Campanha contra abstenções é crucial em cenário atípico no segundo turno, em Curitiba
Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Campanha contra abstenções é crucial em cenário atípico no segundo turno, em Curitiba

“Neste primeiro turno, Curitiba teve abstenção recorde. Se a abstenção continuar crescendo, no segundo turno, corremos o risco de eleger o próximo prefeito com o apoio de menos de 1/3 do total dos eleitores. É uma situação grave e inédita“, disse, no último dia 15, o presidente do TRE-PR, desembargador Sigurt Roberto Bengtsson. O alerta foi dado no lançamento da campanha do TRE junto com o Instituto Pró-Democracia Sempre (Iprodes) para incentivar o eleitor a comparecer às urnas na votação do segundo turno das eleições municipais, no próximo dia 27.

 

Incentivo ao comparecimento às urnas

A campanha visa mobilizar a sociedade civil no combate às abstenções do eleitorado, que têm se revelado preocupantes por enfraquecer a democracia e o exercício da cidadania. Curitiba, neste primeiro turno, apresentou um índice de abstenção considerado bastante elevado: 27,74% dos eleitores não compareceram às urnas, o que representa mais de 390 mil eleitores de um total de 1.423.722 eleitores. O percentual de abstenção na capital do Paraná só não foi maior que, em 2020, em plena pandemia, quando houve o recorde de 30% de abstenções. Mas um crescimento, naquele ano, já era esperado, em razão das medidas sanitárias de distanciamento social que levaram muitas pessoas a não saírem de casa.

 

Abstenções acima da média nacional

No primeiro turno de 2024, metade das capitais do país apresentaram índices de abstenção maior que a média nacional de 21,71%. Além de Curitiba, capitais como Porto Alegre (31,51%), Rio de Janeiro (30,6%), Belo Horizonte (29,5%), Goiânia (28,2%) e Florianópolis (28,1%), entre outras, ficaram acima da média nacional, já considerada alta pela presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia. No país todo, o número de eleitores que não compareceram às urnas, no primeiro turno, soma 34 milhões.

 

Abstenções maiores no segundo turno

Desde 2006, as abstenções têm sido maiores no segundo turno. A exceção foi nas últimas eleições presidenciais, em 2022, quando Lula e Bolsonaro disputaram a presidência da República.

 

Perda de legitimidade

Considerando-se a tendência de abstenções maiores no segundo turno, a preocupação com as eleições de Curitiba é grande. Conforme o presidente do TRE-PR alertou, se este percentual crescer no segundo turno, há o risco de contarmos com um futuro prefeito eleito com uma participação muito pouco representativa do eleitorado. Quando as abstenções crescem, uma eleição perde sua legitimidade, no sentido de não representar a vontade de um percentual expressivo do eleitorado.

 

Desencanto com a política

São muitos os fatores que têm levado o eleitor a não comparecer às urnas. A irrisória taxa de multa cobrada ao justificar o não comparecimento é um deles. Porém, sobretudo, é notório o crescimento do desencanto com a política, em geral, seja a local ou a nível nacional. Razões, logicamente, não faltam para tal desencanto. A decepção com tantos candidatos eleitos que não corresponderam às expectativas do eleitorado, bem como a forma com que a nossa cultura política vem sendo conduzida, sem grandes avanços no combate a corrupção, estão entre os motivos que têm deixado o eleitorado sem vontade de votar.

 

“Alternativos“ e “contra o sistema”

A intensificação da polarização política, também, pode estar contribuindo para o desinteresse na participação do processo eleitoral. Aqueles eleitores que não se identificam com candidatos muito ideologizados, radicais, extremistas, tanto a esquerda como a direita, talvez, prefiram não comparecer às urnas ou optar pelo voto em branco ou nulo. Por outro lado, o notório desinteresse e desencanto pela política pode despertar um repentino interesse em candidatos que se colocam como “alternativos” ao sistema político atual. Daí a grande popularidade de determinadas candidaturas extremistas e populistas, que se colocam como diferenciadas “de tudo isso que está aí” e “contra o sistema”. Este é o grande perigo, pois, visam iludir aos incautos de que serão capazes de conquistar alguma governabilidade atuando contra ou fora do sistema e ainda mantendo uma suposta democracia em que só vale quando é favorável a seus próprios interesses.

 

Poder de escolha

Gostando ou não das candidaturas disponíveis, é importante que o eleitor se conscientize de que não deve abrir mão de seu poder de escolha. Deixar de fazer sua escolha por meio do voto na urna não impede que outros escolham em seu lugar. Contudo, as consequências dessa escolha da maioria votante recairão sobre todos, indistintamente. Todos poderão sofrer as consequências de uma má escolha eleitoral, inclusive, a partir de um legado ruim deixado a filhos e netos. Aliás, a campanha, também, incentiva a eleitores com mais de 70 anos a comparecerem às urnas, mesmo o exercício do direito ao voto sendo facultativo a partir desta idade. Vale a pena pensar no futuro que se quer para filhos, netos, bisnetos, sobrinhos, enfim, a todos os entes queridos mais jovens.

 

Cenário atípico em Curitiba

Em especial, neste segundo turno, em Curitiba, é fundamental que o eleitorado compareça massivamente às urnas. Enfrentamos um cenário atípico, surpreendente, com duas candidaturas de direita. Porém, dois candidatos bastante diferentes. Um, aberto ao diálogo e a união, tolerante a diversidade e pluralidade de ideias, ciente de que se deve governar para todos, independentemente de opção ideológica. Já seu oponente, representa a extrema direita, sendo inexperiente e prometendo retrocessos a tantos avanços alcançados na capital do Paraná.

 

“Lacradores” de redes sociais

Na verdade, nunca houve um segundo turno para prefeito em Curitiba em que tenha sido tão fácil escolher o candidato merecedor de voto. Quem ama Curitiba e aos seus, não pode deixar de votar neste segundo turno contra o que há de pior na política atual e que tem surgido, nos últimos anos, a partir de uma polarização insana a dar guarida a ascensão de candidatos extremistas de discursos vazios que não passam de “lacradores“ de redes sociais.

publicidade

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress