Na sessão de terça-feira (16) os vereadores discutiram o PME (Plano Municipal de Ensino) e a polêmica surgiu por conta da ideologia de gênero, prevista no PNE (Plano Nacional de Ensino) e rechaçada pelos deputados federais, em Brasília. A maioria dos parlamentares da Casa se posicionou contra a permanência do termo diversidade de gênero na redação do Projeto de Lei.
Rock sugere emenda no Plano Municipal de Ensino
O vereador Valmir Soares, o Rock (DEM), iniciou o discurso parabenizando o par, Adriano Cordeiro (PTB) e os demais profissionais que trabalharam na elaboração do PME (Plano Municipal de Educação). “Sabemos que foi uma luta contra o tempo”, observou Rock. O prazo máximo para votação, dado pelo Governo Federal aos municípios, encerrará em 24 de junho deste ano.
Quanto à presença do termo “diversidade de gênero”, no texto do plano de Piraquara, Rock se posicionou contra. Não obstante, levou em conta o fato dos vereadores não votarem sobre ideologia de gênero, mas, tão somente, o PME. “O plano de ensino elaborado em nosso município é maravilhoso, porém, sugiro uma emenda que retire o termo ‘diversidade de gênero’ do texto”, argumentou o vereador. O parlamentar deixou claro que votará contra, caso a sugestão não seja considerada e votada.
Visita aos bairros
No discurso, Rock informou sobre a visita feita no último domingo (14) às ruas da cidade. O parlamentar disse que a prática será frequente a partir de agora, e contou sobre algumas solicitações, dentre as quais, a iluminação pública como uma das principais. “Oficializarei amanhã (quarta-feira, 17 de junho) o pedido de uma ronda noturna nesses bairros a fim de detectar lâmpadas queimadas e quebradas”, explicou.
Maior presença de policiamento
O vereador ressaltou a necessidade de maior policiamento da PM nos bairros. De acordo com Rock, recentemente, houve troca de tiros na Rua Maceió, durante uma festa, na Capela Nossa Senhora Aparecida. “Acontecimentos assim nos causa preocupação, é necessário presença mais constante da nossa Polícia Militar – que inclusive fez um trabalho gratificante na Vila Macedo”, observou Rock.
Reclamação
Ao final das explicações pessoais, Rock revelou ter recebido, à tarde, uma informação sobre mau atendimento prestado por funcionários terceirizados na UPA 24 horas. “Pessoas mal humoradas não podem ficar a frente de nenhum tipo de atendimento ao público, se não há a condição mínima de atender com presteza, que fique em casa”, comentou.
Sugestões seriam bem vindas na audiência pública, diz Adriano
O vereador e relator da Comissão de Educação e Cultura, Adriano Cordeiro (PTB), disse, durante o discurso, que sugestões são bem vindas, no entanto, o momento adequado para tais manifestações teria sido na sexta-feira (12), ocasião na qual ocorreu a audiência pública, na Câmara. “É lamentável que a participação da sociedade no processo de elaboração do plano não tenha sido significativa. O que votarmos agora valerá para os próximos dez anos”, observou.
Adriano ressaltou a importância da discussão, da presença de representantes da Igreja e das propostas de emendas feitas na sessão por pares. Porém, o parlamentar observou que tudo poderia ter sido discutido com maior profundidade antes, em oportunidades como a já citada audiência pública. “Poderíamos ter antecipado esta discussão de hoje, inclusive com maior participação dos pares”, argumentou Adriano, que ainda ponderou: “as propostas de última hora são lamentáveis, contudo pertinentes”, concluiu.
Famílias precisam ser chamadas à discussão
Logo após o discurso de Rock, o vereador Gilmar Cordeiro (PSB) aproveitou o ensejo e afirmou ser necessário chamar as famílias e os segmentos religiosos ao debate, para aprofundar o tema. Sob o entendimento da responsabilidade que pesa sobre as autoridades e, principalmente, educadores, Cordeiro ressaltou durante todo o tempo que dispôs na tribuna a complexidade da questão. “Precisamos dar suporte para os professores e escolas. É um assunto complexo e, às vezes, causa temor o simples fato de provocar uma conversa”, observou o vereador.
Segurança no Guarituba
A segurança no Guarituba foi destaque no discurso do vereador Sidnei Cesar Mamede (PRB) ao citar o caso da morte de uma jovem moradora do bairro, ocorrida na segunda-feira (15). O parlamentar lamentou a perda e se disse muito preocupado com a situação da população face o crescimento da violência. “Estou dentro do bairro e, a todo o momento, mortes têm acontecido. Até quando isso será rotina, sem políticas saudáveis de segurança em nosso município?”, questionou Mamede.
