O Brasil tem um longo histórico de despreocupação com dados pessoais e também faltam de medidas de segurança no armazenamento dessas informações. É o que destaca o advogado especialista em tecnologia Rafael Silva, sócio da Daniel Advogados. E essa baixa preocupação acaba facilitando a ação de criminosos na internet.
Com as ferramentas que facilitam o dia a dia, de mensageiros e redes sociais aos aplicativos de bancos, veio junto também cibercriminosos se aproveitando para aplicar golpes. Isso torna, cada vez mais, necessário o cuidado com fraudes. As mais comuns envolvem Pix no WhatsApp, como alertado recentemente pela Polícia Federal, e-mails falsos de instituições financeiras, SMS com promoções, prêmios ou ofertas falsas.
“São técnicas criminosas que chamamos de ‘engenharia social’. Basicamente essa técnica leva as pessoas a realizar determinadas ações, como compartilhar mais dados, aprovar transações financeiras ou resetar suas credenciais de acesso, para que os criminosos consigam acessar valores ou a própria identidade virtual da vítima”, disse o especialista.
Pelo histórico brasileiro de despreocupação com dados pessoais e a falta de cibersegurança, os golpistas conseguem os dados ilicitamente pela internet. Rafael acrescentou, ainda, que a exposição de alguns dados abre margem para que sejam negociados por criminosos ou, simplesmente, podem ficar indevidamente disponíveis na internet.
Para se proteger das fraudes, as dicas são recorrentes, mas nunca é demais repetir: não acesse links suspeitos recebidos por e-mail, SMS e WhatsApp, confira o remetente de e-mails e o endereço do link para o qual direcionam, e mantenha senhas fortes.
“Quanto as redes sociais, uma boa prática é o gerenciar a quantidade de informações compartilhadas, inclusive, restringindo e privando o acesso a suas informações pessoais e privadas. Os criminosos cibernéticos de engenharia social podem obter suas informações pessoais com apenas alguns pontos de dados, portanto quanto menos você compartilhar com o resto do mundo, melhor”, emendou o advogado.
Golpes do Pix
O número de tentativas de golpes do Pix contra brasileiros chegou a cerca de 424 mil em abril e maio de 2022, de acordo com a PSafe, empresa de cibersegurança. Isso corresponde a um aumento de mais de 350% com relação aos meses de fevereiro e março.
Para se proteger, nesses casos, os usuários devem cadastrar suas chaves e preencher informações pessoais somente nos canais oficiais das instituições financeiras. Jamais faça isso por telefone, por WhatsApp ou em páginas suspeitas.
“Caso ocorra uma fraude, é possível que a vítima solicite junto a instituição financeira o Bloqueio Cautelar e/ou mecanismo especial de devolução, pois estes procedimentos instituídos através da Resolução 147/2021 do Banco Central do Brasil, são alternativas para tentar recuperar o dinheiro nesses casos”, concluiu o especialista.