Leite materno: cuidado essencial em situação de emergência

Leite materno: cuidado essencial em situação de emergência

Leite materno
Em situações de catástrofe, o UNICEF incentiva o aleitamento materno e orienta sobre alimentação na primeira infância

O alimento mais completo que existe para bebês é também o mais indicado em situações de calamidade e desastres naturais como o que assolou o Rio Grande do Sul nos últimos meses. O leite materno continua sendo o melhor e mais completo alimento a ser oferecido exclusivamente para bebês de até seis meses, e de forma complementar para crianças de até dois anos.

Os benefícios do aleitamento materno vão além da nutrição e devem ser mantidos e priorizados quando houver escassez ou dificuldade de acesso a outros alimentos. O Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, por meio da Política de Saúde da Criança, promove ações de incentivo e apoio à amamentação.

A oficial de Saúde e Nutrição do UNICEF, Stephanie Amaral, ressalta os benefícios.

“Em contextos de emergência, a amamentação é onde a gente vai trazer não só um alimento nutritivo, mas também vai trazer a hidratação para aquele bebê, a gente vai trazer um alimento que é seguro, que não está sujeito a contaminação de água, entre outras questões que podem ocorrer nesses contextos”, explica.

 

Aumento da imunidade e apoio emocional 

Em contextos de desastres, quando as pessoas saem de suas casas, perdem a autonomia, vivem em coletividade e mudam suas rotinas, a questão emocional não pode ser negligenciada. A amamentação oferece não apenas proteção nutricional, mas todo um aparato que inclui produção de anticorpos que fortalecem o sistema imunológico e que ajudam na prevenção das doenças — como diarreias, infecções respiratórias e alergias. 

“Esse contato fortalece o vínculo entre mãe e bebê, o que, num período de emergência, não só ajuda a criança emocionalmente, como também costuma ajudar a mãe emocionalmente. Trata-se de um momento de conexão, alívio e de saída daquela emergência toda”, complementa Stephanie Amaral. 

Apesar disso, o UNICEF reforça que a amamentação cruzada — que é quando uma mãe amamenta outra criança que não seja a dela — seja evitada. A prática não é recomendada por causa do risco de transmissão de doenças para a criança. 

 

Uso de mamadeiras, fórmulas e chupetas 

A dificuldade de lavar e higienizar mamadeiras e chupetas de forma correta — comum em emergências e catástrofes — aumenta o risco de doenças e contaminações. Por isso, o uso de utensílios como mamadeiras e chupetas não é recomendado. 

“A utilização da água se torna algo que pode veicular doenças. E mesmo usando uma água que seja potável para preparação da fórmula, é possível que os utensílios tenham sido lavados com uma água imprópria ou mesmo que haja alguma dificuldade em se lavar esses objetos. É muito mais arriscado — com o uso desses utensílios — de se expor a criança ao risco de contaminação e doenças como diarreia e vômito”. Por isso, complementa, a oficial do Unicef, que  o uso desses objetos não é recomendado.   

Em vez de utensílios como mamadeira, a recomendação é que a oferta de alimentos líquidos como leite e água seja feita em copos rígidos. Na falta de água potável para a higienização correta e segura desses utensílios, é recomendado que se use os descartáveis — que deverão ser utilizados apenas uma vez e desprezados em seguida.

 

Introdução alimentar

Situações de moradia compartilhada — onde a alimentação é oferecida de forma coletiva e  sem que a população tenha acesso a todos os nutrientes que precisa — muitas vezes não atendem às necessidades da criança. 

É que na introdução alimentar — que acontece por volta dos seis meses de vida — o ideal é que a comida oferecida ao bebê seja amassada — nunca batida ou peneirada. A mastigação estimula o desenvolvimento da face e dos ossos da cabeça, favorecendo o desenvolvimento infantil. Quanto ao valor nutricional, alimentos naturais e minimamente processados, como frutas e verduras devem ser privilegiados. 

Comida processada, como biscoitos, doces e bebidas açucaradas são pobres em nutrientes e podem conter muito sal, gordura e açúcar, além de aditivos, como adoçantes, corantes e conservantes. Por isso devem ser evitados em todas as fases da vida, mas na infância, essa restrição é ainda mais importante. 

Em situações de calamidades, oferecer alimentos crus à criança deve ser evitado. Para evitar qualquer tipo de contaminação, vegetais e legumes devem ser cozidos. O cardápio deve buscar privilegiar a comida variada e in natura — frutas, legumes, verduras, arroz e feijão, carnes — “são alimentos que trazem os nutrientes necessários para a criança crescer e se desenvolver”, complementa a oficial de nutrição.  

Pixel Brasil 61

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