Câmara aprova publicidade em ônibus para reduzir passagem

Câmara aprova publicidade em ônibus para reduzir passagem

Câmara Municipal de Curitiba

Após debaterem por pouco mais de uma hora, os vereadores de Curitiba foram unânimes ao aprovar, na terça-feira (19), projeto de lei que autoriza a venda de espaços publicitários nos ônibus

De acordo com a proposta, apresentada por Paulo Rink (PPS), o dinheiro arrecadado deverá ser usado “integralmente para reduzir o valor da passagem” nos coletivos.

Paulo Rink prevê que, com a efetivação da proposta, até R$ 10 milhões sejam aportados ao sistema até 2016. Segundo pesquisa de mercado apresentada por ele, a publicidade em um ônibus, em Porto Alegre (RS), pode gerar R$ 65 mil, brutos, por mês. No Rio de Janeiro (RJ), R$ 36 mil. “A frota de Curitiba é de 1,5 mil ônibus”, disse. O vereador acrescentou que, conforme estudos da CPI do Transporte Coletivo, cada R$ 0,01 da tarifa custa R$ 280 mil.

Protocolado no Legislativo em setembro de 2013, o projeto recebeu um substitutivo geral, mas teve a votação adiada duas vezes. Após sugestões dos veredores, o texto foi novamente modificado por emenda. A principal alteração foi a definição de que os recursos arrecadados serão depositados em uma conta específica, desvinculada do Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC), administrado pela Urbs.

De acordo com o vereador, esta conta será gerida por uma “Câmara de Compensação” composta pelas empresas concessionárias do transporte coletivo e pela Urbs. Já a venda da publicidade seria feita pelas concessionárias, mas o controle financeiro ficaria a cargo da gerenciadora do transporte. “Nosso objetivo principal é garantir a redução no valor pago pelos usuários e que tudo seja feito com a maior transparência possível. Por isso não vamos permitir que esses recursos vão para o FUC, que é um poço sem fundo”, argumentou.

Transparência

O projeto, que altera a lei referente à organização do transporte coletivo da cidade (12.597/2008), também estabelece que a fiscalização do dinheiro obtido com a publicidade seria feita pelo Conselho Municipal de Transportes e que todos os contratos seriam encaminhados, semestralmente, ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas e à Câmara Municipal.

O texto autoriza o uso das laterais, parte traseira e demais locais aptos dos veículos, “na forma permitida pela legislação de trânsito vigente”, mas proíbe a veiculação de propaganda de cigarros, bebidas alcoólicas e de peças que atentem à “moral e bons costumes”.

Sugestões da Urbs

Durante o debate, Paulo Rink afirmou ter recebido e-mail com sugestões da Urbs ao projeto de lei, mas deixou claro que não concordava com elas. Segundo ele, a empresa indicou que o dinheiro deveria ser depositado no FUC e pediu a retirada, em artigo que trata do equilíbrio econômico-financeiro do sistema, da previsão que o serviço deveria garantir a “minoração da tarifa em patamar justo aos usuários”.

“Não podemos acatar estas sugestões; e não vou mais adiar esta votação. Nosso objetivo é beneficiar a população, nem que seja em um centavo na tarifa. Vamos fazer a nossa parte”, concluiu o vereador.

Discussão do projeto

Diversos vereadores participaram da discussão do projeto de lei. Serginho do Posto (PSDB) considerou o projeto “inovador”. “Geralmente, o caminho mais fácil é aumentar o imposto. Esse projeto mostra como é possível criar novas formas de arrecadação”. Bruno Pessuti (PSC) sugeriu que o dinheiro arrecadado com a publicidade “seja destinado à implantação do sistema de bilhete único”, sendo que o usuário pagaria um valor fixo para ter acesso ilimitado aos ônibus em um determinado período.

