Uma cidade com espaços públicos de qualidade proporciona maior desenvolvimento da sua comunidade, promove a integração e abre possibilidade para as pessoas ensinarem e aprenderem. É o que defende a diretora de projetos da Prefeitura de Curitiba, Célia Bim. Ela afirma que um município bom para os moradores é bom para os visitantes: “É um lugar em que todos podem usufruir de seus espaços, seja para os momentos de lazer, para estudar, para trabalhar e para circular”, salienta.
Conhecida pelas dezenas de parques e equipamentos disponibilizados ao público, Curitiba é um exemplo das cidades que promovem o compartilhamento dos espaços. Segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, são 28 parques e 15 bosques, além das áreas públicas que ofertam lazer e recreação individual ou para famílias com instalações para atividades físicas e incentivo à prática de esportes; como as academias ao ar livre, ciclovias e pistas de skate, por exemplo.
O resultado é um lugar em que as pessoas têm orgulho de circular. “Os espaços compartilhados são uma forma de dizer que as cidades estão abertas. É um convite para a circulação. É como falar ‘podem vir’”, diz Célia.
Quanto mais esse convite for ampliado, mais a cidade será ocupada e valorizada de forma efetiva. Ela exemplifica algumas ações da capital paranaense que contribuíram para esse movimento, como o transporte integrado da Região Metropolitana de Curitiba. Criado para consolidar a rede integrada de transportes da capital aos sistemas locais dos municípios vizinhos, o PIT (Programa de Integração do Transporte da Região Metropolitana de Curitiba) teve a maior parte de suas obras realizadas no período de 2005 a 2011.
Desde então, o programa estabelece um eixo indutor de crescimento para implantação das atividades socioeconômicas no polo metropolitano e incentiva a circulação das pessoas entre a capital e as cidades vizinhas. “Isso é bom para todos, principalmente para ter maior acesso aos parques da capital, aos espaços compartilhados e à programação cultural, por exemplo”.
Convite para circular e usufruir
O PIT foi um grande passo para incentivar a mobilidade plena entre os municípios. “Nossos equipamentos públicos foram abertos para serem compartilhados tanto para as pessoas que moram na capital, como para as que moram nas cidades vizinhas e até de fora”, afirma Célia. Uma condição que, além de dar mais oportunidade para os moradores, visa melhorar a qualidade de vida de todos.
Por isso, Curitiba mantém um diálogo constante com as cidades da RMC para desenvolver um planejamento que facilite a convivência entre elas e estimule a circulação das pessoas. E quando essa iniciativa é replicada, nota-se um movimento de compartilhamento, onde todos circulam livremente de um lugar para outro aproveitando muito bem os espaços.
É o que acontece com o Parque das Águas de Pinhais. Inaugurado em 2018, o parque foi construído em um local que abrigava cavas e havia muitos acidentes. Porém, hoje se tornou uma das principais atrações para turistas, com pista para caminhadas, ciclovias, bicicletário, academia ao ar livre, um parquinho e até um mirante para a Serra do Mar. “Essa é uma experiência muito positiva de como otimizar os espaços em prol das pessoas”, avalia Celia.
Essas iniciativas também servem de modelo para os empreendimentos privados. Um exemplo é o bairro aberto Bairru Parc, que está sendo construído pela Bairru Urbanismo no espaço onde antes funcionava o autódromo de Pinhais. São 560 mil m2 de área que estão sendo transformados para receber moradores do bairro e do entorno e se tornar um polo de atração de lazer e comércio. Além disso, o empreendimento vai trazer mais um parque com um grande lago para a cidade e equipamentos abertos e compartilhados que vão proporcionar uma melhor qualidade de vida.
“Quando a cidade, um bairro ou um local está aberto, acaba ensinando as pessoas a melhor forma de compartilhar. Isso é bom para o espaço e para a comunidade. São elementos fundamentais que fazem a diferença para a educação e formação das pessoas e que acabam se transformando numa grande rede de convivência”, finaliza a diretora de projetos.