Como ultrapassar os 70 anos de idade com mais raciocínio e muita agilidade

Como ultrapassar os 70 anos de idade com mais raciocínio e muita agilidade

Como ultrapassar os 70 anos de idade
Se uma vida ativa contribui diretamente para ultrapassar a marca dos 70 com mais atividade cerebral, o contrário também é verdade

Você certamente já parou para pensar sobre a capacidade que alguém tem para raciocinar de forma rápida e assertiva, mesmo após os 70, 80 e até 90 anos. Juízes, promotores, professores, médicos, escritores ou mesmo funcionários públicos: são inúmeros os exemplos de pessoas que, ao exercerem profissões com maior exigência intelectual, mantiveram a boa performance na sua velhice a ponto de manifestarem pouco ou nenhum prejuízo cognitivo, mesmo em idade avançada.

Para a neurociência, os motivos que levam uma pessoa a envelhecer com grande capacidade de pensamento são claros e facilmente compreendidos quando fazemos uma analogia com uma poupança financeira e consideramos a “reserva cognitiva”.

Para entender melhor, confira 4 dicas para envelhecer bem:

1) Poupando o seu cérebro – da forma certa

Quando falamos no nosso cérebro, a poupança não significa a ausência de uso. Aqui, é justamente o contrário. Quando temos uma vida ativa, criamos uma espécie de reserva para o nosso cérebro: a reserva cognitiva, um conceito científico que define a capacidade que nosso cérebro terá para responder às adversidades, de acordo com os estímulos que demos a ele ao longo da vida.

Aos 73 anos, seu Ricardo Maranhão coleciona títulos que comprovam sua atividade cerebral ao longo de toda uma vida e fundamentam sua boa performance cerebral. Professor universitário da Universidade Federal de Pernambuco, ele possui doutorado na Universidade Paul Sabatier (França/Toulouse) e mestrado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com especialização em Educação para à Área da Saúde, na Universidade Federal do Rio de Janeiro e especialização em Controle Biológico de Medicamentos no Instituto Adolfo Luts, na Escola Paulista de Medicina (SP).

“Eu tenho certeza que a reserva cognitiva é uma conquista constante. Minhas atividades intelectuais e graduações contribuíram fortemente para a minha formação de reserva cognitiva aos 73 anos. Tudo isso foi de grande impacto em minha formação em meu processo de envelhecimento. Há quatro anos decidi me aventurar no método SUPERA, o que para mim foi um grande presente porque dou ao meu cérebro novidade, variedade e grau de desafio crescente”, opinou.

2) Derrubando mitos

“Uma pessoa com 70 e poucos anos pode ser um juiz, um maestro, um famoso escritor, mas também pode apresentar falhas pontuais de memória, confundindo informações simples como nome dos netos ou se perdendo na sua própria cidade. E o mais comum, ele pode estar em algum lugar na rampa desses dois extremos. Um conjunto vasto de variáveis vai definir essa posição”, detalhou Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA – Ginástica para o cérebro.

Ainda segundo a especialista, ao falar sobre o avanço da idade e a capacidade cognitiva, é importante desconstruir 3 mitos:


• “A inteligência é uma capacidade única”. Isso não é verdade. A inteligência é um conjunto de muitas habilidades desenvolvidas que se combinam.


• “A inteligência declina na velhice”. Sabemos que apenas algumas capacidades relacionadas a flexibilidade de ponto de vista e adaptações rápidas são afetadas com o passar da idade. Todas as outras habilidades intelectuais ficam constantes ou até melhoram.


• “A idade é o fator mais crítico que influencia a deterioração intelectual” – Há pelo menos 8 fatores que exercem maior impacto do que a idade, sendo: aptidão inata, nível de instrução educacional, treinamento profissional, ambiente estimulante, estado de saúde, motivação e sucesso na vida.


Se uma vida ativa contribui diretamente para ultrapassar a marca dos 70 com mais atividade cerebral, o contrário também é verdade, segundo a especialista.

“Sabemos que existe uma correlação entre profissões com esforço monótono e simples e o declínio cognitivo precoce, e a correlação contrária também é válida, nas profissões onde funções intelectuais são usadas continuamente pode haver uma melhoria cognitiva com o tempo”, detalhou Livia Ciacci.

3) Desenvolvimento constante e otimismo

Além do treino cognitivo – que tem grande impacto em diferentes faixas etárias, outros fatores influenciam diretamente na capacidade de envelhecer bem, confira:

Você já parou para pensar sobre a importância de tudo que acontece em nossos primeiros anos de vida?
Segundo Livia Ciacci, nosso cérebro começa a ser moldado já na infância. Ambientes que permitam exploração e variedade sensorial potencializam o desenvolvimento intelectual. Depois temos o nível de instrução, que representa toda vivência educacional. Em testes de inteligência aplicados a diferentes grupos etários, os resultados sempre são melhores na medida do nível educacional das pessoas, independente da idade.

“O fator saúde é um ponto bem interessante, pois não basta a ausência de doenças! Quanto melhor o cuidado com o corpo, melhor o desempenho intelectual também. O modo de ver e lidar com a vida também influencia. Há uma correlação positiva entre a capacidade cognitiva constante e sucesso no trabalho, aceitação da vida, vida social, motivações e desejos de realização”, detalhou Livia Ciacci.

4) Treino cognitivo

O treino cognitivo é uma estratégia que funciona a partir de duas premissas: a primeira quando sabemos que os aspectos da inteligência conquistados durante a vida tendem a se manter, e a segunda quando sabemos que a neuroplasticidade – capacidade de reorganizar circuitos de neurônios a partir da sua utilização – também se mantém, mesmo que em níveis menores que nos jovens.

“A partir disso, é plenamente possível que uma pessoa acima dos 60, 70 anos passe a praticar treinos cognitivos e melhore certas habilidades, evitando que haja um declínio maior. Um fator importante em todas as idades para manter um desempenho intelectual bom ou razoável é aprender novas coisas, se manter atualizado do que passa no seu ambiente, no país e no mundo, sem esquecer de manter alguma atividade física”, concluiu Livia.

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