Com pandemia beirando o descontrole, é crucial que Ministério da Saúde agilize a compra de vacinas
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Com pandemia beirando o descontrole, é crucial que Ministério da Saúde agilize a compra de vacinas

Passadas as eleições municipais, é o momento de prefeitos, de Curitiba e da Região Metropolitana, retomarem as atenções no tocante ao enfrentamento da pandemia, que dá claros sinais de recrudescimento.

A capital tem batido recordes de novos casos por três dias seguidos, registrando, na quinta-feira (19/11), 1.381 novos casos de Covid-19, além de nove óbitos de moradores da cidade infectados pelo novo coronavírus, conforme boletim da Secretaria Municipal da Saúde. Já são 8.415 casos ativos na cidade, onde em cerca de uma semana a curva de contágio tem crescido aceleradamente. Oito boletins antes do divulgado na quinta-feira pela prefeitura, haviam sido registrados 477 novos casos, menos da metade dos casos de quinta-feira. No boletim seguinte, o número de novos casos já estava em 736. Porém, nos últimos dois dias da semana, saltaram para 879 na terça-feira e 914 na quarta-feira.

É importante ressaltar que as decisões municipais devem ser tomadas em conjunto com toda a Região Metropolitana, uma vez que os municípios estão interligados, havendo grande trânsito de pessoas entre um município e outro, principalmente, com a capital. As autoridades de saúde, a exemplo do secretário estadual Beto Preto e da secretária municipal, Márcia Huçulak, já vêm demonstrando preocupação com a curva de contágio crescente na capital e em todo o estado, alertando para o perigo de um descontrole em razão das festas de final de ano que se aproximam. A realidade é que se as autoridades municipais e estaduais não emitirem decretos impondo restrições com novas medidas sanitárias mais rígidas, a situação poderá chegar ao caos em janeiro, após as festas de final de ano, quando a tendência a aglomerações e encontros sociais fatalmente será inevitável a muitos.

Postura do Ministério da Saúde

Outro ponto a destacar, é a postura do Governo Federal, do Ministério da Saúde, em especial, que deveria estar se preparando logisticamente para a vacinação em massa da população. No último dia 18, foi anunciado na imprensa que a farmacêutica Pfizer (EUA/Alemanha) conta com uma vacina pronta, bem-sucedida nos testes, alcançando a fase três e final dos testes com eficácia de 95%. Países como os Estados Unidos e a Alemanha já se apressam em demonstrar interesse na compra desta vacina. Porém, por se tratar de uma vacina genética, é necessário estrutura para armazenamento a -70 graus C, ou seja, é necessário um investimento maior para este tipo de armazenamento com um resfriamento a uma temperatura muito mais baixa que as vacinas tradicionais.

Preparação, planejamento e logística

A pergunta que os mais atentos e preocupados fazem é: o Ministério da Saúde está fazendo um planejamento para iniciar a compra das vacinas, para a logística de armazenamento, de distribuição e de aplicação na população, além de treinamento de pessoal? E quanto às campanhas de vacinação, que serão extremamente necessárias para que a meta de vacinar pelo menos 80 a 90% da população seja alcançada a fim de que a circulação do novo coronavírus seja significativamente diminuída?

Ampliar o leque de compra das vacinas

O primeiro passo desse planejamento seria ampliar o leque de compra de vacinas. Até o momento, a única aposta certa do Ministério da Saúde é a vacina da Astrazêneca/Oxford, que ainda não está pronta. Torna-se difícil compreender por que o Governo Federal aposta em uma única vacina se já há outros laboratórios produzindo outras que estão sendo bem-sucedidas em todas as fases de testes. Talvez, por esta vacina não ser “comunista” como a Coronavac, da China, segundo os adeptos da politização das vacinas alegam.

Se não houvesse tanta politização das vacinas, o governo estaria mais aberto a comprar vacinas variadas, estudando todas as opções e eficácias de cada uma disponíveis. Há vacinas baseadas em RNA, em subunidades proteicas e as baseadas em vírus inativados, esta última, o modo mais tradicional, usado na vacina Coronavac (laboratório Sinovac), da China. Há opções de compra de vacinas como as da Pfizer, da Johnson&Johnson, da Moderna (EUA), da Sinovac (China), da Novavax/Takeda e até a Sputnik, da Rússia.

Campanhas de vacinação eficazes

É de cerca de 210 milhões de brasileiros a nossa população. Ou seja, um trabalho que demanda planejamento e logística muito competentes, bem como campanhas eficazes, a fim de que se atinja a meta necessária para erradicar a pandemia. Tempo, neste momento complicado em que muitas vidas ainda estão sendo perdidas e a curva de contágio volta a crescer, é crucial. Quanto mais rapidamente iniciarmos a vacinação em massa, mais rapidamente poderemos voltar à normalidade. Mais rapidamente a retomada econômica poderá ser iniciada. Enfim, é preciso muita competência, profissionalismo, e real preocupação com a saúde da população e da economia para enfrentar a pandemia. Até o momento, do Governo Federal, não se tem visto a dedicação necessária.

Ministro da Saúde “apagado” do Twitter

Nesta semana, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, defendeu o “fique em casa” para conter a pandemia, uma vez que não temos ainda medicamentes específicos que garantam a cura de todos os doentes, tampouco, as vacinas. Mas, a pasta apagou do seu Twitter a mensagem pouco após sua publicação na manhã da quarta-feira (18), pois, Pazuello foi chamado de “comunista” e comparado ao ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por seguidores bolsonaristas. O general também foi atacado pelo blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. O que esperar do Ministério da Saúde quando as coisas andam nesse clima?

Pressão dos governadores

A expectativa está nos bons governadores, como o Ratinho Jr., que já demonstrou interesse em comprar a vacina da Rússia. E em outros que eventualmente possam exercer uma pressão, cobrar, mesmo, do Ministério da Saúde, mais agilidade e competência para trazer vacinas seguras e em uma quantidade suficiente a toda a população brasileira.

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