por UOL, em Brasília
O policial federal Newton Ishii, 60 anos, ficou conhecido em todo o país como o “Japonês da Federal” após aparecer em fotos conduzindo investigados da Operação Lava Jato à carceragem em Curitiba. “É o meu trabalho. Tem colegas que participaram até de mais prisões que eu, mas virei o rosto da Lava Jato”, diz ele em entrevista publicada no domingo (28/02) no jornal “Correio Braziliense”.
Na entrevista, o agente conta que se surpreendeu com a fama repentina.
Requisitado para selfies por onde passa e tema de marchinha no Carnaval de 2016 e boneco do desfile de Olinda (PE), o “Japonês da Federal! diz que a melhor parte de ter se tornado conhecido é o reconhecimento de crianças e adolescentes. “Tem o lado bom, do reconhecimento. O lado das crianças e adolescentes é muito legal. Eles querem tirar foto, conversar e estudar para mais tarde fazer concurso para a Polícia Federal. Estamos dando um bom exemplo”, declarou.
Sobre o lado ruim, Ishii revela que ter se tornado famoso gerou ciúme dos colegas da PF. “Tem muita inveja em cima disso, ciúmes de colegas. Em um momento isso chegou a me desanimar. É normal do ser humano sentir ciúmes, inveja, mas quando é demais e começam a atacar o lado pessoal, fica muito chato”, declara, sem citar nomes de colegas que teriam sentido inveja. “Se a gente está fazendo o bem para a sociedade, por que esse tipo de coisa?”, questiona.
Na entrevista, o agente, que está atualmente em férias da PF, conta que já perdeu um filho e que pretende se aposentar em maio para se dedicar à filha, Jordana. “Ela não gosta [da fama do paí]. Fica assustada e temerosa. Antes, ela saía com as amigas; agora não mais. Tenho muito medo de alguém fazer algo a ela para me atingir”, diz o agente da PF.
Sobre a prisão em 2003 por acusação de contrabando, o agente se diz inocente. “Como me indiciaram por facilitação de contrabando se não tinha empresa, apreensão de mercadoria, nada?” Ishii foi preso e condenado a pagar cestas básicas, mas recorreu. “Como é que eu vou pagar cesta básica por uma coisa que não fiz? Os processos administrativos foram arquivados por falta de provas.”