quinta-feira, 19 de setembro de 2024
Propostas sobre segurança pública devem ganhar atenção após mais uma morte dentro do transporte público

Vanessa Martins de Souza

Jornalista responsável dos jornais do Grupo Paraná Comunicação (A Gazeta Cidade de Pinhais, A Gazeta Região Metropolitana, Agenda Local e Jardim das Américas Notícias)

Propostas sobre segurança pública devem ganhar atenção após mais uma morte dentro do transporte público

Em menos de dois meses, lamentavelmente, Curitiba destaca-se na imprensa nacional pela criminalidade dentro do transporte público. No dia 8, quinta-feira, início da tarde, mais um assassinato ocorreu dentro de um ônibus que faz o transporte público na capital. Uma tentativa de assalto para levar o celular do passageiro Matheus João de Castro Santana, estudante de 20 anos, terminou com a morte, a facadas, da vítima. O crime aconteceu na linha do biarticulado Pinhais-Rui Barbosa, na Avenida Presidente Affonso Camargo, nas proximidades do Hospital Cajuru. O criminoso fugiu em direção a Rodoferroviária de Curitiba e, até o fechamento desta edição, estava sendo procurado pela Polícia Militar.

 

Ataques homofóbicos

É muito triste e preocupante verificar que já é o segundo caso de assassinato dentro do transporte público de Curitiba em menos de dois meses. No último dia 16 de junho, outra morte, também, a facadas, aconteceu dentro da linha do ônibus biarticulado Santa Cândida-Capão Raso. Neste episódio, a motivação foi envolvimento em uma discussão desencadeada por ataques homofóbicos a um casal homoafetivo. A vítima, Oziel Branques dos Santos, de 40 anos, teria entrado em defesa do casal homoafetivo e terminou por ser esfaqueada pelo criminoso, Vagner do Prado, que já tinha antecedentes criminais e estava em companhia do sobrinho de dezessete anos. A PM conseguiu capturar os dois logo após o crime.

 

Usuários com medo

Casos como esses deixam os usuários de transporte público muito apreensivos. A escalada da violência urbana em Curitiba tem chegado ao ponto de não somente mais despertar medo de batedores de carteira dentro do transporte público mas, também, do risco de ser esfaqueado ou golpeado a tiros por armas de fogo. É urgente que as autoridades públicas adotem providências para melhorar a segurança dentro do transporte público e nos pontos de ônibus. A presença de câmeras de vigilância não tem sido suficiente para inibir os criminosos. Certamente, são eficazes para a identificação dos criminosos e circunstâncias do crime, mas, não intimidam a ação. Ou seja, não exercem efeito preventivo.

 

Debate sobre segurança pública

Às portas do início da campanha eleitoral para as eleições municipais, a ocorrência de mais este crime inadmissível dentro do transporte público de Curitiba, a outrora “cidade-modelo”, deve motivar um debate aprofundado sobre a segurança pública na cidade. Assim como sobre a qualidade do transporte público – que já foi considerado o melhor do país, servindo de referência a outras capitais e municípios, destacando-se a nível internacional pela modernidade, inovação e eficiência. Atualmente, o transporte público na capital tem deixado a desejar, em especial, quanto ao valor da tarifa e a segurança pública.

 

Candidatos e prerrogativas

Segurança Pública é uma área bastante complexa, cuja prerrogativa é do Governo do Estado, basicamente, a partir da Polícia Militar e da Polícia Civil. Mas isso não significa que os municípios possam deixar de priorizar investimentos e estratégias para o combate a criminalidade, principalmente, em grandes cidades como Curitiba. Ações integradas com o Governo do Estado, uma parceria bem articulada entre as polícias e a Guarda Municipal, devem ser foco dos governantes.

 

Políticas do Governo Federal

E não se pode deixar de considerar, ainda, as políticas públicas do Governo Federal, e as leis que estão sendo aprovadas em Brasília… Todo esse conjunto de ações e medidas nas esferas de poder em Brasília, e no Poder Judiciário, também, repercutem na segurança pública nas cidades.

 

Propostas dos candidatos

Não se trata de responsabilizar apenas um prefeito, um governador, mas, por outro lado, nesta campanha eleitoral, o tema deve ser debatido em profundidade pelos candidatos. O que um prefeito pode fazer para melhorar a segurança pública da cidade, dentro de suas limitações e prerrogativas de poder? Essa é uma questão que merece ser muito bem colocada pelos nove candidatos a prefeito de Curitiba e, também, pelas dezenas de candidatos a vereador que teremos. Afinal, o Poder Legislativo, também, pode e deve cumprir seu papel em relação a segurança pública. O curitibano precisa de vereadores atuantes na comunidade, nos bairros, que defendam bandeiras que realmente façam a diferença no dia-a-dia das pessoas, dos trabalhadores, dos estudantes, das famílias.

 

Eleitor deve cobrar

É muito triste verificar que mais um cidadão honesto, estudante e trabalhador, perdeu a vida por conta de um marginal, provavelmente, um “noiado” que queria levar seu celular. Matheus tinha 20 anos. Um rapaz que estudava enfermagem e trabalhava com telemarketing. Em entrevista, o pai disse que ele trabalhava desde os quatorze anos. E perdeu a vida pela ação de, provavelmente, outro jovem. Mas, este, um jovem que, possivelmente, optou pelo mundo das drogas e consequentemente do crime. O cidadão que busca fazer sua parte na sociedade, estudando e trabalhando honestamente, não pode se calar e aceitar mais, este cenário de insegurança e criminalidade desenfreada. As medidas em segurança pública devem focar em ações preventivas, também. Pois, depois que uma vida é perdida, não há eficiência das polícias ou da Justiça ao prender e punir, que traga as vítimas de volta.

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