BATALHA DE MCS – “Crônica de uma tarde de paz”

BATALHA DE MCS – “Crônica de uma tarde de paz”

Mais de quinhentas pessoas de diversas idades prestigiaram as atividades artísticas

Por José Martins

Na tarde do domingo, dia 03 de abril, como último evento do aniversário de Pinhais, acompanhei o evento da Juventude chamado de Batalha. Ao longo da tarde, mais de quinhentas pessoas de diversas idades prestigiaram as atividades artísticas. A prefeitura foi parceira do evento.

De início, foi preciso entender que se tratava de um desafio de rappers, onde depois de três rápidos rounds, a plateia elegia com aplauso aquele que tinha mandado bem nas rimas, fazendo dele o vencedor.

Tal qual os repentistas, duelaram por diversas séries até que um menino magrinho de vinte e poucos anos triunfou sobre um rapaz negro bem mais robusto, sagrando-se campeão da Batalha de Pinhais, ante o delírio dos fã.

Batalha da Paz

Naquele palco, cada Mc tinha seu fã clube. No meio da tarde, um tal Cris, que eu desconhecia completamente, abrilhantou o evento com uma voz bem afinada, cantando suas canções, para o delírio dos fãs e das selfies.

Mas que batalha era essa?

Não houve durante as quatro horas de evento, qualquer conflito, mas respeito, abraço, alegria; sempre ao som de um “aeee família”, jargão esse que me causou estranheza pois foi a palavra falada por todos aqueles que usaram o microfone. Os perdedores dos duelos sempre cumprimentavam e abraçavam os vencedores dos rounds e das batalhas. Parecia uma irmandade, não havia animosidade ou revanche. Parecia uma brincadeira juvenil.

Aparentemente vencia aquele Mc que derrubava o adversário pela rima, mas a plateia escolhia o vencedor, round por round. Havia um enfrentamento sim, mas diferente de uma guerra, terminava em paz.

A cena mais violenta do evento foi a presença de cachorro pitbull, que apareceu nos arredores atacando outros cães. As pessoas entraram e saíram em paz daquele auditório ao ar livre.

Cultura Hip Hop

Eu na verdade já conhecia um pouco da cultura hip hop dos tempos de professor, momento em que eu ficava tentando entender os três elementos: breaking, rapper, grafite. No evento que presenciei, duas décadas depois, falaram de um quarto elemento que eu ainda vou perguntar aos entendidos do assunto.

Adolescentes e adultos, com ou sem skate na mão, com seus bonés e roupas de moletons curtiram religiosamente todo o evento sem se afastar dali, com braços erguidos, como se fosse uma saudação à maestria dos repentistas vibrando e gritando a cada rima arrojada.

Fera das Palavras

Na verdade, a capacidade de inventar e improvisar, sem sair do ritmo é um espetáculo digno de muito elogio. É verdadeiramente incrível. O Mc é o fera das palavras. Ele é um artista. Aliás, neste palco desfilaram alguns dos melhores. A maioria dos outros estados.

Cheios de gratidão e alegria, foram saindo aos poucos motivados pelo animador que reiterou a necessidade de voltar em paz para suas casas, sem confusão ou violência. E assim se deu.

Ao final, quando já me dirigia ao meu carro, o campeão e o vice estavam lado a lado degustando um hambúrguer, no food truck de um rapaz que também era do ramo. Apenas nesse momento pude cumprimentá-los. Um deles era chamado pelo carinhoso apelido de Big Mike, e era de fato bem robusto. Acabei oferecendo uma carona quando vi que eles iam seguir a pé até a casa do coordenador do evento, seu anfitrião.

Soube ali naquele instante que os três MCs estavam divididos entre dar um rolê na praça do Skate, lotada, como nas tardes de domingo; ou saborear um churrasco na casa do dono do food truck que os convidara. Não sei como isso terminou. Provavelmente na praça.

Na lembrança desse evento a paz e a alegria de uma juventude que busca um lugar ao sol e coloca nas batalhas de MCs, a sua vontade de vencer na vida sem massacrar o outro.

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