Os primeiros 100 dias de um novo governo geram muita expectativa em todos os setores da economia. São neles que a nova equipe de ministros apresenta seus planos e como funcionará cada pasta ao longo dos próximos 4 anos. Apesar da perspectiva positiva para alguns, o período inicial deve ser de certa desconfiança, principalmente no mercado financeiro.
De acordo com o Banco Central, a estimativa é que o PIB cresça apenas 0,75%, e o país enfrente juros altos e uma inflação resistente, em decorrência do aumento do gasto público previsto pelo novo governo. Somado a isso, fatores externos também podem provocar mais incertezas no Brasil, nos EUA, por exemplo, o banco central elevou a projeção para a taxa básica de juros no fim do ciclo em 2023 de 4,6% para 5,1%, projeção que provocou a queda das bolsas do país.
Uma das principais causas para essa certa desconfiança é o fato de que o governo não é completamente novo. Quem vai assumir a cadeira é alguém já conhecido de nós brasileiros. Sabemos da sua capacidade e o modelo de governar, do que fez ou deixou de fazer nos seus dois mandatos anteriores. Claro, pode ter mudado em algum aspecto no caminho e causar uma surpresa positiva.
No entanto, todas estas possibilidades trazem incertezas, e por isto que neste cenário, todos nós, e em especial as empresas, devemos trabalhar com metas em ciclos curtos e adaptar rapidamente o curso das ações conforme as expectativas vão se confirmando ou tomando uma direção completamente diferente do que havíamos pensado. Dito isso, uma forma eficiente de gestão são os OKRs, que podem ser elaborados em ciclos trimestrais, tendo um processo de execução e estratégia a curto prazo.
A adoção dessa ferramenta permitirá fortalecer empresas e negócios em absorver ou responder às mudanças de mercado, ainda que aconteçam de forma abrupta. Os Objectives and Keys Results – Objetivos e Resultados Chaves, permitem de forma clara definir o propósito e a atuação de cada integrante do time. Em tempos de incertezas, se precaver pode ser a diferença em tornar o inesperado em algo favorável.
Ainda assim, é fundamental estar atento aos fatores externos para buscar oportunidades no mercado para o crescimento. E, quando encontrar, ser capaz de decidir se faz sentido ajustar o planejamento que havia sido adotado. Por exemplo, o anunciado novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez menção ao aumento no número de parcerias público-privadas (PPPs) e à redução nas privatizações. Os investimentos públicos também devem ser maiores. Logo, pode impactar na desvalorização de empresas estatais, como a Petrobrás, o Banco do Brasil, entre outros.
Contudo, é fundamental que olhemos para o próprio umbigo e sejamos capazes de buscar eficiências internas, cortando o máximo de gastos possíveis. Um planejamento por OKR favorece uma visão ampla e detalhada das entradas e despesas da companhia, facilitando assim a identificação do que é possível ser reduzido ou cortado.
Não podemos ainda afirmar nada, se vai melhorar ou piorar, ou se vai dar certo ou errado. O que nos resta, é claro, é torcer para que se tome as melhores decisões nos cenários que afetam a todos nós, e, claro, tentar ao máximo nos blindar de impactos externos, mesmo que isso possa ser muito difícil.
Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKR.
Mais informações: http://www.gestaopragmatica.com.br/