Rogério Campos, como líder do PSC, deixou claro que a maior bancada da casa vota a favor desse projeto, mas criticou a Urbs: “É um projeto de primeiro mundo. E a Urbs é um câncer no transporte coletivo”. Outros vereadores também criticaram a Urbs pela solicitação de retirada da frase “minoração da tarifa em patamar justo aos usuários”, relatada por Paulo Rink. Valdemir Soares (PRB) disparou: “Será que a prefeitura pode respeitar esta Casa? O projeto é extraordinário, mas dependerá da regulamentação. Vamos cobrar!”.

Também discutiram o projeto os vereadores Chicarelli (PSDC), Helio Wirbiski (PPS), Jonny Stica (PT), Jorge Bernardi (PDT), Julieta Reis (DEM), Professor Galdino (PSDB), Sabino Picolo (DEM), Tico Kuzma (PROS), Toninho da Farmácia (PP) e Zé Maria (PPS).

Hospital pode ter que notificar casos de crianças embriagadas

Se hospitais diagnosticarem consumo de álcool ou entorpecentes por crianças e adolescentes deverão notificar em até cinco dias o Ministério Público e o Conselho Tutelar. Essa é a obrigação que um projeto de lei do vereador Chico do Uberaba (PMN) deseja criar em Curitiba. A norma seria válida para instituições de saúde públicas e privadas, sob pena de multa no valor de um salário-mínimo.

Para Chico do Uberaba, a notificação serviria para informar os pais e garantir a essas crianças “cuidados socioeducacionais”. “Hoje, no Brasil, causa grande preocupação o fato de os jovens começarem a beber cada vez mais cedo e as meninas, a beber tanto ou mais que os meninos”, justifica. A proposição cita pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), para quem 50,3% dos jovens já tomaram ao menos uma dose de bebida alcoólica.

A notificação a ser encaminhada ao Ministério Público e ao Conselho Tutelar, expedida em papel timbrado, deverá ter nome completo da criança ou adolescente, nome dos pais, endereço residencial e telefone para contato. Os médicos terão que apontar as substâncias consumidas, estimar a quantidade ingerida e indicar o tratamento clínico dado.

Tráfico de drogas na Eufrásio Correia é debatido na Câmara

A ausência da Polícia Militar, da Guarda Municipal de Curitiba e o consequente crescimento do tráfico de drogas nas imediações da praça Eufrásio Correia foram debatidos no plenário da Câmara de Vereadores na segunda-feira (18). O tema surgiu a partir do requerimento de Rogério Campos (PSC) que sugere o uso de cães farejadores no policiamento ostensivo do local – aprovado por unanimidade em votação simbólica.

Segundo o autor da sugestão ao Executivo, “a região está se transformando em uma verdadeira cracolândia”. O motivo seria a forma como é feita a abordagem de suspeitos pelo tráfico de drogas. “Quando a polícia chega, os marginais dispensam a droga e naquela ‘geral’ que é dada neles, não é achado nada. Em seguida, a polícia vai embora e os camaradas continuam fazendo o tráfico”.

“Esta é a praça da vergonha. A Guarda Municipal sumiu da praça. A situação é uma referência de que o vereador não tem uma ação pública eficiente. O que a população pensa é que nós, vereadores, não cuidamos nem do nosso quintal. Então, como vamos cuidar da cidade”, disse Valdemir Soares (PRB), em apoio ao requerimento.

Para Soares – autor de requerimentos semelhantes (protocolados em 2014) –, a ausência das forças de segurança favorece o tráfico de drogas nos espaços públicos. Sabino Picolo (DEM) e Zé Maria (SD) sugeriram que o Poder Executivo adote a praça e faça investimentos em sua infraestrutura, visando a “ocupação” do espaço pela comunidade.

“É triste vermos esta praça tomada pelo tráfico. Sei que o centro deve ser o espelho da cidade, mas nos bairros da periferia o problema é ainda pior. Na praça do Xapinhal [no bairro Sítio Cercado] é na porta da nossa casa”, finalizou Mestre Pop (PSC). Aprovada na Câmara Municipal, a sugestão de Rogério Campos será encaminhada à Prefeitura de Curitiba.

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