Ansiedade piora na pandemia e prejudica saúde dos pets

Ansiedade piora na pandemia e prejudica saúde dos pets

A mudança repentina na rotina familiar é um componente perigoso para o desenvolvimento de um transtorno de comportamento

Nos últimos meses o home office imposto pela pandemia do coronavírus levou muitos profissionais a ficarem muito mais tempo com os seus pets. A mudança repentina na rotina familiar é um componente perigoso para o desenvolvimento de um transtorno de comportamento. Essa alteração na rotina pode deixá-los ansiosos e desencadear a “ansiedade por separação”, que pode ocorrer tanto pelo distanciamento como pela alteração de estar mais tempo presente. Os especialistas alertam que com a vacinação, muitas pessoas vão deixar o home office para voltarem ao ambiente de trabalho, essa mudança repentina deverá ser observada se não irá alterar o comportamento do seu pet.

De acordo com a veterinária psiquiátrica da Jeito Animal, Fran Paese Cherobim, têm pets que não lidam bem com o fato de estarem sozinhos em casa e podem sofrer estresse e ter problemas sérios de saúde, além de comportamentos indesejados. “Cães que sofrem de ansiedade podem fazer lambeduras em excesso, perseguir a própria cauda, roer móveis, chorar e latir constantemente. Alguns cachorros se machucam de tanto arranhar portas. Também há relatos de casos de cães que pulam janelas de edifícios”, exemplifica a veterinária. Ela ressalta ainda que, embora os gatos tenham um temperamento mais independente, também podem sofrer com as alterações de rotina e ter comportamentos compulsivos e destrutivos. Os sinais mais comuns são: mudanças no apetite, arranhar móveis, miados em excesso, lambeduras e agressividade.

Para a especialista, o transtorno pode ser evitado com medidas simples. “As mudanças devem ser feitas de forma gradual, quando possível, e o tempo longe de casa ser aumentado gradativamente. Além disso, o tutor deve manter uma rotina de brincadeiras e brinquedos interativos para que os pets gastem energia. Para os cães, os passeios são muito importantes. Mas, quando o problema já está instaurado, a ajuda profissional é imprescindível”, ressalta.

O educador da Jeito Animal, Pedro Luiz Fontoura, conta que os tutores devem ter alguns cuidados para não piorar o transtorno e que o trabalho dele consiste em ensinar os clientes a se comunicarem com os pets e a conduzirem os treinamentos. “Algumas das coisas que ensinamos nestes casos é que o tutor não deve valorizar a saída de casa com grandes despedidas e não fazer festa no retorno ao lar”, exemplifica o educador. Mas, segundo ele, o transtorno de ansiedade por separação é bastante complexo e os casos devem ser avaliados individualmente.

Ele ressalta ainda como é feito o processo para identificar o transtorno. “Avaliamos o cão ou gato, a rotina da família e as condições do ambiente para desenvolver o protocolo. Nós trabalhamos também com florais e aromaterapia para auxiliar o processo. Em casos mais graves é necessário acompanhamento de um médico veterinário psiquiatra”, afirma Fontoura.

Casos onde o Home office evidencia a ansiedade dos pets

Antes da pandemia, a auditora Elize Dubliela trabalhava muitas horas fora de casa e viajava com frequência, por isso, a poodle Mel, de 9 anos, ficava muito mais na casa dos pais dela. Mel desenvolveu ansiedade por separação, mas foi durante o home office que Elize percebeu que o problema era grave. Os latidos excessivos fizeram com que ela procurasse ajuda dos educadores da Jeito Animal.

“Não basta fazer o treino semanal, mas sim ter uma dedicação diária para que ela possa incorporar os novos comportamentos aprendidos. Em um mês de treinos já percebi melhoras. O objetivo é que ela fique mais tranquila na minha ausência e, consequentemente, mais feliz”, comenta.

Sustos também alteram o comportamento

A golden retriever Bolacha, de seis anos, desenvolveu ansiedade por separação com comportamento destrutivo e agressividade. O problema começou após um evento traumático, um assalto na casa da empresária Cecília Bonaldi de Arruda. Esse caso também foi evidenciado durante o período de pandemia. Atualmente, Bolacha é acompanhada pela veterinária psiquiátrica Fran Paese Cherobim e está sendo medicada.

“O adestramento positivo ajuda nesse caso de ansiedade, pois brigar só piora a situação. Acaba virando um círculo vicioso entre a possível destruição que o cachorro fará e suas brigas”, ressalta Cecília. A tutora comenta, ainda, que o adestramento é muito importante pois ajuda a entender os limites e necessidades do cão.

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