Paulinho da Força faz duras críticas ao governo, mas, não confirma se partido desembarca de aliança para a reeleição
Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Paulinho da Força faz duras críticas ao governo, mas, não confirma se partido desembarca de aliança para a reeleição

Recentemente, o presidente Lula cometeu mais um disparate em uma fala pública que só serviu para causar indignação à população e virar motivo de memes e piadas. O presidente da República convocou a população a empreender uma “cruzada” contra a inflação dos alimentos recomendando o boicote a produtos caros. Como se fosse simples encontrar opções mais baratas, acessíveis, entre a maioria dos produtos alimentícios de primeira necessidade. Nem mesmo marcas concorrentes têm oferecido preços mais acessíveis para a maioria da população.

 

Duras críticas de aliado

O conselho do presidente tem causado tanta indignação que, até, mesmo, um de seus aliados desde a campanha de 2022 não se conteve e teceu duras críticas ao governo, nas redes sociais. Trata-se do presidente Nacional do Solidariedade, deputado federal Paulinho da Força (SOL-SP). O parlamentar, em entrevista à CNN Brasil, na segunda-feira (10/02), não poupou críticas a Lula e ao governo, em geral. Sugeriu a troca do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, inclusive. A condução da economia, da comunicação, da articulação política, as equipes, a postura de Lula, tudo, enfim, foi criticado por Paulinho da Força.

 

Governo gastador

Contudo, faltou o deputado ter sido mais objetivo e incisivo e dizer o óbvio. Se tudo está ruim, adianta trocar só o ministro da Fazenda? Não seria melhor trocar de presidente? Pois, o maior problema não é o ministro Haddad. O problema maior está nas diretrizes gerais do governo, que afetam a economia e todas as áreas. Temos um governo gastador, que não quer economizar, não quer cortar gastos e negligencia o ajuste fiscal para redução do déficit e da dívida pública. Isso tem afugentando investidores, gerado perda de confiança na economia e a temida inflação. Para piorar, nunca se viu um governo com tamanha sanha arrecadatória. O objetivo é tentar equilibrar as contas públicas, apenas, sobrecarregando uma das partes: o contribuinte. Com o intuito de aumentar a arrecadação para tentar cobrir o rombo.

 

Lula e suas “pérolas”

E agora veio o presidente Lula com mais essa “pérola”: o povo teria de colaborar no combate a inflação ao não comprar o que está caro. Paulinho da Força foi claro e certeiro ao lembrar que o governo é quem tem de combater a inflação ao invés de jogar para o povo mais esse encargo. Sendo que um presidente da República é eleito para, entre tantas atribuições, bem conduzir a economia.

 

Falta de autocrítica

Temos um governo que jamais assume responsabilidade pelo que tem dado errado. Ou a culpa é do Banco Central, com o Campos Neto, (que já saiu mas continua sendo culpado) que não parava de subir a taxa Selic de juros. Ou a culpa é da “herança maldita” de Bolsonaro.

Ou a culpa é do empresariado, do agronegócio, da direita, da oposição, do centrão, enfim… É culpa de todo mundo, menos do governo Lula. Esse é o grande problema. Um governo que nunca assume responsabilidades, não faz um mea-culpa, ao menos, uma autocrítica, sequer, jamais pode dar certo.

 

Inchaço da máquina pública

Não adianta trocar de ministro da Economia quando se tem um governo que já começou mal ampliando despesas com mais ministérios, com mordomias palacianas, viagens e mais viagens, e falas e declarações desconectadas da realidade. Como bem falou o deputado do Solidariedade, não adiantou trocar de ministro da Comunicação se o próprio presidente Lula vem com um verdadeiro “meme” sobre o controle da inflação.

 

Lei da Oferta e Procura

Evidentemente, em tese, há um fundo de verdade no conselho do presidente. Lula falou sobre boicote a certas marcas e produtos com base na Lei da Oferta e Procura. Porém, essa questão está fora do contexto atual no país. Não temos, atualmente, a chamada ‘inflação de demanda’, que acontece quando há um aumento expressivo da demanda, tornando-a maior que a oferta de bens disponível, encarecendo os preços ao consumidor pela diminuição da oferta em relação a demanda. A inflação atual tem sido gerada por outros fatores a exemplo da alta tributação dos produtos, altos custos de produção, de insumos, de frete, a alta do dólar… etc. Há as mudanças climáticas, também, que estão influenciando na oferta de determinados itens por perdas nas safras. Em suma, é um conjunto de fatores que têm influenciado na alta dos preços.

 

Desvalorização do real

A desvalorização do real, quando o governo emite muita moeda no mercado para pagar a dívida pública, também. O cenário é muito complexo e não é o consumidor que deverá resolver esse imbróglio. Somente incautos acreditam que o boicote a produtos caros colabora para baixar preços quando não se trata de ‘inflação de demanda’. O que já começa a acontecer é a redução da oferta de determinados itens de consumo que não vendem bem. Simplesmente, os estabelecimentos comerciais deixam de comprar aqueles produtos que não costumam vender o suficiente para gerar lucros. Isso já está acontecendo no setor de carnes, até, mesmo, em grandes supermercados. É perceptível uma diminuição da oferta de carnes mais nobres e de uma variedade maior de opções de proteína animal. Ora, para quê continuar comprando carnes nobres dos fornecedores se não são vendidas o suficiente?

 

“Decepção”

Paulinho da Força disse que a decepção com o governo Lula é tanta que não pretende mais votar no presidente, caso seja candidato em 2026. Todavia, não pôde falar em nome do partido. Pois, uma decisão desta monta passa por definição da cúpula nacional do Solidariedade. Mas fica a grande dúvida: se não houver outro candidato de esquerda em 2026, o deputado iria lutar para o partido apoiar um candidato de direita, a exemplo de Ratinho Júnior ou Tarcísio de Freitas?

 

Polarização e centro

O deputado disse a CNN que gostaria que houvesse um fim a polarização. Que gostaria de agregar-se a uma candidatura de centro, centro-esquerda, ou centro-direita, até. Mas quando a jornalista da CNN o “colocou contra a parede” se não deverá apoiar Lula em 2026 com o partido, disse que ainda é cedo para uma definição, uma vez que não sabemos ainda quem serão os demais candidatos. O tempo dirá se Paulinho da Força está sendo sincero ou se, na hora em que um candidato de direita estiver ameaçando tirar a esquerda do poder, em 2026, o deputado irá “arregar“ e apoiar Lula “apenas, para evitar um mal maior”, que seria um candidato de direita ou de extrema-direita.

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