Inflação dos alimentos é “pedra no sapato” do governo e comunicação só atrapalha
Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Inflação dos alimentos é “pedra no sapato” do governo e comunicação só atrapalha

Mal esfriou a “crise do Pix”, o governo federal enfrenta outra onda de boataria nas redes sociais. Desta vez, é referente a medidas que estão sendo estudadas para diminuir a inflação nos preços dos alimentos. A oposição ao governo não perdeu tempo e bateu fortemente em relação a uma sugestão do setor de supermercados, a exemplo da ABRAS – Associação Brasileira de Supermercados. O setor sugeriu ao governo vender alimentos mais baratos a partir de ampliações no prazo de validade. Estes produtos seriam aqueles com o informe “consumir preferencialmente antes de“. Um sistema que é utilizado em países como os Estados Unidos.

 

Bater sem dó

Contudo, apesar de ter sido apenas uma sugestão do setor supermercadista não acatada pelo governo, a oposição “caiu matando” nas redes sociais. Bateu no governo sem dó. As fake news pipocaram alertando para a “intenção do governo de vender alimentos estragados”. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) não perdeu a piada: “a picanha não veio. E se vier, será podre”. Mas a ABRAS explicou que não seriam alimentos estragados, e sim, ”apenas“ com a textura e aparência alterados, não comprometendo o sabor, nem a saúde. Sem comentários… Um desrespeito ao consumidor esta sugestão do setor de supermercados que não deveria nem ter sido colocada ao governo.

 

Palavra equivocada

As fake news disseminaram-se à galope, também, a partir de uma declaração equivocada do ministro Chefe da Casa Civil, Rui Costa, que disse a imprensa que o governo estaria avaliando medidas de intervenção para baixar os preços dos alimentos. Sem demora, o governo começou a apanhar nas redes sociais. O governo estaria avaliando adotar tabelamento, congelamento de preços? Subsídios? Renúncia fiscal? Intervenção estatal na economia? Estas dúvidas alimentaram os debates e indignação nas redes sociais. Porém, desta vez, não foi culpa de fake news da oposição. O ministro realmente falou em “intervenção do governo nos preços“. O erro foi de Rui Costa, que correu para a imprensa esclarecer o mal entendido causado pela escolha de uma palavra infeliz, equivocada. O ministro disse que expressou-se mal e garantiu que não haverá tabelamento, congelamento de preços ou qualquer medida de intervenção estatal na economia que desrespeite as leis de mercado.

 

Safra recorde e queda do dólar

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, completou explicando que há expectativa de redução nos preços dos alimentos neste ano devido à previsão de uma safra recorde. A queda do dólar, que tende a estabilizar-se abaixo de R$ 5,90, (já foram cinco quedas consecutivas), também, deverá influenciar positivamente na redução dos preços ao consumidor. Quanto a medidas do governo que estão sendo avaliadas, ministros em reunião com o presidente Lula debateram um Plano Safra dirigido a produtos da cesta básica, prevendo-se diminuição dos juros aos produtores e mais incentivo à agricultura familiar, a partir de linhas de crédito atrativas e assistência técnica. Ministros, também, falaram em possível redução na alíquota do Imposto de Importação.

 

Apagar de “incêndios”

O governo federal tem passado as últimas semanas, desde o final do ano passado, concentrado em apagar incêndios. Um atrás do outro, desde as sucessivas altas do dólar, as críticas ao plano de corte de gastos apresentado por Haddad… No início de janeiro veio a “crise do Pix“, amplamente explorada pela oposição devido a uma portaria da Receita Federal que determinava o monitoramento de movimentações a partir de R$ 5 mil. Não adiantou o governo dizer e repetir que o Pix não seria taxado. A oposição explorou o medo de que tal monitoramento poderia implicar uma maior fiscalização com fins de ampliar a “malha fina” na cobrança do Imposto de Renda. Um argumento bastante consistente que levou a deixar o governo sem saída a não ser cancelar a portaria da Receita Federal.

 

Sem autorização

Depois da “crise do Pix”, o governo Lula determinou que nenhum ministro poderia anunciar quaisquer medidas antes de passarem pelo seu crivo e do novo secretário da Comunicação, Sidônio Palmeira. Mas o ministro Rui Costa cometeu o deslize de antecipar-se a imprensa utilizando o termo equivocado “intervenção”.

 

Combate à fome

E justamente envolvendo o setor mais sensível a qualquer governo: a economia. A inflação dos alimentos tem estado acima do índice geral do IPCA – Índice de Preços ao Consumidor. O IPCA 2024 fechou em 4,83%. Mas o dos alimentos fechou o ano com uma alta de 7,69%. A carne foi um dos itens que mais encareceu em 2024, com uma alta de 20%. E a prévia de janeiro não é nada animadora. Enquanto o IPCA apontou uma alta de 0,11%, considerando-se só a inflação dos alimentos, houve um crescimento de 1,06%. O cenário é preocupante. O combate à fome, a garantia de segurança alimentar a todos, sempre foi o carro-chefe de todas as campanhas e governos do PT. E não há dúvidas que pode comprometer a reeleição do presidente Lula.

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