Capital das Águas abandonada pela máquina pública
O vice-presidente da Câmara, vereador Miguel Scrobot (PROS) disse no discurso perceber carência ideológica no Brasil, atualmente. “O país está carente de ideologia, carente de desenvolvimento e o projeto nacional não é como apresentam e se fala por ai. Vivemos numa cidade mal cuidada pelos governos federal, estadual e municipal. A ‘Capital das Águas’ está abandonada pela máquina pública”, lamentou Scrobot.
Carência no ensino
O parlamentar ressaltou a ausência de escolas integrais e profissionalizantes no município como consequência da ação de políticos irresponsáveis, que agem de má-fé com o voto dos eleitores piraquarenses. “Candidatos a deputado, estadual ou federal, vêm aqui, fazem os votos e depois somem!”, reclamou.
Realidade de Piraquara
Scrobot observou que ao longo dos anos Piraquara foi administrada, muitas vezes, por políticos negligentes. “Continuamos com o maior complexo prisional do estado sobre a bacia que abastece a Região Metropolitana, e ainda batemos palma para toda essa gente”, argumentou o vereador. O parlamentar comentou também a grande quantidade de lixo e esgoto nas margens dos mananciais. “Nos arroios, o lixo e o esgoto tomam conta; e essa é a realidade de Piraquara”, declarou.
Vereador Baianinho é contra ideologia de gênero
O vereador Edson Manoel dos Santos, o Baianinho (PHS), lamentou, no início do discurso, que alguns políticos brasileiros tentem “enfiar garganta a baixo” da população discursos que contrariam os bons costumes e os valores cristãos. O vereador, no entanto, se posicionou como representante da sociedade cristã, tanto na condição de parlamentar quanto na de membro de denominação evangélica.
Baianinho afirmou que a ideologia de gênero é uma demonstração de desconhecimento religioso, mas, principalmente, familiar. “Confesso a todos minha revolta contra a ideologia de gênero e contra quem a escreveu”, afirmou. Baianinho citou a Bíblia, para justificar o ponto de vista de que não é bom para o homem viver sem companheira, enfatizando a visão de que homem se casa e constitui família com mulher.
Admiração por educadores
Baianinho manifestou admiração por professores e educadores, e considerou que deve às tais pessoas a própria alfabetização. O parlamentar citou pares da Casa cuja missão e ofício é o ensino, e os parabenizou pela escolha de carreira. “Apenas não aceito que ensinem meu filho a fazer uma escolha da qual discordo e vai contra minha fé e princípios”, justificou Baianinho.
Eugênio Huller reclama da falta de tempo para analisar o Plano Municipal de Educação
O vereador Eugênio Huller (PHS) questionou o processo no qual se desenvolveu o Plano Municipal de Educação. “Muito se discutiu sobre o plano, porém, o Projeto, formal, apareceu na Câmara apenas hoje!”, indagou o vereador. Huller reclamou que é grande o volume de informações contidas no documento e afirmou que não é possível analisar algo tão complexo em tão pouco tempo. “Tudo foi debatido em sessão aberta na sexta-feira, mas, elaboraram quando, tudo isso?”, argumentou o parlamentar.
Ideologia de gênero (Informações do gabinete)
Sobre a ideologia de gênero ou diversidade de gênero, e o fato dela estar inserida no PME, Huller declarou não ser favorável. “Entendo que a permanência desse conteúdo vai contra o que acredito, contra as bases familiares e principalmente religiosas. Jamais irei contra os princípios da família!”, se manifestou Hüller, por nota, via assessoria de gabinete.
Identidade de gênero, o que é?
O economista e filósofo Onardeles José Ferreira, que está se especializando em gestão pública pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), fez uso da tribuna, no início da sessão. Ferreira apresentou argumento contrário à ideologia de gênero. O termo, de pouco conhecimento público, foi debatido em vários momentos da sessão por conta da possível presença dentro do Plano Municipal de Ensino. No decorrer do discurso, estrutura familiar, valores religiosos e formação das crianças, de longe, apareceram como a maior preocupação do economista.
A fim de esclarecer os presentes, Ferreira exibiu um vídeo no qual pessoas são abordadas e questionadas sobre o tema, que tem a ver com a desvinculação da noção biológica da cultural, no tocante à sexualidade. Ou seja, as pessoas não precisam, necessariamente, exprimir os comportamentos sexuais restritos à condição sexual natural – homem ou mulher. A maioria dos entrevistados demonstrou desconhecimento e, num segundo momento, preocupação, caso os planos municipais de ensino sejam aprovados contendo conceitos da referida ideologia no teor dos textos.