O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, defendeu no dia 14, terça-feira, um transporte coletivo sustentável e integrado com a região metropolitana como uma das soluções para o futuro das cidades. Acompanhado pelo vice-prefeito, Eduardo Pimentel, Greca abriu pela manhã o Seminário Regional sobre Mobilidade Sustentável: Eletromobilidade e Transporte Público, promovido pelo Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID) e que vai até esta quarta-feira (15/5), no Salão de Atos do Parque Barigui.
“Estamos vendo no Rio Grande do Sul como a injustiça climática fere com armas apocalípticas a humanidade, como sempre atingindo os mais pobres. Os que negam o aquecimento global geralmente são os que estão confortáveis no ar-condicionado. Precisamos massa crítica dos governos para criar soluções que utilizem energia limpa e que tragam sustentabilidade para os municípios. A eletromobilidade no transporte coletivo é uma delas”, disse.
A uma plateia formada por técnicos, especialistas e investidores da América Latina e do Caribe, Greca deu panorama das soluções implantadas em Curitiba que deram à ela o título de Cidade Mais Inteligente do Mundo e que a colocaram na vanguarda da sustentabilidade mundial.
“O teto do Palácio 29 de Março, sede da nossa Prefeitura, é solar, assim como a cobertura de três terminais de transporte coletivo. Além disso, temos nossa Pirâmide Solar no Bairro Novo da Caximba, com 8,6 mil painéis fotovoltaicos e que foi uma forma de transformarmos um passivo ambiental antigo em serviço para toda a população. Ontem inauguramos a primeira estação do transporte Prisma Solar, também com painéis fotovoltaicos para geração de energia. No transporte coletivo, queremos que 33% da nossa frota de ônibus seja zero emissões até 2030, percentual que deve chegar a 100% até 2050”, elencou ele.
No transporte coletivo, Curitiba avança no projeto de transição para eletromobilidade. Até agosto devem começar a operar os primeiros seis ônibus elétricos, na linha Interbairros I. Outros 54 devem entrar em operação no próximo ano nas linhas Inter 2 e Interbairros II, fruto de um investimento de R$ 380 milhões, por meio do PAC, que vai contemplar tanto a compra dos ônibus quanto a infraestrutura de recarga dos veículos.
Modelo de negócios
O Seminário sobre Mobilidade Sustentável, que reúne 135 pessoas da América Latina e do Caribe, tem como objetivo discutir a eletromobilidade na região dentro da perspectiva de modelos de negócios, infraestrutura de recarga, melhores práticas e investimentos.
“É sabido que o setor de transporte é responsável por 40% das emissões de gases de efeito estufa. As cidades precisam ser mais resilientes às mudanças climáticas, descobrir formas para mitigar o problema. Para isso, no setor de transporte é preciso uma organização, complexa, que une política pública, mecanismos regulatórios, capacidade institucional e ainda alianças multisetoriais”, ressaltou a chefe da divisão do transporte do BID, Ana María Pinto.
Denis Andia, secretário nacional de mobilidade do Ministério das Cidades, ressaltou que um dos principais desafios para as cidades é estruturar um projeto de transição da atual matriz de transporte para uma pauta não poluente. “Temos buscado uma agenda sólida e clara para o desenvolvimento do transporte público no Brasil. Semana passada concluímos uma etapa com o anúncio do financiamento do PAC para compra de frota, inclusive elétrica, para os municípios. Curitiba vem se destacando em projetos de mobilidade elétrica e sustentabilidade”, afirmou.
Integração
Segundo Greca, o futuro do transporte coletivo é elétrico e integrado com a região metropolitana. “Não podemos tratar de Curitiba e região metropolitana de maneira separada. Precisamos de uma agência estadual de transportes, porque para a população, na hora de se deslocar, não existem mais estas divisas”, defendeu.
Para Luciana Costa, diretora de infraestrutura, transição energética e mudança climática do BNDES, a eletrificação da frota não apenas elimina a emissão de gases do efeito estufa, mas também evita a propagação de material particulado, que tem impacto grande nos quadros de doenças respiratórias, e não gera poluição sonora. “Ele traz conforto para o cidadão e, do ponto de vista econômico, embora tenha um custo inicial maior, traz uma economia em relação ao diesel no longo prazo, com menor custo por quilômetro rodado e de manutenção. Trata-se de uma escolha inteligente pelos municípios”, disse.
Luciana lembra que o novo modelo de concessão do transporte coletivo de Curitiba, que vem sendo formatado pelo BNDES e já contempla a eletrificação da frota, deve servir de modelo para País em termos de equilíbrio e estabilidade jurídica. “O que a Prefeitura de Curitiba vem fazendo é exemplar”, finalizou.
O evento contou ainda com a participação do governador em exercício, Darci Piana; do secretário do Governo Municipal e presidente do Ippuc, Luiz Fernando Jamur; do presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto; da assessora de investimentos do Ippuc, Ana Jayme; do presidente da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), José Lupion Neto; e da secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza Dias.