a chegada do trem, que vinha de Curitiba ou do litoral”, contou.
Muito trabalho e determinação
Após muitos anos conciliando dois trabalhos, quando pela manhã trabalhava de cobradora e a tarde diarista, construiu sua primeira casa no terreno da mãe. Anos depois, ajudou a filha a pagar a faculdade e, juntas, compraram carro e um terreno. “Agradeço muito a Pinhais e também a empresa Expresso Azul, pois foi onde consegui tudo que tenho na vida. Sempre trabalhei muito para ter as coisas que eu queria”, garantiu.
Grandes mudanças
Segundo nossa entrevistada, a grande diferença para Pinhais foi a chegada do Luizão à Prefeitura. “Assim foi possível notar realmente as mudanças na cidade. No entanto, sugiro que tragam mais faculdades para o jovem se formar, sem precisar ir até às cidades vizinhas.
Também é preciso mais áreas de lazer, como os bosques recém-criados por Luizão e mais atividades para as pessoas, em especial aos finais de semana. Parabenizo as comemorações de aniversário do município. São muitas coisas boas para comemorarmos. Merecemos comemorar e dar a oportunidade para pessoas de fora virem conhecer a nossa cidade”, acrescentou.
Conceição revela que já foi assaltada por diversas vezes, mas, mesmo assim, não quer parar de trabalhar. “Já passei por uns quinze assaltos e tive até o revólver encostado em meu peito. Mas, com muita fé em Deus, quero continuar a trabalhar e ajudar o município de Pinhais a continuar crescendo cada vez mais”, disse.
Antes de finalizar a entrevista, ela nos revelou que tem o sonho de montar seu próprio negócio, algo ligado à gastronomia.