Afirmações de Romeu Zema geram falsa polêmica tendo em vista a corrida presidencial
Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Afirmações de Romeu Zema geram falsa polêmica tendo em vista a corrida presidencial

A corrida às eleições presidenciais de 2026 já começou. E bastante acirrada, por sinal, conforme tem se visto nas últimas semanas. Primeiro, foram as duras críticas ao governador Tarcísio de Freitas (PL), de São Paulo, sobre as ações na Cracolândia e, depois, na Baixada Santista e Guarujá. O mais novo alvo de um ataque mais pesado, ainda, e de quase uma tentativa bem-sucedida de cancelamento, tem sido o governador de Minas, Romeu Zema, do NOVO.

Pesadas e injustas críticas

O governador de um dos estados mais influentes na política nacional e entre os mais ricos do país, deu uma entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, no último dia 5, que não contava com grandes motivos para polêmica, mas, mesmo assim, gerou uma enxurrada de críticas bastante pesadas e injustas devido a distorções do que foi dito.

Tanto Tarcísio, assim como Zema, e, possivelmente Eduardo Leite e Ratinho Junior, são cotados como prováveis pré-candidatos à presidência da República, em 2026. Portanto, todo cuidado a quem quiser disputar as eleições presidenciais contra o PT e aliados de esquerda. Tudo o que for dito, ou não dito, será usado contra eles pela esquerda. Zema não disse nada de grave ou ofensivo, tão somente defendeu a união dos estados do Sul e do Sudeste em prol da criação de uma frente, de um consórcio, pelo protagonismo das duas regiões na política nacional a fim de lutar por pautas de interesses comuns. Um exemplo seria a luta por uma distribuição mais justa das fatias do bolo da arrecadação. Afinal, não é novidade a ninguém que os estados que mais contribuem para a arrecadação, no Sul e Sudeste, não são os que recebem os maiores repasses federais em recursos e programas, ao menos, não na mesma proporção com que enviam a Brasília. Essa soma de esforços das duas regiões também foi defendida pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB). Porém, Leite salientou que não apoia nenhum tipo de discriminação ou ofensas contra estados do Nordeste, dando a entender que Zema teria sido ofensivo.

Histeria e repúdio

Pois, foi nesse ponto que Zema falhou na comunicação, quando exemplificou com a metáfora das “vaquinhas que produzem menos receberem mais atenção”. Essa afirmação realmente pode causar má-interpretação aos dispostos a forçar a barra para gerar histeria na imprensa. Diversas lideranças políticas, a exemplo do ministro da Justiça, Flávio Dino, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, repudiaram as declarações do governador mineiro, como se Zema tivesse pregado o separatismo do país e a discriminação e preconceito contra o Nordeste e seu povo.

Consórcio do NE na pandemia

Estranhamente, quando foi criado um consórcio de governadores do Nordeste durante a pandemia, não houve nenhuma polêmica, nenhuma gritaria. A proposta de Zema foi inspirada, inclusive, no consórcio já existente entre governadores do Nordeste que decidiram pela união entre si a fim de buscarem mais recursos federais para seus respectivos estados. Mas, enfim, quando se trata dos mais pobres buscando mais recursos, ninguém considera ofensivo ou separatista…

Banalização do que é fascismo

O governador de Minas passou a semana tentando se explicar nas redes sociais, dizendo que não se trata de discriminação contra o Nordeste, nem de preconceito ou de motivações divisionistas. Mas, como nessa guerra de narrativas entre direita e esquerda, cada um entende as coisas conforme lhe convém, as afirmações do governador têm sido muito mal interpretadas, distorcidas, mesmo, levando os mais radicais a tachá-lo, até, de “fascista”. Parece que basta discordar de qualquer coisa das pautas da esquerda que a pecha de “fascista” já vem a galope… Jamais se viu tanta banalização do conceito de fascismo nos últimos anos, no país.

Metáfora “desastrosa”

O governador mineiro, sem dúvidas, teria se saído melhor e evitado tanta polêmica e repúdio se guardasse para si a comparação com as vaquinhas que produzem menos e recebem mais. Não que tenha dito alguma mentira, mas, não costuma cair bem esse tipo de comentário em tempos como o nosso, onde tudo pode ser visto como “ofensivo”, ”discriminatório”, ”preconceituoso” e “discurso de ódio”. Pois, não faltam maliciosos para deturpar o que foi dito e tentar vender a ideia de que Zema teria insinuado que no Nordeste não se trabalha tanto como no Sul e Sudeste, que nordestinos seriam sustentados por trabalhadores das demais regiões… Teria evitado tanto repúdio se tivesse medido as palavras.

Foco no desenvolvimento do Nordeste

Aliás, se Zema, Tarcísio ou quaisquer outros pré-candidatos à presidência da República quiserem vencer as próximas eleições, devem focar em pautas e programas de governo voltados ao Nordeste. É preciso que futuros presidenciáveis saibam dialogar com o eleitor nordestino, o que tão bem o presidente Lula sabe fazer. É necessário que conheçam bem o Nordeste, suas demandas, mazelas, cultura, pontos fortes e potenciais, e saibam bem explorar tudo isso nas campanhas e planos de governo. O Nordeste já conta com regiões mais desenvolvidas economicamente, determinados “bolsões de desenvolvimento”, e ainda demanda maior atenção a pautas como o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, que é criticamente baixo. Os próximos presidenciáveis devem focar no desenvolvimento desta região, dialogar com seu povo, a fim de que boa parte de sua população se liberte do cabresto do “coronelismo” local e da eterna dependência do assistencialismo estatal por meio de programas sociais que se revelam um círculo vicioso.

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