por Noelcir Bello
Uma verdadeira atleta mirim, Ana Luiza, de apenas 11 anos, pratica diversas modalidades esportivas e está sempre envolvida com as atividades da escola. Tênis de mesa, futebol, voleibol e luta livre fazem parte da rotina desta pequena campeã.
O envolvimento com a luta olímpica começou quando o professor da modalidade, Cézar, percebeu o grande potencial de Ana e a convidou para seletiva na escola. Após esta seletiva, e muito treino, nossa atleta da semana se destacou entre os demais. Então, Cézar intensificou os treinos e passou a ensinar as principais técnicas do esporte: a execução dos golpes e do “tuche”, que é a finalização da luta.
A primeira competição oficial de Ana, que estuda e treina no Colégio Arnaldo Busato, aconteceu nos Jogos Escolares. Confira a entrevista realizada com a Campeã Paranaense de Luta Olímpica dos Jogos Escolares.
A Gazeta Cidade de Pinhais: Como foi participar dos Jogos Escolares?
Ana Luiza: Durante os jogos, aproveitei para assistir outras lutas. Assim, consegui aprender ainda mais sobre o esporte. Competi e consegui sair vencedora desta etapa, conquistando assim a vaga para lutar na fase nacional, que ocorrerá dos dias 20 a 29 de setembro, em João Pessoa, na Paraíba.
A Gazeta: Você já tem patrocínio para lutar na fase final?
Ana Luiza: O estado patrocina a passagem para ir lutar, mas só irei se minha mãe for comigo. O problema é que o estado só paga a minha e a de meu professor. Preciso de patrocínio para pagar a passagem da minha mãe.
A Gazeta: Como é determinada a pontuação na luta olímpica?
Ana Luiza: O atleta vence pela soma dos pontos, como em um round de boxe, onde a vitória é alcançada pela vantagem de seis pontos. Outra forma de vencer uma luta é por finalização, chamada de “tuche”, que é a imobilização do atleta adversário. Porém, não é permitido o chamado mata-leão, utilizado em outras lutas.
A Gazeta: Após esta competição, quais os seus objetivos?
Ana Luiza: Eu sempre vou continuar competindo, independente do resultado. Esporte é minha vida. Quero praticar diversos esportes, não apenas uma modalidade. Mas, pretendo continuar na luta livre por muito tempo, até para torná-la ainda mais conhecida.
A Gazeta: Qual é a sua categoria na luta olímpica?
Ana Luiza: Eu faço parte da categoria dos onze aos doze anos, que compreende o sexto e sétimo ano.
A Gazeta: Como é sua rotina de treinos e a alimentação?
Ana Luiza: Eu passei a treinar duas vezes por semana, cerca de uma hora e meia por treino. Sempre após as aulas. Eu sempre fui de comer muitas frutas, e até bebo refrigerantes, mas prefiro água mesmo. Tenho certeza que isso me ajuda muito na prática de esportes, pois o organismo funciona melhor.
A Gazeta: Atualmente, há pouca procura por este esporte, especialmente para meninas da sua idade. Como você vê esta questão?
Ana Luiza: Hoje em dia, as pessoas estão muito ligadas às tecnologias, vivem em seus celulares e redes sociais, não valorizam tanto a prática de esportes e isso prejudica um pouco por falta de competidoras, que inclusive tem medo das fraturas, por se tratar de uma luta de contato físico. Outro grande problema é o preconceito, já que as famílias julgam que este esporte não é “coisa para meninas”.
A Gazeta: De onde vem tanta garra e vontade para lutar?
Ana Luiza: Minha inspiração está, principalmente, na minha mãe e no meu irmão, que me incentivam e apoiam em tudo. Meu pai também me apoia, mas como trabalha muito, recebo mais o apoio deles. Minha mãe me acompanha e me leva a todos os lugares para treinar e estudar.
A Gazeta: Na escola, qual a sua matéria favorita?
Ana Luiza: Gosto muito de estudar. Adoro matemática, ciências, educação física, artes, mas amo mesmo é história. Através da história aprendo tudo sobre os mais diversos assuntos, assim, quando entro em um debate, eu tenho conhecimento para falar. Também gosto muito de aprender sobre política.
A Gazeta: Em agosto, serão realizadas as Olímpiadas no Rio de Janeiro. Como você avalia este evento?
Ana Luiza: Se eu pudesse iria assistir aos jogos do futebol feminino. Adoro assistir a seleção feminina. Acho muito interessante e lindo as Olimpíadas, porém muitos secretários de esportes, diretores de escolas e políticos não dão a mínima para o esporte. É uma pena que no Brasil não exista incentivo à prática de esportes, como deveria.
A Gazeta: Qual o seu ídolo no esporte?
Ana Luiza: Meu ídolo é a Marta, do futebol. Como gosto de história, pesquisei a dela e sei que passou por muitas dificuldades em sua infância. Foi criticada por ser pobre e sofreu muito, mas agora está aí. Lutou, venceu e é um grande exemplo.
A Gazeta: Após ter se consagrado campeã nos Jogos Escolares, o que você espera?
Ana Luiza: Eu espero que a partir de agora eu possa ter patrocínios para poder treinar, lutar e competir com mais objetividade. Praticar esporte é muito bom e não penso em ganhar dinheiro com isso, mas é claro que todo patrocínio é bem vindo. Pretendo levar o nome de Pinhais e Curitiba para onde eu for e garanto que vou trazer retorno para as empresas que acreditarem em mim.