O Chico “Rou Rou” se foi, há 20 dias. E a saudade está batendo forte. Velhinho e muito doente, meu querido cão partiu, depois de um ano e oito meses de convivência, de uma grande amizade. Sem exageros, eu o considerava um grande amigo, um ser muito especial que me dava muita alegria todos os dias.
LATIDOS ROUCOS
Quando eu chegava cansado do trabalho, era um alento, um prazer, desfrutar de sua companhia, de nossas brincadeiras conjuntas, ouvir seus latidos roucos (daí o “Rou Rou” que acrescentei como apelido) e de cuidar e prover todas as suas necessidades. A gente esquece, até, dos problemas e desafios do cotidiano na companhia de nossos amigos de quatro patas, certo?
Ultimamente, Chico não andava bem de saúde. De madrugada, seu latido rouco me impedia de dormir. Quem consegue dormir sabendo que um amigão sofre e não se pode fazer muita coisa para aliviar seu sofrimento? Algumas vezes, confesso que perdi a paciência, devido a aflição ao ver seu sofrimento. Hoje, quando lembro, recai-me uma espécie de remorso por, talvez, não ter sido mais paciente em algumas noites que fiquei sem dormir para ficar com ele.. Por não ter feito mais… Levei no veterinário algumas vezes, mas quando a situação agravou-se, ouvi que não havia muito mais o que fazer por já estar com diversos órgãos comprometidos. Pudera, já estava em idade avançada para um cão(segundo um veterinário, entre 14 e 16 anos de idade) e sabe-se-lá o que já havia passado antes de nos encontrarmos…
ENCONTRO EM PIRAQUARA
Conheci o “Rou Rou” em Piraquara, em fevereiro de 2023, durante uma de minhas caminhadas pela Região Metropolitana levando meus colegas de trabalho para distribuiur os jornais em alguns comércios e residências. Eu dirigia o carro quando o vi cruzando a rua para beber uma água suja. Parei o carro para segui-lo a pé. Senti dó ao ver aquele cãozinho tão debilitado, em busca de água. Parecia, também, faminto. Não pensei duas vezes. Num rápido impulso, o recolhi para dentro de meu carro e o levei comigo para casa. Agora, ele teria mais do que um abrigo, do que água, comida e cuidados. Ele teria um amigo para ajudá-lo.
PARTE DA FAMÍLIA
Desde então, Chico “Rou Rou” passou a fazer parte do cotidiano da minha família. A companhia, a presença do nosso Chico gerou memórias inesquecíveis. Eu posso dizer que contei com um verdadeiro “amiCão”, companheiro para todas as horas. Dizem que o cão é o melhor amigo do homem, não é, mesmo? Acredito que somente quem já foi tutor de um animal de estimação, principalmente, de cachorros, pode compreender o que estou sentindo e o quanto sua presença e companhia me faz falta.
AMIZADE GENUÍNA
Só quem já desenvolveu uma amizade com um cão entende o que estou dizendo e sentindo. É algo inexplicável. Um cão sabe se doar incondicionalmente. Não nos julga. Não se importa se somos ricos ou pobres, feios ou bonitos, bem-sucedidos ou não. Creio que o cachorro entende a linguagem do coração. Sabe ler o que se passa na alma de cada um e transmite com seu olhar a inocência dos seres que conhecem o carinho genuíno. Como não gostar, encantar-se com um animalzinho assim? Que adora quando chegamos em casa, e não se acanha em demonstrar esse sentimento por meio de alegres latidos, de abanares de rabo e de patinhas apoiadas em nossas pernas? Que fica triste quando saímos ou quando estamos tristes? Que é capaz de nos defender de perigos? Impossível não desenvolver apego e afeto por esses bichinhos tão meigos e carinhosos…
SAUDADE ETERNA
Já se passaram 20 dias desde que ele se foi e parece que o avançar dos dias está ampliando a saudade. Não há remédio a não ser o tempo para curar o luto. Chico foi enterrado no quintal, aqui, de casa. Colocamos uma plaquinha in memorian. Mas gostaria de preservar sua suave lembrança e, quem sabe, honrar tudo o que fez por mim, fazendo muito mais. Chico não poderá receber mais nada de mim. Contudo, outros animaizinhos podem.
CAUSA ANIMAL
Sim, tenho pensado muito em trabalhar, de alguma forma, pela causa animal. Será uma maneira de retribuir tudo o que recebi de bom do Chico “Rou Rou” e de outros cães que já tive e tenho, como a Nina, que também conheci em uma rua em Piraquara. Por isso, estou pensando ajudar de alguma forma a causa animal. Quem sabe, criar ou fazer parte de uma associação de proteção animal, algo neste sentido. Mais do que lágrimas de saudade do Chico, quero transformar essa dor em algo mais positivo e construtivo para tantos animais abandonados que ainda encontramos por aí. E, por ora, a forma de aliviar a saudade é através desta singela homenagem que deixo aqui, neste jornal. Descanse em paz, querido Chico “Rou Rou”. E muito obrigado por nossa inesquecível e maravilhosa convivência neste breve tempo que estivemos juntos.