Equilibrar trabalho e cuidado com os filhos é uma tarefa desafiadora para muitas profissionais. Muitas vezes, essa jornada resulta em sobrecarga de responsabilidades, tendo como consequência não apenas o cansaço físico, mas também o estresse emocional. O conflito entre horários de trabalho e obrigações familiares, como compromissos escolares, consultas médicas e outras necessidades dos filhos, é um desafio diário para as profissionais, e a falta de apoio e de recursos adequados agrava ainda mais o cenário, tornando o equilíbrio entre carreira e vida familiar uma tarefa árdua.
Uma pesquisa realizada recentemente pela Ticket revelou a dimensão desse desafio. De acordo com o levantamento, 48% das mães entrevistadas estão sobrecarregadas nos cuidados com os filhos, enquanto apenas 20% dos pais relatam a mesma sensação. Esses números evidenciam não apenas as diferenças nas responsabilidades parentais, mas também a desigualdade de gênero que persiste em muitos ambientes familiares e profissionais.
Além disso, a pesquisa revelou que as mães dedicam muito mais tempo aos cuidados com os filhos em comparação com os pais. Enquanto 29% das mulheres investem mais de oito horas por dia nas responsabilidades com a família, apenas 20% dos homens que são pais fazem o mesmo. Essa disparidade não é apenas uma questão de tempo investido, mas também de distribuição desigual das responsabilidades familiares. Outro aspecto a ser considerado é a falta de suporte para as mães. A pesquisa mostrou que 48% das respondentes são mães solo, enquanto 36%, apesar de casadas, são as principais responsáveis pelos cuidados com os filhos.
Esse desequilíbrio nas funções familiares inevitavelmente impacta nas relações das mulheres com o trabalho. As limitações enfrentadas pelas profissionais são agravadas pela pressão social para atender às expectativas de serem mães “perfeitas” e profissionais bem-sucedidas. Essa pressão pode gerar sentimento de culpa e estresse, tornando ainda mais desafiador manter o equilíbrio emocional.
Diante desse cenário, é necessário que haja mudanças estruturais nas empresas para apoiar as mães em sua jornada, para que possam equilibrar carreira e maternidade. Isso inclui políticas de licença maternidade e paternidade adequadas e flexibilização de horários. Além disso, é importante disponibilizar apoio à saúde mental das colaboradoras, com acesso ilimitado a sessões de terapia, por exemplo.
É fundamental promover uma cultura organizacional que valorize e apoie as mulheres que são mães, reconhecendo as contribuições únicas que elas trazem para o ambiente de trabalho. A busca pelo equilíbrio entre carreira e maternidade não deve ser uma batalha solitária. É hora de todos reconhecerem e valorizarem o papel fundamental das mães não apenas na criação de suas famílias, mas também na construção de uma sociedade mais justa e equitativa.
Tatiana Romero é diretora de recursos humanos da Ticket. É formada em Administração de Negócios pela Universidade Paulista, pós-graduada tanto em Consultoria Interna de RH quanto em RH no geral, e tem MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Instituto de Administração (FIA).